sábado, 26 de julho de 2014

SOCIOLOGIA: CLÁSSICOS - ÉMILE DURKHEIM

SOCIOLOGIA
1° ANO: TURMAS A,B, e C. (Ensino Médio)

3° ANO: TURMAS A e B. (Ensino Médio)
COLÉGIO IBITURUNA

ÉMILE DURKHEIM E O FATO SOCIAL

Émile Durkheim (1858-1917): um dos primeiros grandes teóricos da sociologia, fundador da “escola sociológica francesa”. Empenhou-se, juntamente com seus colaboradores, em tornar a sociologia um conhecimento autônomo, rigorosamente científico, definindo claramente o seu objeto, a sua metodologia e as suas “aplicações”. (Visão de mundo: positivista, fortemente influenciada pelo organicismo). - Principais obras: Da divisão do trabalho social, As regras do método sociológico, O suicídio, Formas elementares da vida religiosa, Educação e sociologia, Sociologia e filosofia e Lições de sociologia (póstuma). 

Foi com Emile Durkheim (1858-1917) que a Sociologia passou a ser considerada uma ciência e como tal se desenvolveu. Durkheim formulou as primeiras orientações para a Sociologia e demonstrou que os fatos sociais têm características próprias, que os distinguem dos que são estudados pelas outras ciências. Para ele, a Sociologia é o estudo dos fatos sociais. 

FATOS SOCIAIS: Um exemplo simples nos ajuda a entender o conceito de fato social, segundo Durkheim. Se um aluno chegasse à escola vestido com roupa de praia, certamente ficaria numa situação muito desconfortável: os colegas ririam dele, o professor lhe daria uma enorme bronca e provavelmente o diretor o mandaria de volta para pôr uma roupa adequada. Existe um modo de vestir que é comum, que todos seguem. Isso não é estabelecido pelo indivíduo. Quando ele entrou no grupo, já existia tal norma, e, quando ele sair, a norma provavelmente permanecerá. Quer a pessoa goste, quer não, vê-se obrigada a seguir o costume geral. Se não o seguir, sofrerá uma punição. O modo de vestir é um fato social. São fatos sociais também a língua, o sistema monetário, a religião, as leis e uma infinidade de outros fenômenos do mesmo tipo. 

Para Durkheim, os fatos sociais são o modo de pensar, sentir e agir de um grupo social. Embora os fatos sociais sejam exteriores, eles são introjetados pelo indivíduo e exercem sobre ele um poder coercitivo. Resumindo, podemos dizer que os fatos sociais têm as seguintes características: 

Fatos sociais: fenômenos “exteriores” aos indivíduos, que podem ser observados, medidos e interpretados de forma objetiva.  

Características: 
Coercitividade: os fatos sociais exerceriam influência e pressão sobre os indivíduos, para que acatem os valores estabelecidos e as regras da sociedade, mesmo que contrariem a vontade e a escolha individual. Grau de Coerção Social: medido pelas sanções que o indivíduo sofre quando não se submete às regras de convivência social, podendo ser: 
Legais: penalidades previstas na legislação – exemplo: multas por infringir o código de trânsito.
Espontâneas: resultantes de condutas que agridem os valores e normas predominantes – exemplo: as reações de rejeição aos grupos homossexuais e aos negros 
Obs. Educação (formal e informal) – papel destacado no sentido da internalização das regras sociais, que se convertem em hábitos mecânicos (Durkheim não apreende a dimensão questionadora, crítica e transformadora que pode ser assumida pela educação). 

Exterioridade: os fatos sociais exerceriam essa pressão sobre o indivíduo independentemente de sua vontade ou adesão consciente, uma vez que as regras sociais se tornam tradições e são impostas aos indivíduos através da coerção social. A educação seria um desses fortes mecanismos coercitivos - exemplo: o uso do véu pelas mulheres mulçumanas 

Generalidade: os fatos sociais atuam sobre a maioria dos indivíduos de uma determinada sociedade, são coletivos ou comuns a determinados grupos, expressando-se como hábitos, costumes, moral, sentimentos – exemplos: formas de comunicação sociais e profissionais, uso de determinados tipos de roupas em dadas situações, machismo, sentimento de posse entre casais 

A OBJETIVIDADE DO FATO SOCIAL: Uma vez identificados e caracterizados, os fatos sociais, Durkheim procurou definir o método de conhecimento da sociologia. Para ele, como, para os positivistas de maneira geral, a explicação cientifica exige que o pesquisador mantenha certa distância e neutralidade em relação aos fatos resguardando a objetividade de sua análise. Durkheim aconselhava o sociólogo a encarar os fatos sociais como “coisas”, isto é, objetos que lhe são exteriores. 

Além disso é preciso segundo Durkheim, que o sociólogo deixe de lado suas prenoções. Essa postura exige o não envolvimento afetivo ou de qualquer outra espécie entre o cientista e seu objeto. Imbuído dos princípios positivistas, Durkheim queria com esse rigor objetivo, adotar o método que garantia o sucesso das ciências exatas. Durkheim procurava definir a Sociologia como ciência, rompendo as ideias do tempo comum. 

O suicídio, amplamente estudado por Durkheim, constituía-se nesse sentido, em fato social por corresponder a todas essas características: é general, extinto em todas as sociedades; e, embora sendo fortuito e resultando de razões particulares, apresenta em todas elas certa regularidade, recrudesce ou diminui de intensidade em certas condições históricas, expressando assim sua natureza social. 

SOCIEDADE: UM ORGANISMO EM ADAPTAÇÃO 
Para Durkheim, a sociologia tinha por finalidade não só explicar a sociedade como também encontrar soluções para a vida social. A sociedade, como todo organismo, apresentaria estado normal e patológico, isto é, saudáveis e doentios: 

Fato Normal é aquele fato que não extrapola os limites dos acontecimentos gerais de uma determinada sociedade e que reflete os valores e as condutas aceitas pela maior parte da população. A generalidade de um fato social, isto é, sua unanimidade, é garantia de normalidade na medida em que representa o consenso social, a vontade coletiva. 

Fato Patológico é aquele que se encontra fora dos limites permitidos pela ordem social e pela moral vigente. Os fatos patológicos, como as doenças, são considerados transitórios e excepcionais. Quando um fato põe em risco a harmonia, o acordo, o consenso e, portanto, a adaptação e a evolução da sociedade, estão diante de um acontecimento de caráter mórbido e de uma sociedade doente. 

CONSCIÊNCIA COLETIVA Toda a teoria sociológica de Durkheim pretende-se demonstrar que os fatos sociais têm existência própria e independe daquilo que pensa e faz cada indivíduo em particular. Embora todos possuam sua “consciência individual”, seu modo próprio de se comportar e interpretar a vida, pode-se notar, no interior de qualquer grupo ou sociedade, formas padronizadas de conduta e pensamento. Essa constatação está na base do que Durkheim chamou de consciência coletiva. A consciência coletiva é, em certo sentido, a forma moral vigente na sociedade. Ela aparece como um conjunto de regras fortes e estabelecidas que atribuem valor e delimitam os fatos individuais. É a consciência coletiva que define o que, numa sociedade, é considerado “imoral”, “reprovável” ou “criminoso”. 

MORFOLOGIA SOCIAL: AS ESPÉCIES SOCIAIS 
Na obra "De la Division du Travail Social", Durkheim buscou esclarecer que a existência de uma sociedade, bem como a própria coesão social, está baseada no grau de consenso produzido entre os indivíduos. Esse consenso produzido ele chamou de solidariedade. Para Durkheim existem dois tipos de solidariedade: 

Solidariedade mecânica: Para ele a solidariedade mecânica é característica das sociedades ditas "primitivas" ou "arcaicas", ou seja, em agrupamentos humanos de tipo tribal formado por clãs. Nestas sociedades, os indivíduos que a integram compartilham das mesmas noções e valores sociais tanto no que se refere às crenças religiosas como em relação aos interesses materiais necessários a subsistência do grupo. São justamente essa correspondência de valores que irão assegurar a coesão social. 

Solidariedade orgânica: De modo distinto, existe a solidariedade orgânica que é a do tipo que predomina nas sociedades ditas "modernas" ou "complexas" do ponto de vista da maior diferenciação individual e social (o conceito deve ser aplicado às sociedades capitalistas). Além de não compartilharem dos mesmos valores e crenças sociais, os interesses individuais são bastante distintos e a consciência de cada indivíduo é mais acentuada. 

A divisão econômica do trabalho social é mais desenvolvida e complexa e se expressa nas diferentes profissões e variedade das atividades industriais. Durkheim emprega alguns conceitos das ciências naturais, em particular da biologia (muito em uso na época em que ele começou seus estudos sociológicos) com objetivo de fazer uma comparação entre a diferenciação crescente sobre a qual se assenta a solidariedade orgânica. Durkheim concebe as sociedades complexas como grandes organismos vivos, onde os órgãos são diferentes entre si (que neste caso corresponde à divisão do trabalho), mas todos dependem um do outro para o bom funcionamento do ser vivo. A crescente divisão social do trabalho faz aumentar também o grau de interdependência entre os indivíduos. 

Para garantir a coesão social, portanto, onde predomina a solidariedade orgânica, a coesão social não está assentada em crenças e valores sociais, religiosos, na tradição ou nos costumes compartilhados, mas nos códigos e regras de conduta que estabelecem direitos e deveres e se expressam em normas jurídicas: isto é, o Direito. 
Obs. No conceito durkheimiano, o termo solidariedade não tem os significados usuais de fraternidade, ajuda, assistência, filantropia e outros 

SUICÍDIO: O suicídio é, segundo Durkheim, “todo o caso de morte que resulta, direta ou indiretamente, de um ato, positivo ou negativo, executado pela própria vítima, e que ela sabia que deveria produzir esse resultado”. Conforme o sociólogo, cada sociedade está predisposta a fornecer um contingente determinado de mortes voluntárias, e o que interessa à sociologia sobre o suicídio é a análise de todo o processo social, dos fatores sociais que agem não sobre os indivíduos isolados, mas sobre o grupo, sobre o conjunto da sociedade. Cada sociedade possui, a cada momento da sua história, uma atitude definida em relação ao suicídio.

Há três tipos de suicídio, segundo a etimologia de Èmile Durkheim, a saber:
Suicídio Egoísta: é aquele em que o ego individual se afirma demasiadamente face ao ego social, ou seja, há uma individualização desmesurada. As relações entre os indivíduos e a sociedade se afrouxam fazendo com que o indivíduo não veja mais sentido na vida, não tenha mais razão para viver;

Suicídio Altruísta: é aquele no qual o indivíduo sente-se no dever de fazê-lo para se desembaraçar de uma vida insuportável. É aquele em que o ego não o pertence, confunde-se com outra coisa que se situa fora de si mesmo, isto é, em um dos grupos a que o indivíduo pertence. Temos como exemplo os kamikazes japoneses, os muçulmanos que colidiram com o World Trade Center em Nova Iorque, em 2001, etc.;

Suicídio Anômico: é aquele que ocorre em uma situação de anomia social, ou seja, quando há ausência de regras na sociedade, gerando o caos, fazendo com que a normalidade social não seja mantida. Em uma situação de crise econômica, por exemplo, na qual há uma completa desregulação das regras normais da sociedade, certos indivíduos ficam em uma situação inferior a que ocupavam anteriormente. Assim, há uma perda brusca de riquezas e poder, fazendo com que, por isso mesmo, os índices desse tipo de suicídio aumentem. 

Desse modo, ficam especificados os tipos de suicídios e suas causas, que são, segundo Durkheim, sempre sociais.



Fonte: COSTA, CRISTINA. Sociologia: Introdução à Ciência da Sociedade.
http://cafecomsociologia.blogspot.com
www.brasilescola.com

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