sábado, 26 de julho de 2014

SOCIOLOGIA: PENSAMENTO SOCIAL DE MORUS E MAQUIAVEL

SOCIOLOGIA:
9° ANO: TURMAS A,B,C, e D.
COLÉGIO IBITURUNA

"A UTOPIA" (THOMAS MORUS)
Utopia é uma palavra frequentemente usada em português e em outras línguas para designar uma sociedade ideal, embora de existência impossível, ou uma ideia generosa, porém, impraticável. Enfim, uma quimera ou fantasia. Muita gente sabe que esse termo designa também a obra escrita por Thomas More ou Tomas Morus (1478-1535), onde o pensador e estadista inglês imagina uma sociedade perfeita.

No entanto, pouca gente leu ou conhece a obra de More - que é também um santo da Igreja católica - a que faz referência ao usar o seu título como vocábulo. Vale a pena começar analisando o próprio nome da obra, que se origina do grego: "u" é um advébio de negação e "tópos" significa lugar. "Não lugar", portanto, ou lugar inexistente, é o modo irônico com que o pensador batizou sua sociedade perfeita.

Tradição platônica: A ideia de Morus de criar uma sociedade imaginária vem de uma tradição que remonta a Platão (427-347 a.C) na obra "A República". 

A "Utopia", de More, divide-se em dois livros: o primeiro, de caráter negativo faz a crítica à Inglaterra da época em que o autor vivia; o segundo, em contraponto, apresenta uma sociedade que lhe é alternativa. Em ambos os livros, Rafael Hitlodeu - personagem que é o "alter-ego" de More - narra sua viagem a Utopia e descreve a sociedade que viu.

Como se disse, a primeira parte é de crítica a uma Inglaterra em que os camponeses estão sendo expulsos do campo para as cidades, onde há bandos de ladrões e uma justiça cega, porém cruel, a realeza ávida de riquezas e sempre pronta para a guerra, sem falar nas perseguições religiosas. Essas regras são invertidas na República de Utopia.

Tolerância e paz: No âmbito religioso, por exemplo, não se pode prejudicar ninguém em nome da religião. A intolerância e o fanatismo são punidos com o exílio e a servidão. O povo pode escolher suas crenças e vários cultos coexistem em harmonia ecumênica.

Da mesma maneira, More/Hitlodeu descrevem os benefícios da paz e os horrores da guerra - numa crítica direta às guerras travadas por Henrique 8º por ganânica ou por paixão pela glória militar. Nesse sentido, mostra-se como o interesse da comunidade é sacrificado pela paixão dos príncipes pela guerra, que só enriquecerá os nobres e os novos proprietários (burguesia).

Enquanto isso, o povo, cada vez mais oprimido pelo trabalho incessante, precisa manter o exército, a corte e uma multidão de ociosos. A sede de dinheiro dos reis, dos nobres e dos grandes burgueses cria a miséria da maioria, alarga cada vez mais o abismo entre as classes sociais, transforma os juízes em carrascos e as penas em castigos pavorosos.

Em Utopia, naturalmente, nada disso existe, ou melhor, existe o contrário disso, numa República em que o Parlamento zela pelo bem do povo, o qual descobre que a propriedade individual e o dinheiro são incompatíveis com a felicidade.

Utopias contemporâneas: A ideia de uma sociedade igualitária subjacente à obra de Morus inspirou os socialistas do século 19, como Pierre Proudhom (1809-1865), Charles Fourier (1772-1837), Robert Owen (1771-1858) e Saint-Simon (1760-1825), a quem Karl Marx(1818-1883) chamou de "socialistas utópicos", contrapondo-se a eles com a criação de um suposto "socialismo científico".


"O PRÍNCIPE" (NICOLAU MAQUIAVEL)
Quando queremos dizer que alguém é ardiloso, astuto ou pérfido, costumamos dizer que é maquiavélico. O adjetivo não é nada lisonjeiro, mas o responsável por ele é um dos filósofos mais importantes da história da filosofia política. Niccolò Maquiavel(1469-1527) nasceu em Florença, na época do Renascimento.

Como sabemos, o Renascimento foi um período de intensa renovação. Caracterizou-se por um movimento intelectual baseado na recuperação dos valores e modelos daAntiguidade greco-romana, contrapondo-os à tradição medieval ou adaptando-os a ela. O Renascimento referiu-se não apenas às artes plásticas, a arquitetura e as letras, mas também à organização política e econômica da sociedade.

O Príncipe: Durante o período medieval, o poder político era concebido como presente divino. Os teólogos elaboraram suas teorias políticas baseados nas escrituras sagradas e no direito romano. No período do Renascimento, os clássicos gregos e latinos passaram a lastrear o pensamento político. Maquiavel, no entanto, elaborou uma teoria política totalmente inédita, fundamentada na prática e na experiência concreta.

"O Príncipe" sintetiza o pensamento político de Maquiavel. A obra foi escrita durante algumas semanas, em 1513, durante o exílio de Maquiavel, que tinha sido banido de Florença, acusado de conspirar contra o governo. Mas só foi publicada em 1532, cinco anos depois da morte do autor.

Como tinha sido diplomata e homem de estado, Maquiavel conhecia bem os mecanismos e os instrumentos de poder. O que temos em "O Príncipe" é uma análise lúcida e cortante do poder político, visto por dentro e de perto.

Os fins justificam os meios: A Europa passava então por grandes transformações. Uma nova classe social, aburguesia comercial, buscava espaço político junto à nobreza, ao mesmo tempo em que assistia a um movimento de centralização do poder que daria origem aosEstados absolutistas (Portugal, Espanha, França e Inglaterra).

Em "O Príncipe" (palavra que designa todos os governantes), a política não é vista mais através de um fundamento exterior a ela própria (como Deus, a razão ou a natureza), mas sim como uma atividade humana. O que move a política, segundo Maquiavel, é a luta pela conquista e pela manutenção do poder.

A primeira leitura que se fez dos escritos de Maquiavel tomou o livro como um manual de conselhos práticos aos governantes. A premissa de que "os fins justificam os meios" (frase que não é de Maquiavel, no entanto) passou a nortear a compreensão da obra. Daí a reputação de maquiavélico dada ao governante sem escrúpulos.

Virtú X Fortuna: Durante muito tempo pensou-se Maquiavel de uma forma errada, como um autor que prega o despotismo e uma política imoral em que vale de tudo para atingir determinado fim (a famosa “Os fins justificam os meios”). Tentarei elucidar essa questão através de dois conceitos chaves da análise maquiaveliana ( não maquiavélica): Virtú e Fortuna.

Esses dois conceitos inauguram um novo momento da filosofia política, a partir deles começa-se a pensar política de forma política, ao contrário de antes que se abordava o tema a partir de análises religiosas ou morais.

Fortuna diz respeito às circunstâncias, ao tempo presente e as necessidades do mesmo, a sorte da pessoa. É a ordem das coisas em todas as dimensões da realidade que influenciam a política, é externa ao homem e desafia suas capacidades.

Virtú ( traduzindo do Latim para o Português: Virtude, porém é melhor usar Virtú, para não confundir com a virtude moral) é justamente a capacidade do indivíduo (político) de controle das ocasiões e acontecimentos, ou seja, da fortuna. O político com grande Virtú vê justamente na Fortuna a possibilidade da construção de uma estratégia para controlá-la e alcançar determinada finalidade, agindo frente a uma determinada circunstancia, percebendo seus limites e explorando as possibilidades perante os mesmos. A Virtú está sempre analisando a Fortuna e, portanto, não existe em abstrato, não existe uma fórmula, ela varia de acordo com a situação.

Talvez de uma má interpretação desses conceitos que tem origem a visão maquiavélica de Maquiavel. Pois, os fins justificam os meios dentro de uma determinada situação política que sofre influência de outras dimensões como a social, a econômica e a moral e cabe ao político com as suas capacidades de análise e de estratégia achar um meio perante essa conjuntura para realização de um determinado fim. 

Na obra O Príncipe, cap. 25, em que Maquiavel explica esses conceitos, ele fala sobre a crença que há em sua época em um determinismo divino, o desenvolvimento dos mesmos se opõe a esse determinismo como vimos, porém devemos cuidar pois assim como a Fortuna não é determinada e fatalista, mas sim muda de acordo com a conjuntura, a Virtú não o simples livre arbítrio, mas sim a escolha certa na hora certa.


O pensamento político contemporâneo: "O Príncipe" tem um estilo elegante e direto. Suas partes são bem organizadas, tanto na apresentação quanto na distribuição dos temas. O procedimento principal do narrador é comparar experiências históricas com fatos contemporâneos, a fim de analisar as sociedades e a política. Em algumas passagens, o próprio autor se torna personagem das situações que descreve.

Podemos dividir a obra política de Maquiavel em quatro partes: classificação dos Estados; como conquistar e conservar os Estados; análise do papel dos militares e conselhos aos políticos para manutenção do poder. Dizemos que Maquiavel é o fundador do pensamento político contemporâneo, pois foi o primeiro a pintar os fatos "como realmente são" e não mais "como deveriam ser".

Além de "O Príncipe", Maquiavel deixou outras obras, como o "Discurso sobre a Primeira Década de Tito Lívio", "A Arte da Guerra" e "Histórias Florentinas". Deixou também uma peça de teatro, "A Mandrágora", que se tornou um clássico do repertório teatral de todos os tempos.

Fonte: http://educacao.uol.com.br/
http://cienciassociaisefilosofia.blogspot.com.br/2007/10/maquiavel-virt-x-fortuna.html

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