domingo, 21 de setembro de 2014

SOCIOLOGIA: CIDADANIA E DEMOCRACIA

2° ANO - Turmas A e B (Ensino Médio) 
Ibituruna TOP (Pré-Vestibular)
COLÉGIO IBITURUNA

CIDADANIA E DEMOCRACIA

O que é cidadania?

 Ser cidadão é respeitar e participar das decisões da sociedade para melhorar suas vidas e a de outras pessoas. Deve ser divulgada através de instituições de ensino e meios de comunicação para o bem estar e desenvolvimento da nação. A cidadania consiste desde o gesto de não jogar papel na rua, não pichar os muros, respeitar os sinais e placas, entre outros.



Como surgiu a cidadania?A palavra democracia tem sua origem na Grécia Antiga (demo=povo e kracia=governo). Este sistema de governo foi desenvolvido em Atenas (uma das principais cidades da Grécia Antiga). Embora tenha sido o berço da democracia, nem todos podiam participar nesta cidade. Mulheres, estrangeiros, escravos e crianças não participavam das decisões políticas da cidade. Portanto, esta forma antiga de democracia era bem limitada.



 Na Idade Média (séc. V até XV d.C.): 

Surgiram na Europa, os feudos (ou fortalezas particulares), com isso a ideia de cidadania acaba, pois os proprietários dos feudos passaram a exercer rígido controle social, e os servos que habitavam os feudos não podiam participar de nada.

 Após a Idade Média os feudos se decompõem, formando novas cidades e depois países.


 Entra a 3ª era (Idade Moderna – séc. XV ao XVIII d.C): 
Com o tempo, os reis começaram a prejudicar o progresso da burguesia. Para acabar com o Absolutismo foram realizadas grandes revoluções burguesas que tinham por objetivo tirar o rei do poder: Revolução Industrial; Iluminismo (Revolução industrial); Revolução Francesa.

 Com o fim do Absolutismo, entra a Idade Contemporânea (séc. XVIII até os dias de hoje), surgindo um novo tipo de Estado, o Estado de Direito, que é uma grande característica do modelo atual. A principal característica do Estado de Direito é: "Todos tem direitos iguais perante a constituição", percebendo assim, uma grande mudança no conceito de cidadania.

 A burguesia precisava do povo e o convencida de que todos estavam contra o Rei e lutando pela igualdade, surgindo assim, as primeiras constituições (Estado constituído a serviço da Burguesia). Acontece a grande contradição: Cidadania X Capitalismo.

 Começaram a ocorrer greves contra os capitalistas por parte dos trabalhadores, que visavam uma vida melhor e sem exploração no trabalho.

Da função de político, o homem passa para a função de consumidor, o que é alimentado de forma acentuada pela mídia. O homem que consome satisfaz as necessidades que outros impõem como necessárias para sua sobrevivência. Ideia de consumo. Para mudar essas idéias, as pessoas devem criar seus próprios conceitos e a escola aparece como um fator fundamental.

Cidadania no Brasil
 Os direitos do homem e do cidadão e a cidadania são históricos, resultam das relações e dos conflitos sociais em determinados momentos da história de um povo.

 Deste modo, ao estudar o processo de formação da cidadania no Brasil temos de recuar ao nosso passado histórico para então voltar ao presente acompanhando as relações, os conflitos, os interesses e os grupos sociais que foram construindo a cidadania brasileira tal como a vivemos hoje.

 Seguindo esse caminho, logo veremos que não se pode tomar a história, principalmente da Europa e dos EUA, como um modelo a partir do qual a nossa história pode ser explicada. Afinal, uma investigação desse tipo tem o grave inconveniente de impedir uma interpretação das características particulares do processo de formação da cidadania brasileira.

A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão
 Art.1.º Os homens nascem e são livres e iguais em direitos. As destinações sociais só podem fundamentar-se na utilidade comum.
 Art. 2.º A finalidade de toda associação política é a conservação dos direitos naturais e imprescritíveis do homem. Esses direitos são a liberdade, a propriedade, a segurança e a resistência à opressão.
 Art. 3.º O princípio de toda a soberania reside, essencialmente, na nação. Nenhum corpo, nenhum indivíduo pode exercer autoridade que dela não emane expressamente.
 Art. 4.º A liberdade consiste em poder fazer tudo que não prejudique o próximo: assim, o exercício dos direitos naturais de cada homem não tem por limites senão aqueles que asseguram aos outros membros da sociedade o gozo dos mesmos direitos. Estes limites apenas podem ser determinados pela lei.

Compreensão histórica da cidadania no Brasil
 No Brasil, a construção da cidadania e a afirmação dos direitos do homem e do cidadão têm percorrido caminhos difíceis e bastante tortuosos.

 Diferente de alguns países, a construção do Estado, entre nós, foi orientada para a manutenção de relações que beneficiaram as elites políticas, econômicas e sociais. Em vez de lutas contra privilégios que instaurassem o regime dos direitos, tivemos arranjos políticos que preservaram privilégios de poucos.

 Dessa forma, a troca de favores e os laços pautados em vínculos pessoais se reproduzem com muita força na vida social brasileira. Essas relações dificultam a consolidação de uma sociedade civil organizada e atuante, que luta pela construção das relações de direitos comuns a todos, independente dos grupos aos quais as pessoas pertencem.

 Além de definir o favor como a relação central com a sociedade, o Estado brasileiro, por séculos, teve uma ação repressiva, por vezes de extrema violência, sobre os movimentos sociais, o que impediu a construção de uma sociedade civil mais organizada e atuante nas causas públicas.

 Assim, a desmobilização da sociedade civil brasileira não é um traço do caráter do brasileiro. Sobretudo, é um resultado histórico de uma ação política que impediu a organização da sociedade, silenciou grupos discordantes e definiu o favor e o corporativismo como a principal relação entre o Estado e a sociedade.

Para Émile Durkheim: Quando se refere aos sistemas eleitorais, critica os aspectos numéricos do que se entende por democracia. “Se nos ativermos às considerações numéricas, será preciso dizer que nunca houve democracia": 
Ex. :as eleições de 1893 na França, declara que havia no país 38 milhões de habitantes. Tirando as mulheres, crianças e todos que eram impedidos de votar por alguma razão, apenas 10 milhões eram eleitores. Desses 10 milhões apenas 7 milhões foram votar.

Alguns critérios para haver democracia num país:
 Eleições competitivas, livres e limpas para o Legislativo e o Executivo;
 Direito de voto, que deve ser extensivo à maioria da população adulta, ou seja, cidadania abrangente no processo de escolha dos candidatos;
 Proteção e garantia das liberdades civis e dos direitos políticos mediante instituições sólidas, isto é, liberdade de expressão, liberdade de imprensa.
 Controle efetivo das instituições legais e de segurança e repressão.

Democracia no Brasil
 No Brasil, as pessoas podem escolher seus representantes (vereadores, deputados, senadores, prefeitos, governadores e presidente) através do voto nas eleições. Existe liberdade de expressão e os direitos de manifestação são garantidos pela Constituição Brasileira.

Direitos civis, políticos e sociais
- Os direitos civis são os direitos fundamentais à vida, à liberdade, à propriedade privada e à igualdade perante a lei. É o direito de ir e vir e de liberdade de expressão e pensamento. O direito de não ter sua casa e seus bens violados e o de ser julgado e encarcerado apenas pela autoridade civil estabelecida pela lei vigente e após processo legal.

- Os direitos políticos garantem a participação do cidadão no governo. É o direito de eleger e de ser eleito. Realizar manifestações políticas e mesmo fundar partidos políticos. Os direitos civis não garantem os direitos políticos. Até 1985 vivíamos no Brasil uma ditadura militar, tínhamos direitos civis, mas não havia direito político.

Os direitos sociais: Eles incluem, por exemplo, o direito à educação, à saúde e a um salário justo.

Fonte:
http://www.efetividade.blog.br/
http://pt.slideshare.net/LucasJustino

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

SOCIOLOGIA: CLÁSSICOS - MAX WEBER

1° Ano: Turmas A, B e C (Ensino Médio)
3° Ano: Turmas A e B. (Ensino Médio)
COLÉGIO IBITURUNA

CLÁSSICOS: A SOCIOLOGIA DE MAX WEBER  

As transformações sociais e econômicas do século XVII e XVIII vivenciadas em todo o continente europeu influenciaram as preocupações intelectuais de Max Weber. A Alemanha teve o desenvolvimento capitalista e intelectual diferente do restante da Europa, enquanto França e Itália vivenciavam as revoluções burguesas republicanas e industriais a Alemanha permanecia monárquica e agrária. 

As sociedades modernas eram formadas a partir de uma profunda diversidade social, o restante do continente europeu em suas teorias políticas, econômicas e sociais buscava a universalidade através dos nacionalismos, do positivismo em relação ao progresso técnico e científico proporcionado pelo sistema capitalista industrial. Já os alemães apresentavam um amplo interesse pela História particular de cada povo e pela diversidade. O pensamento alemão pode ser sintetizado na associação entre História, esforço interpretativo e facilidade em discernir diversidades. 

Os Idealistas (Historicistas), corrente filosófica de Max Weber, defendem a pesquisa histórica, baseada na coleta de documentos e no esforço interpretativo das fontes. As diferenças sociais em cada território ou de uma nação para outra, apresentam-se como de gênese (origem) e formação, portanto de História, não de estágios de evolução. A perspectiva respeita o caráter particular e específico de cada formação social e histórica. 

Max Weber combina a perspectiva histórica de respeito às particularidades e à Sociologia que ressalta os elementos mais gerais de cada fase do processo. Para ele, a sucessão de fatos não faz sentido por si só, os dados são esparsos e fragmentados. Propõe então o Método Compreensivo que é o esforço interpretativo do passado e sua repercussão no momento presente. Assim, o conhecimento histórico é formado a partir da busca de evidências, onde o método permite ao cientista dar sentido social e histórico aos fatos separados, desfragmentados.   

AÇÃO SOCIAL: UMA AÇÃO COM SENTIDO: Por Ação Social entende-se a conduta humana (ato, omissão, permissão) dotada de sentido, ou seja, de uma justificativa elaborada subjetivamente, isto é, um significado subjetivo dado de forma racional ou irracional por quem o executa, o qual orienta seu próprio comportamento, tendo em vista a ação – passada, presente ou futura – de outro ou outros. 

O indivíduo é o agente social que dá sentido à sua ação, o sentido é compreendido através da análise do MOTIVO que leva a pessoa à ação, mas seus efeitos muitas vezes escapam ao controle e previsão do agente. É pelo motivo que se desvenda o sentido da ação e a motivação é formulada expressamente pelo agente ou está implícito em sua conduta.  
O motivo da ação pode ser de três tipos: 
I - Dado pela tradição 
II - Dado por interesses racionais 
III - Dado pela emotividade  

Então, tem sentido social toda ação que leva em conta a resposta ou a reação de outros indivíduos e é a interdependência entre os sentidos das diversas ações que dá o caráter social da ação. A tarefa do cientista é descobrir os possíveis sentidos das ações em todas as suas consequências.  
Ex.: Enviar uma carta – ato composto de uma série de ações sociais com sentido 
1 - Escrever, selar, enviar e receber – ações com uma finalidade objetiva;  
2 - Atores, agentes se relacionam nessa ação com orientação de motivos diversos: enviar a carta, ser o atendente no posto dos correios, o carteiro, o destinatário.  
3 - Essa interdependência entre os diversos motivos que torna a ação social.  

O sentido da ação é produzido pelo indivíduo através dos valores sociais que ele compartilha e do motivo que emprega. Prever todas as consequências da ação escapa ao indivíduo e é papel do cientista, a quem cabe explicar, isto é, captar e interpretar as conexões de sentido inclusas numa ação. 

A conexão entre motivo e ações sociais revela as diversas instâncias da ação social: política, econômica ou religiosa. As ações variam em grau de racionalidade: à medida que se afastam dos costumes e afetos elas são mais racionais.        

  
Max Weber elaborou um quadro de tipos “puros” de ação social:  
Ação Racional Instrumental (com relação a fins): Para atingir um objetivo previamente definido, lança-se mão de meios necessários ou adequados, ambos combinados e avaliados tão claramente quanto possível de seu próprio ponto de vista. É uma ação evidente, chegar ao objetivo pretendido recorrendo aos meios disponíveis. Uma ação econômica, por exemplo, expressa essa tendência e permite uma interpretação racional. Erros e afetos desviam o curso da racionalidade.  

Ação Racional com relação a Valores: Ação que visa um objetivo, mas agindo de acordo com ou a serviço de suas próprias convicções, levando em conta somente a fidelidade a certos valores que inspiram sua conduta. O sentido da ação não está no resultado ou nas consequências, mas na própria conduta. Por exemplo, não se alimentar de carne, orientado por valores éticos, religiosos, políticos e ambientais.  

Ação Irracional Afetiva: A ação é inspirada em suas emoções imediatas sem considerar os meios ou os fins a atingir. Quando a ação é orientada por suas emoções imediatas, como por exemplo, o ciúme, a raiva ou por diversas outras paixões. Esse tipo de ação pode ter resultados não pretendidos, por exemplo, magoar a quem se ama.  

Ação Tradicional: Baseia-se nos hábitos e costumes. Determinadas ações sociais se manifestam com mais frequência que outras, permitindo ao cientista perceber tendências gerais que levam os indivíduos, em dada sociedade, a agir de determinado modo. Interpretar a ação social é observar suas regularidades expressas nos usos, costumes e situações de interesse. Tal é o caso do batismo dos filhos realizado por pais pouco comprometidos com a religião.  

RELAÇÃO SOCIAL 
Ação é diferente de relação social, pois nesta o sentido precisa ser compartilhado. 
Um exemplo de relação social: Sala de aula – estabelece uma relação social onde o objetivo é compartilhado por todos os envolvidos. Relação social é então uma ação social cujo sentido é compartilhado pelas pessoas envolvidas na ação. É a conduta de várias pessoas orientada, dotada de conteúdos significativos, que descansam na probabilidade de que se agirá socialmente de certo modo. Ao envolver-se em uma relação, tem-se por referência certas expectativas da conduta do(s) outro(s). As Relações sociais estão inseridas em e reguladas por expectativas recíprocas quanto ao seu significado, são ações que incluam uma mútua referência. Weber chega à conclusão de que não existe oposição entre indivíduo e sociedade, pois quanto mais racional uma relação mais facilmente ela se traduz em normas e uma norma para se tornar concreta, primeiro se manifesta nos indivíduos como motivação.  

TIPO IDEAL 
Max Weber é um estudioso do próprio processo de pesquisa social, ele observa que ao se estudar um determinado fenômeno, o objeto de estudo, aborda-se apenas um fragmento finito da realidade. O cientista deve compreender uma individualidade sociocultural formada de componentes historicamente agrupados, nem sempre quantificáveis, a partir da análise histórica para explicar o presente e então partir deste para avaliar as perspectivas futuras. 

O que dará a validez científica a uma pesquisa é o método e os conceitos que o estudioso utiliza. Assim, é o instrumento que orienta o cientista social em sua busca de conexões causais, no caso de Weber, o TIPO IDEAL. O tipo ideal é um trabalho teórico indutivo com o objetivo de sintetizar o que é essencial na diversidade social. Permite conceituar fenômenos e formações sociais e identificar e comparar na realidade observada suas manifestações. Os diversos exemplos mantem com o tipo ideal grande semelhança e afinidade. Ele permite comparações e a percepção de semelhanças e diferenças. 

Ele é então um instrumento de análise, um modelo acentuado do que é característico ou fundante no estudo. É uma construção teórica abstrata utilizada pelo cientista ao longo do seu processo de pesquisa.   


A TAREFA DO CIENTISTA: O cientista, como todo indivíduo em ação, age guiado por seus motivos, sua cultura e suas tradições. Isto indica que o cientista parte de sua subjetividade para realizar uma pesquisa social. Como então conciliar a parcialidade, necessária à pesquisa, e a subjetividade? 

As preocupações do cientista orientam a seleção e a relação entre os elementos da realidade a ser analisada. Ao iniciar o estudo vem a busca da objetividade, a neutralidade é buscada para dificultar a defesa das crenças e das ideias pessoais e assim poder analisar o objeto de estudo a partir dos nexos causais que ele apresenta e não daquilo que o estudioso queira encontrar. Cabe ao cientista compreender, buscar os nexos causais que deem o sentido da ação social, isto é, compreender que os acontecimentos começam nos indivíduos. Ao fazer isso, o pesquisador contribui para o conhecimento não do todo social, mas de uma parte dele, pois uma teoria é sempre uma explicação parcial da realidade. Assim, um acontecimento pode ter diversas causas: econômicas, políticas, religiosas e cada uma compõe um conjunto de aspectos da realidade que se manifesta nos atos dos indivíduos. 

O que garante a cientificidade de uma explicação é o método de reflexão e os conceitos escolhidos para guiar a pesquisa, não a objetividade pura dos fatos. Sendo assim, a análise social envolve sempre qualidade, interpretação, subjetividade e compreensão.            

   
A ÉTICA PROTESTANTE E O ESPÍRITO DO CAPITALISMO 
Esse é o título de uma das principais obras de Max Weber, talvez tenha sido aquela que mais que trouxe fama e prestígio. Nela o autor buscava compreender a relação entre o protestantismo e um comportamento típico do capitalismo. Weber foi motivado pela análise de dados estatísticos que evidenciaram a grande participação de protestantes entre os homens de negócio, entre os empregados bem-sucedidos e como mão-de-obra qualificada. A partir daí procurou observar a conexão entre a doutrina e a pregação protestante e seus efeitos no comportamento dos indivíduos. 

A doutrina e as pregações mostraram a presença de valores protestantes tais como: Disciplina, poupança, austeridade, vocação, dever e propensão ao trabalho. Tais valores formaram a partir da Reforma Protestante, no século XVI, uma nova mentalidade, um ethos propício ao desenvolvimento do capitalismo.  

A ação individual de cada protestante, com o motivo relacionado a valores vai além de sua intenção: Virtude e vocação; Renúncia aos prazeres materiais. Sofre impacto diretamente no meio social ao contribuir com as bases que promoveram o desenvolvimento capitalista. Como cientista, Weber procurou estabelecer as conexões entre os motivos e os efeitos da ação no meio social. Percebeu que o Protestantismo possuía afinidade com o racionalismo econômico, enquanto o catolicismo difundia o ascetismo contemplativo, isto é, um conjunto de valores mais para a meditação do que para a ação prática.  

Esse e outros trabalhos de Max Weber situam-se na área da Sociologia da Religião e seu esforço intelectual consistiu em observar na esfera religiosa um conjunto de valores que conduziram à racionalização das condutas dos fiéis. Fenômeno fundamental para a transformação das práticas econômicas e para a constituição da estrutura das sociedades modernas.  

Weber entende que cada religião constitui uma individualidade histórica, rica e complexa. Por isso seu objetivo era compreender as consequências práticas da religiosidade para a conduta social e ao persegui-lo, notou que a religião pode fomentar o racionalismo prático e intensificar a racionalidade metódica, sistemática, do modo exterior de levar a vida.  


TIPOS DE DOMINAÇÃO 
A partir da tipologia das ações sociais Weber formulou sua análise sobre os tipos de dominação  

Conceito de Dominação: a probabilidade de encontrar obediência a uma ordem de determinado conteúdo.  Esse conceito de dominação implica em dominantes (a presença efetiva de alguém mandando) e dominados (vinculado à existência de um quadro administrativo ou de uma associação, onde os seus membros estão submetidos a relações de dominação). Nesse sentido o conceito de poder encontra-se relacionado a probabilidade de impor a própria vontade numa relação social, mesmo encontrando resistências.  

Tipos de dominação: 
Dominação legal - em virtude de estatuto, de uma regulamentação ou de normas. Ex: autoridade dos governantes, presidentes diretores e chefes nas organizações empresariais. Dentre as diversas formas que a dominação legal pode assumir seu tipo mais puro é a dominação burocrática. Dominação burocrática: aquele que emprega um quadro administrativo burocrático. Sua ideia básica é que qualquer direito pode ser criado e modificado mediante um estatuto sancionado corretamente quanto à forma.  Obs.: Nesse tipo de organização burocrática obedece-se não à pessoa, mas a regra instituída, que estabelece, tanto a quem se obedece, como em que medida obedecer. O dever de obediência está graduado hierarquicamente através de cargos, havendo subordinação dos inferiores aos superiores, dispondo de um direito de queixa regulamentado. A base de seu funcionamento é a disciplina do serviço.  

Dominação carismática - em virtude da devoção efetiva à pessoa do senhor e a seus dotes sobrenaturais (carisma) e, particularmente a faculdades mágicas, revelações ou heroísmo, poder intelectual ou de oratória. Ex: profetas, herói guerreiro e grande demagogo, Padre Cícero, Antônio Conselheiro, Getúlio Vargas. 

Dominação tradicional - em virtude da crença na santidade das ordenações e dos poderes senhoriais de há muito existentes. Ex: senhor feudal, senhor de engenho (Brasil), autoridade dos pais sobre os filhos.  

Obs. As relações de dominação são determinadas por diferentes motivações que determinam a vontade ainda que mínima de  obedecer, as motivações podem ser puramente materiais e racionais, afetivos e racionais referentes a valores ou determinados pelo costume e tradição essas motivações estão estreitamente ligados a tipologia de ações sociais. 


VISÃO GERAL: MAX WEBER 
Weber mostrou a fecundidade da análise histórica e da compreensão qualitativa dos processos históricos e sociais e apontou a especificidade das ciências humanas: o homem como um ser diferente das demais espécies e então sujeito a leis de ação e comportamentos próprios. Defendeu o indeterminismo histórico, isto é, reafirmando a não existência de leis preexistentes que regulem o desenvolvimento da sociedade ou a sucessão de tipos de organização social. Contribuiu para a consolidação da Sociologia como ciência ao compor o método compreensivo e discutir a relação entre subjetividade e objetividade do trabalho de pesquisa, posicionando-o como um dos clássicos da Sociologia e um de seus mais proeminentes representantes.   

domingo, 14 de setembro de 2014

SOCIOLOGIA / HISTÓRIA - ILUMINISMO (ILUSTRAÇÃO) E A SOCIEDADE CONTRATUAL

9° Ano: Turmas A, B, C e D (Ensino Fundamental II)
1° Ano: Turmas A, B e C (Ensino Médio)
COLÉGIO IBITURUNA

ILUMINISMO (ILUSTRAÇÃO) E SOCIEDADE CONTRATUAL


Corrente de pensamento, também chamada de Ilustração, dominante no século XVIII, especialmente na França, sua principal característica é creditar à razão a capacidade de explicar racionalmente os fenômenos naturais e sociais e a própria crença religiosa. A razão humana seria então a luz (daí o nome do movimento) capaz de esclarecer qualquer fenômeno. Representa a hegemonia intelectual da visão de mundo da burguesia européia e, assim, rejeita as tradições e ataca as injustiças, a intolerância religiosa e os privilégios típicos do Antigo Regime, abrindo caminho para a Revolução Francesa. Tem início no Renascimento, com a descoberta da razão como chave para o entendimento do mundo, e seu ponto alto no século XVIII, o Século das Luzes, difundido nos clubes, salões literários e nas lojas maçônicas. Fornece o lema principal da Revolução Francesa: "Liberdade, igualdade, fraternidade".

Contexto histórico – O Iluminismo surge em uma época de grandes transformações tecnológicas, com a invenção do tear mecânico, da máquina a vapor, entre outras. É o período que marca o fim da transição entre feudalismo e capitalismo.

Características principais – O iluminismo é deísta, isto é, acredita na presença de Deus na natureza e no homem e no seu entendimento através da razão. É anticlerical, pois nega a necessidade de intermediação da Igreja entre o homem e Deus e prega a separação entre Igreja e Estado. Afirma que as relações sociais, como os fenômenos da natureza, são reguladas por leis naturais.

Visão do homem – Para os teóricos do Iluminismo o homem é naturalmente bom e todos nascem iguais. É corrompido pela sociedade, em conseqüência das injustiças, opressão e escravidão. A solução é transformar a sociedade, garantindo a todos a liberdade de expressão e culto e fornecendo mecanismos de defesa contra o arbítrio e a prepotência.

Organização da sociedade – Deve ser norteada pelo princípio da busca da felicidade. Cabe ao governo garantir os "direitos naturais": liberdade individual, direito de posse, tolerância, igualdade perante a lei. A doutrina do liberalismo político substitui a noção de poder divino pela concepção do Estado como criação do homem e entregue ao soberano mediante um contrato, o contrato social. Como a ideia de contrato implica sua revogabilidade, abre as portas para diversas formas de governo.

VISÃO DOS ILUMINISTAS SOBRE O TRABALHO: “Um dos mandamentos do século XIX, na Europa, era o evangelho do trabalho. Para os ideólogos da classe média, o ideal do trabalho implicava autodisciplina e sentido atento do dever. Até mesmo os mais devotos ousavam modificar a palavra de Deus. As Escrituras haviam considerado o trabalho como castigo severo imposto por Deus a Adão e Eva. Mas para os ideólogos burgueses, o trabalho era prevenção contra o pecado mortal da preguiça. O evangelho do trabalho era quase exclusivamente um ideal burguês. Em geral, os nobres não lhe davam valor. O desprezo aristocrático pelo trabalho era um resquício feudal.” (Adaptado de Peter Gay, O século de Schnitzler. São Paulo: Companhia das Letras, 2002, p. 210-1, 214 e 217-8.)

Formas de governo – Alguns iluministas, como Montesquieu e Voltaire, têm como modelo a monarquia inglesa. Outros, como Rousseau, preferem uma república com fundamentos éticos.

CRÍTICA AO ABSOLUTISMO: “Essencialmente, o absolutismo era apenas isto: um aparelho de dominação feudal alargado e reforçado, destinado a fixar as massas camponesas na sua posição social tradicional (...). Por outras palavras, o Estado absolutista nunca foi um árbitro entre a aristocracia e a burguesia, ainda menos um instrumento da burguesia nascente contra a aristocracia: ele era a nova carapaça política de uma nobreza atemorizada (...).” ANDERSON, Perry, Linhagens do Estado Absolutista. Trad. Porto: Afrontamento, 1984, pp. 16-17.

Precursores dos iluministas – Os principais são René Descartes (1596-1650), matemático e filósofo francês, defensor do método lógico e racional para construir o pensamento científico; e Isaac Newton (1642-1727), cientista inglês, descobridor de várias leis físicas, entre elas a lei da gravidade. Para Newton, a função da ciência é descobrir leis universais e enunciá-las de forma precisa e racional.

Filósofos do Iluminismo – Os principais são John Locke (1632-1704); Voltaire, pseudônimo de François-Marie Arouet (1694-1778); Jean-Jacques Rousseau (1712-1778); Montesquieu, como é conhecido o escritor francês Charles Louis de Secondat, barão de La Brède e de Montesquieu (1689-1755); e Denis Diderot (1713-1784).

John Locke é considerado o "pai do Iluminismo". Representa o individualismo liberal contra o absolutismo monárquico. Para Locke, o homem, ao nascer, não possui qualquer idéia e sua mente é como uma tábula rasa. O conhecimento, em decorrência, é adquirido por meio dos sentidos, base do empirismo, e processado pela razão.

Voltaire critica violentamente a Igreja e a intolerância religiosa e é o símbolo da liberdade de pensamento. Defende uma monarquia que garanta as liberdades individuais, sob o comando de um soberano esclarecido.

Rousseau propõe um Estado governado de acordo com a vontade geral do povo e capaz de oferecer igualdade jurídica a todos os cidadãos. Precursor das idéias socialistas, ao contestar a propriedade privada, e do romantismo, ao afirmar o primado dos sentimentos sobre a razão. Em sua obra mais conhecida, O contrato social, defende um Estado voltado para o bem comum e a vontade geral, estabelecido em bases democráticas. No Discurso sobre a origem da desigualdade entre os homens (1755), outra de suas obras, realça os valores da vida natural e critica o mundo civilizado. Para Rousseau o homem nasce bom e sem vícios – o bom selvagem – mas depois é pervertido pela sociedade civilizada. Defende a pequena burguesia e inspira os ideais da Revolução Francesa. No livro Emílio apresenta seu projeto educacional para manter o homem bom.

Montesquieu prega a separação dos poderes do Estado em Legislativo, Executivo e Judiciário, como forma de proteger as garantias individuais. Diderot, ao lado do físico e filósofo Jean Le Rond d'Alembert (1717-1783), organiza uma enciclopédia que pretende reunir o conhecimento científico e filosófico da época. Por essa razão os iluministas também são conhecidos como "enciclopedistas". Sua publicação sofre violenta campanha contrária da Igreja e de grupos políticos afinados com o clero. Entre 1751 e 1772 são publicados 17 volumes de texto e 11 de pranchas de ilustração. É de inspiração racionalista e materialista, propõe a imediata separação da Igreja do Estado e combate às superstições e às diversas manifestações do pensamento mágico, entre elas as instituições religiosas. Sofre intervenção da censura e condenação papal, mas acaba por exercer grande influência no mundo intelectual e inspira os líderes da Revolução Francesa.

Teorias econômicas – Aplicado à vida social e política, o Iluminismo produz duas correntes de pensamento, a fisiocracia e o liberalismo econômico. Os Fisiocratas são contrários à intervenção do Estado na vida econômica.

Liberalismo econômico – Seu principal inspirador é o economista escocês Adam Smith, considerado o pai da economia política, autor de O ensaio sobre a riqueza das nações, ataca a política mercantilista por ser baseada na intervenção estatal e sustenta a necessidade de uma economia dirigida pelo jogo livre da oferta e da procura de mercado, o laissez-faire. Para Adam Smith, a verdadeira riqueza das nações está no trabalho, que deve ser dirigido pela livre iniciativa dos empreendedores. O liberalismo econômico recebe, posteriormente, a colaboração do sociólogo e economista inglês Thomas Robert Malthus e do economista inglês David Ricardo.

Nos séculos XVII e XVIII, entretanto, a burguesia avança na concepção de uma forma de pensar própria, capaz de transformar o conhecimento não só numa exaltação da vida e dos feitos de seus heróis, mas também num processo que frutificasse em termos de utilidade prática. Afinal, o desenvolvimento industrial se anunciava em toda sua potencialidade; os empreendimentos, quando bem dirigidos, prometiam lucros miraculosos. Portanto, era preciso preparar a sociedade para receber os resultados desse trabalho. Os próprios sábios deveriam se interessar em desenvolver conhecimentos de aplicação prática. A sociedade apresentava necessidades urgentes ao desenvolvimento científico.

Fonte: 
www.meusestudos.com