domingo, 18 de outubro de 2015

ATUALIDADES: POSSÍVEIS TEMAS DA REDAÇÃO DO ENEM 2015

ATUALIDADES
POSSÍVEIS TEMAS DA REDAÇÃO DO ENEM 2015

3° Ano - Turmas A e B (Ensino Médio)
2° Ano - Turmas A e B (Ensino Médio)
1° Ano - Turmas A, B e C (Ensino Médio)
Colégio Ibituruna
IBITURUNA TOP (Pré-Vestibular)

1- Diálogo entre ciência e sociedade: A ciência realiza novas descobertas frequentemente, fato que possibilita melhorias e desenvolvimento de novas tecnologias. Entretanto, muitas vezes a sociedade não entende o método científico e muitas coisas são confrontadas com paradigmas culturais, morais ou religiosos. Para lidar com isso, é necessário haver comunicação entre o meio científico e a população.

2. Limites entre estética e saúde: Academia, dietas, cirurgias plásticas, anabolizantes etc. É grande a busca pelo corpo perfeito caracterizado por um padrão de beleza. Mas até que ponto a estética coincide com hábitos saudáveis? Conhecem-se muitas doenças causadas por insatisfação corporal como anorexia, bulimia, depressão, compulsão alimentar e obesidade, além de consequências no convívio social como discriminação e baixa autoestima.

3. Novos modelos de educação: Há muitos debates ocorrendo sobre as problemáticas do sistema tradicional de ensino e novos modelos de educação para o século XXI, tendo em pauta os métodos de avaliação, uso de tecnologias, interação professor-aluno, formação crítica e social etc. Um recente documentário realizado no Brasil que ajuda na discussão desse tema é o “Quando sinto que já sei” que pode ser encontrado no Youtube.

4. Dificuldades da formação universitária: A formação universitária no Brasil encontra diversos obstáculos como financeiro (o alto valor das mensalidades em faculdades privadas, custeio de transporte ou residência, materiais didáticos, alimentação), psicológico (escolha de curso, afastamento de familiares e amigos, aumento de responsabilidades, inserção no mercado de trabalho), entre outros. Ao mesmo tempo, o Estado tem criado políticas públicas como Fies, Pronatec, sistemas de cotas, criação de novas universidades etc.

5. Conceito de família no século XXI: O projeto de Lei 6583 de 2013 cria o Estatuto da Família. Nesse texto, família é definida como união entre homem e mulher. A partir disso, muitas discussões têm sido feitas sobre o conceito de família atualmente, com o intuito de refletir sobre famílias formadas por mães ou pais solteiros, avós e tios, casais homossexuais, poligamia etc.

6. Justiça com as próprias mãos: Tema bastante polêmico em 2014 e que pode ser discutido com mais imparcialidade esse ano. O combate à violência através da justiça com as próprias mãos é válido? Definições de justiça, casos de linchamentos, rebeldia com a ordem e segurança públicas são alguns pontos que abordam essa temática.

7. Obsolescência programada: Esse conceito significa a diminuição da vida útil de equipamentos com o intuito de incentivar a compra de novos produtos ou versões atualizadas. Rodeio esse tema a questão do consumismo exacerbado, resíduos eletrônicos, responsabilidade e consciência social do consumidor. Um documentário sobre esse assunto também pode ser encontrado no Youtube e ajuda no entendimento.

8. Trânsito em grandes metrópoles: Grandes cidades têm tido cada vez mais problemas com o trânsito. Muitos pontos podem ser discutidos nessa temática como a preferência dos cidadãos por transporte público ou individual, poluição causada por muitos carros, poluição sonora (buzinas em congestionamento), via exclusiva para ônibus, ciclovias, tempo gasto diariamente entre trabalho e residência, atraso nos horários e superlotação em ônibus, trens e metrôs, greves dos funcionários de transportes públicos, preços das passagens, catraca livre, os aplicativos para contratação de transporte etc.

9. Voluntariado e transformações sociais: O trabalho voluntário no Brasil tem passado por uma transformação. Não se pensa mais no voluntariado como assistencial (doação de roupas, alimentos e agasalhos, por exemplo), mas como uma tentativa de mudança social, através de medidas inclusivas e de impacto. Outro ponto a ser considerado é a valorização que as empresas fazem de candidatos e funcionários que realizam trabalhos voluntários, assim como próprios projetos sociais realizados pelas empresas para contribuição à sociedade ou marketing.

10. Liberdade de expressão e mídia: Tema bastante atual, a liberdade de imprensa tem sido muito discutida, principalmente após o ataque à revista francesa Charlie Hebdo no início desse ano. Pode-se refletir sobre os limites entre liberdade de expressão e respeito às diferenças ou respeito à verdade.

11. Consumo de álcool e droga por adolescentes: Por lei, o consumo de álcool é proibido por adolescentes. Entretanto, é crescente o uso não só de bebidas alcoólicas, mas também de drogas lícitas e/ou ilícitas entre os jovens, como cigarro, maconha, cocaína, LSD etc. As razões e consequências desse ato podem servir como base para a discussão do tema.

12. Limites entre humor e bullying: Os limites do humor é algo que tem chamado bastante atenção atualmente por causa de diversos processos a comediantes do Brasil como Rafinha Bastos, Danilo Gentili etc, e o constante uso de discriminação das minorias para fazer piada. A responsabilidade social do comediante foi discutida no excelente documentário de Pedro Arantes, “O riso dos outros”, encontrado no Youtube.

13. Desigualdade étnica e de gênero: O Brasil é um dos países com maior desigualdade do mundo e entre muitos tipos de desigualdade, a étnica e a de gênero costumam ser as mais discutidas, assim como os preconceitos gerados por essa situação, respectivamente, racismo e machismo. Os direitos conquistados, as lutas e reivindicações e as políticas públicas são alguns pontos que merecem ser estudados para entender a causa e argumentar com clareza.

14. Gestão de resíduos urbanos: Em 2010, foi instituída a Política Nacional de Resíduos Sólidos. A gestão de resíduos ainda é um tema bastante em alta devido à enorme quantidade de lixo produzido anualmente no Brasil. A coleta seletiva e a logística reversa são alguns dos termos importantes de serem entendidos. Para conhecer mais sobre a lei e sua importância na sociedade, pode ser consultada a explicação no site do Ministério do Meio Ambiente.

15. Saúde pública: Problemas no Sistema Único de Saúde (SUS) como falta de médicos, atrasos, grandes filas de espera e falta de equipamentos são possíveis de serem tratados em uma dissertação. O tema também é bastante atual devido ao programa de governo Mais Médicos que trouxe médicos de outras nacionalidades (cubanos) para atuar no Brasil com o intuito de amenizar os problemas na saúde pública.

16. Abuso em trotes universitários: Todo ano, vários casos de abuso em trotes universitários são noticiados. Esse ano, um dos casos mais alarmantes foi de uma jovem que teve a perna queimada por ácido. O fator psicológico dos jovens recém inseridos no ensino superior também é pauta nessa discussão. 

17. Tráfico de drogas e violência urbana: A correlação entre o tráfico de drogas e a violência urbana, principalmente em favelas, é muito propício de discussão. Esse tema foi recentemente abordado nos filmes Tropa de Elite (1 e 2) e é sempre mencionado quando se debate sobre legalização da maconha, já que o combate às drogas é um dos fatores que mais causam violência e conflito entre policiais e civis no Brasil.

18. Uso da água na economia brasileira: O Estado de São Paulo passa por uma intensa crise hídrica e isso tem colocado a água no centro de grandes discussões. Uma das possibilidades de tema envolvendo a água é a sua importância em diversas atividades econômicas no Brasil como a agroindústria e a geração de energia elétrica através de hidrelétricas.

19. Saúde feminina na gravidez: A preocupação com a saúde da mulher durante a gravidez é um bom tema de redação, pois nele podemos tratar várias problemáticas presentes na sociedade brasileira como o aborto não legalizado que fere e mata milhares de mulheres por ano, os maus tratos nos hospitais durante abortos espontâneos ou nos partos. O tema também é atual por causa da recente resolução que limita a quantidade de cesáreas que podem ser realizadas, o que é uma intervenção do Estado na escolha da mulher.

20. Sustentabilidade nas empresas: O termo sustentabilidade está bastante em alta no Brasil com a crescente preocupação com o meio ambiente. Nesse contexto, as empresas precisam atuar coincidindo a busca por lucros com o cuidado ambiental. Políticas empresariais e marketing verde são os pontos de destaque nessa discussão.

21. Intolerância religiosa: Novamente, o ataque à revista Charlie Habdo pode exemplificar o tema. Mas muito mais do que um caso isolado, a intolerância religiosa é grande tanto no Brasil como em outros países. Ao debater esse tema, é preciso lembrar da laicidade do Estado e do respeito aos diferentes tipos de crenças e rituais religiosos, podendo destacar, no caso do Brasil, o grande preconceito existente com religiões de origem africana.

22. Ativismo em redes sociais: Cada vez mais, as redes sociais têm sido usadas para estar em contato com a política e com movimentos sociais. Eventos são criados para marcar protestos, projetos de leis polêmicos facilmente viram virais e reivindicações têm sido feitas através de abaixo-assinado online. Essa nova forma de participação política e suas causas e consequências na sociedade é um bom tema de pesquisa e escrita.

23. PEC das Domésticas: No ano em que a CLT completa 70 anos, foi aprovada a PEC das domésticas. A lei que garante aos trabalhadores domésticos: adicional noturno, obrigatoriedade do recolhimento do FGTS por parte do empregador, seguro-desemprego, salário-família, auxílio-creche e pré-escola, seguro contra acidentes de trabalho e indenização em caso de demissão sem justa causa. Empregadores reclamaram dos custos, mas os domésticos passaram finalmente a ter direitos que já eram garantidos a outros trabalhadores com carteira assinada no Brasil. Um tema bastante polêmico. De um lado os patrões que precisam dos serviços, mas não tem como pagar a mais para as trabalhadores e outro as domésticas que necessitam de mais direitos.

É possível dizer que neste caso temos uma exceção na LEI, pois as domésticas não prestam um serviço com fins lucrativos com um funcionário em uma loja, por exemplo, por isso acredita-se que deveriam ser pagos menos encargos para estes profissionais, mas isso é assunto para muita conversa. 

24- Crise energética: O Brasil registrou em janeiro os 10 maiores picos de consumo de energia da história do Brasil onde em fevereiro acontecerem apagões em 10 estados brasileiros. Com estes apagões que acorrem desde 2013 o Brasil acaba sofrendo problemas diversos na economia. 

25- 50 anos do golpe militar: A ação que acarretou mais de 20 anos de regime militar, também foi tema muito comentado entre os veículos de comunicação. 

26- Redução da maioridade penal: Devido ao grande debate sobre o assunto nos últimos meses, o projeto proposto pela Câmara Federal para a redução da maioridade penal, pode ser tema de redação do Enem 2015. Aliado aos debates e por ser um tema muito controverso.

27- Justiça com as próprias mãos: Tema bastante polêmico e que pode ser discutido com mais imparcialidade esse ano. O combate à violência através da justiça com as próprias mãos é válido? Definições de justiça, casos de linchamentos, rebeldia com a ordem e segurança públicas são alguns pontos que abordam essa temática.

28- A importância das campanhas de vacinação: Tema evidenciado ainda mais com o lançamento da campanha de vacinação para meninas de 13 anos contra o HPV.

Fonte: 
https://www.infoenem.com.br/22-possiveis-temas-da-redacao-do-enem-2015/
http://www.gabaritoenem.com/10-possiveis-temas-de-redacao-do-enem-2015/

domingo, 27 de setembro de 2015

SOCIOLOGIA: MIGRAÇÕES (CONCEITOS BÁSICOS)

SOCIOLOGIA: 

3° Ano - Turmas A e B (Ensino Médio)
2° Ano - Turmas A e B (Ensino Médio)
1° Ano - Turmas A, B e C (Ensino Médio)
9° Ano - Turmas A, B e C (Ensino Fundamental)
Ibituruna TOP (Pré-Vestibular)

MIGRAÇÕES (CONCEITOS BÁSICOS)

As migrações são um fenômeno que existe desde sempre, tanto por parte dos animais que migram à procura do seu alimento e abrigo, como por parte dos humanos que fazem o mesmo processo à espera de encontrar melhores condições de vida, o que nem sempre acontece.

Na sua origem, pode referir-se as migrações, nos tempos pré-históricos, do Homo Erectus, seguidas das do Homo Sapiens, mobilizando-se por todos os continentes.

O homem parece estar constantemente à procura de novos horizontes. No passado, milhões de europeus e asiáticos migraram para todas as partes do mundo, conquistando e povoando continentes como a América, a Oceania e a África.

Sob a forma de conquista e colonização, as migrações humanas, afetaram grandes épocas da história, transformando todo o mundo, por exemplo, a queda do Império Romano no Ocidente, a pré-história e a história da povoação da Austrália e Américas.

Ultimamente, tem-se verificado a migração espontânea de milhões de pessoas de quase todas as partes do mundo em direção à Europa e até mesmo à Ásia, essas migrações acontecem, porque um grande número de indivíduos regressa aos países de origem dos seus antepassados.

Milhares de brasileiros, argentinos, ucranianos, etc, migraram nos últimos anos, devido à crise econômica que os seus países atravessam, sobretudo em direção à Europa e à América do Norte. 

As razões que explicam as migrações são incalculáveis (político–ideológicas, étnico–raciais, profissionais, econômicas, catástrofes naturais etc.), no entanto as razões econômicas predominam. A grande maioria das pessoas migra em busca de melhores condições de vida.

Todo o ato migratório apresenta causas repulsivas, o indivíduo é forçado a migrar, devido a problemas políticos, perseguições, guerras etc., e/ou atrativas, acontece quando as pessoas vivem em países nos quais não há boas condições de vida e de trabalho, são atraídas rumo a países desenvolvidos, como Estados Unidos, países da Europa desenvolvida e Japão.

A integração dos imigrantes nas sociedades de acolhimento é um processo complexo e multifacetado, este processo de interação, ajustamento e adaptação mútua entre imigrantes e a sociedade de acolhimento, pelo qual ao longo do tempo, as comunidades recém-chegadas e a população dos territórios de chegada formam um todo integrado.

Antes da Segunda Guerra Mundial, as principais áreas de repulsão populacional eram a Europa e a Ásia, estas migrações eram causadas por fome, guerras, epidemias, perseguições políticas e religiosas, enquanto as principais áreas de atração eram a América e a Oceania, por sua vez estas migrações eram causadas por colonizações, pelo crescimento econômico, possibilidade de enriquecimento etc.

Entretanto, devido ao acentuado desenvolvimento do Japão e da Europa no período pós – Guerra, essas áreas tornam-se importantes focos de atração populacional, além, é claro, dos EUA, que sempre foram e continuam a ser uma sociedade atrativa.

Além das migrações externas que implicam a movimentação de milhões de pessoas anualmente, existem também as migrações internas, movimentos populacionais de variados tipos, que acontecem no interior dos diferentes países de todo o mundo.

Dentre as diversas migrações internas, existem:

. Êxodo Rural – Deslocamento de pessoas do meio rural (campo) para o meio urbano (cidade). Ocorre principalmente nos países subdesenvolvidos (Haiti, Iêmen, Somália etc.) e sobretudo naqueles que experimentam um processo de industrialização acelerado.

. Transumância – Migração periódica (sazonal) e reversível (ida e volta) determinada pelo clima.

. Migração Interna – Deslocamento feito dentro de um mesmo país. O indivíduo que realiza este movimento é conhecido como migrante.

. Migração Externa – Deslocamento feito entre os países. Ao sair o indivíduo fica conhecido como emigrante, ao entrar ele será conhecido como imigrante.

. Migrações Diversas – Entre zonas rurais, entre áreas urbanas, migrações em direção às áreas de descobertas de minerais, migração de fim de semana entre outras.

Os fluxos populacionais foram incrementados a partir do desenvolvimento do sistema de transportes (Rodoviário, Hidroviário, Ferroviário e Aéreo) e das telecomunicações, que ofereceram maior mobilidade às pessoas em todo o mundo. Segundo a ONU (Organização das Nações Unidas), aproximadamente 175 milhões de pessoas vivem fora do país de origem.

A maioria das migrações internacionais ocorrem pela busca de trabalho. As principais correntes migratórias advêm de Latino-Americanos, Africanos e Asiáticos em direção aos EUA, Europa e Japão. Os trabalhadores migrantes enviam dinheiro para a sua terra de origem, algumas estimativas revelam que eles movimentam anualmente cerca de 58 milhões de euros, o Brasil, por exemplo recebe anualmente cerca de 2,8 mil milhões de euros, enviados por brasileiros que vivem no exterior.

Outra situação onde encontramos a migração internacional é quando falamos do fluxo de refugiados, indivíduos que sofrem perseguições de ordem política, religiosa ou étnica. Na década de 1970, havia cerca de 2,5 milhões de refugiados, hoje esse número chega aos 25 milhões, consequentes de acontecimentos geopolíticos como: o fim do socialismo, a diminuição de ajudas financeiras e humanitárias e principalmente pela expansão do fundamentalismo Islâmico.

São considerados migrantes refugiados cerca de 25 milhões de pessoas, que foram obrigadas a deixar os seus lares devido a problemas ambientais, como desflorestação, desertificação, erosão dos solos e desastres químicos e nucleares.

As origens dos refugiados são as mais variadas, mas na generalidade possuem algumas características que se assemelham à origem dos países subdesenvolvidos, nos quais o rendimento per capita médio está abaixo de 500 euros e existe um grande índice de analfabetismo, existem também governos de ditadura que violam os direitos humanos de determinada porção de população, características que vão de encontro a perseguições políticas e torturas, extermínio étnico e discriminações religiosas e culturais.

Por fim, existe um fluxo, neste caso não é negativo, o turístico, neste os indivíduos são motivados pela busca de lazer, cultura e religião, esse processo motiva a comercialização de viagens em grande escala a um custo mais reduzidos (pacotes de viagens), mas este tipo de fluxo não chega à carteira de toda a população, mas sim a uma pequena parcela.

Fonte: http://www.notapositiva.com/



segunda-feira, 21 de setembro de 2015

SOCIOLOGIA / ATUALIDADES: ENTENDA A CRISE HUMANITÁRIA DE REFUGIADOS NA EUROPA

SOCIOLOGIA

3° Ano - Turmas A e B (Ensino Médio)
2° Ano - Turmas A e B (Ensino Médio)
1° Ano - Turmas A, B e C (Ensino Médio)
9° Ano - Turmas A, B e C (Ensino Fundamental)
Ibituruna TOP (Pré-Vestibular)

Entenda a crise humanitária de refugiados na Europa


Milhares de refugiados chegam às fronteiras europeias fugindo de guerras, pobreza e violência, em sua maioria, oriundos de regiões do Oriente Médio e da África

A imagem do menino sírio Aylan Kurdi em uma praia turca, morto afogado em um naufrágio, chocou e sensibilizou o mundo todo para a crise vivida pelos refugiados que buscam abrigo na Europa. O aumento na procura pelo continente por parte de imigrantes e pleiteantes de asilo não é de hoje. O que explica, então, a súbita eclosão do caos humanitário na região?

As respostas revelam a permanência da incapacidade dos governos europeus em lidar com um fato recorrente e previsível do mundo contemporâneo – o trânsito de pessoas fugindo de guerras, pobreza,desastres naturais e da falta de perspectiva de uma vida decente. Elas são refugiadas em um mundo que foi capaz de derrubar as barreiras para o alcance e livre circulação de capitais e de informação, mas que multiplicou o número de muros e cercas divisórias entre fronteiras físicas e regiões de tensão.


O que está acontecendo na Europa?

Nos últimos meses, milhares de refugiados e pleiteantes de asilo chegaram às fronteiras europeias, fugindo de guerras, pobreza e violência, em sua maioria, oriundos de regiões do Oriente Médio e da África. Trata-se de uma tendência que se verificava pelo menos desde o ano passado. Em 2014, o número de pessoas que chegou à Europa em busca de asilo e refúgio aumentou significativamente em relação aos anos anteriores. Mais de 700 mil pessoas pediram asilo na Europa no ano passado, um aumento de 47% em relação ao ano anterior, de acordo com dados do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur).

Em 2015, só no primeiro quadrimestre, o número de pedidos já ultrapassava 184 mil, segundo o bureau estatístico da União Europeia, o Eurostat. Além dos pedidos de asilo, este ano, o número de pessoas que chegou ao continente por meios considerados irregulares foi estimado em 340 mil pela agência europeia Frontex, responsável pelo monitoramento de fronteiras dos países do continente. Em julho, esse fluxo atingiu seu pico – mais de 107 mil pessoas chegaram ao continente buscando abrigo.

Em agosto, com o aumento do fluxo, a Alemanha, principal receptora de pedidos de refúgio na região, estimou que deve registrar pelo menos 800 mil pedidos de asilo até o fim de 2015. Caos, falta de acomodações e desespero são agora parte da rotina em locais como a cidade francesa de Calais, na fronteira com o Reino Unido; em Lampedusa, na Itália; nas ilhas gregas de Kos e Lesbos e, mais recentemente, em Budapeste, na Hungria; onde imigrantes acampam nas proximidades da principal estação de trem da cidade, a espera do embarque rumo ao norte, em direção à Alemanha, aos países nórdicos e ao Reino Unido.


Quem são esses refugiados?

Dentre os principais grupos de refugiados que chegam atualmente à Europa estão sírios, afegãos, iraquianos, paquistaneses, eritreus,somalianos e nigerianos. Fugindo de guerras, violência, pobreza e falta de perspectivas, não hesitam em optar por rotas de alto risco, a pé ou pelo Mediterrâneo, na expectativa de uma vida melhor, na Europa.


O que causou a crise atual?

As autoridades europeias têm sido acusadas de protelarem a implementação de soluções eficazes, que passariam por uma aceleração do processo de concessão de asilos. Dentre as estratégias adotadas desde o ano passado, destacou-se a tentativa de impedir a chegada dos refugiados ao território europeu. Optou-se, por exemplo, por intensificar o combate às gangues de coiotes, que transportavam os refugiados por terra ou por mar. O governo italiano também reduziu suas operações de resgate no Mediterrâneo, uma vez que a lei marítima internacional obriga qualquer navio a prestar socorro a uma embarcação que pede socorro – caso dos precários botes e barcos lotados de refugiados que tentam chegar do norte da África e da Turquia. O resultado foi um aumento no número de fatalidades: segundo estimativas da Organização Internacional para Migração (IOM, em sua sigla em inglês), foram 2.081 mortos no Mediterrâneo em 2014 e, até agora, o número de vítimas da travessia entre Europa e África já ultrapassa 2.700 em 2015.

Além disso, países da fronteira do continente, como Itália e Grécia, têm arcado com a maior parte do ônus da crise humanitária, normalmente, sem condições operacionais para fazê-lo. Só na última semana de agosto, 23 mil refugiados aportaram no litoral grego, segundo a Frontex.

Em um último desdobramento, o fluxo repentino de imigrantes que chegam via países do leste europeu foi o elemento final para a eclosão da crise humanitária vista hoje. “Os Estados europeus estavam muito focados em um único ponto nos últimos meses – o Mediterrâneo – e perderam de vista novos desenvolvimentos e novas rotas que se abriram no leste. Foram pegos de surpresa pelo fluxo repentino de pessoas pela região ocidental dos Bálcãs, em Estados que têm sistemas de asilo fracos e não têm a capacidade necessária de lidar com números grandes de migrantes e refugiados. A abordagem pautada por acontecimentos levou a um jogo de culpa entre os Estados membros, sem unidade”, diz Martijn Pluim, diretor do Centro Internacional para o Desenvolvimento de Política Migratória (ICMPD, em sua sigla em inglês), baseado em Viena. 

A falha em agilizar o processo e oferecer segurança no trânsito de refugiados virou terreno fértil para os coiotes e traficantes de pessoas. Além dos mortos no Mediterrâneo, a recente descoberta na Áustria de um caminhão com 71 pessoas mortas, vítimas abandonadas por seus transportadores, somou-se como mais um trágico exemplo da falência da política de repressão aos fluxos migratórios. “Gangues de contrabandistas são um sintoma, um resultado das fronteiras fechadas. É por isso que ter uma abordagem de aplicação da lei, de arrocho nas fronteiras e combate ao crime organizado não será suficiente para solucionar o problema e salvar vidas”, afirma Pluim. “Refugiados fugindo da guerra não vão parar de vir porque há um controle maior nas fronteiras. A União Europeia deve aumentar os caminhos legais para refugiados na Europa, garantindo a eles passagem segura”, diz o especialista.


Por que a crise humanitária atingiu a proporção atual?

O maior obstáculo para uma solução ágil ao caos humanitário na Europa é a falta de unidade entre os países do continente na resposta tanto ao trânsito de refugiados quanto aos pleitos de asilo. De acordo com determinação da União Europeia, o pedido de asilo deve ser realizado no país em que o imigrante chega. No entanto, ao avaliar as diferenças entre o tratamento dado aos pleiteantes e à agilidade do processo em locais como Alemanha e países nórdicos, refugiados têm optado por arriscar a travessia do continente em rotas pelo leste europeu, na esperança de chegar a locais nos quais serão mais bem recebidos e terão mais chance em conseguir asilo. A situação levou a primeira-ministra alemã, Angela Merkel, a anunciar na semana passada, junto à França, que exigirá de países integrantes da União Europeia o estabelecimento de cotas para receber refugiados.

“Com algumas notáveis exceções, há no momento uma falta de liderança e vontade política para lidar com os desafios da migração que a Europa é capaz de lidar”, diz Ryan Schroeder, da Organização Internacional para Migração (IOM). “Por muito tempo, migração tem sido uma questão pela qual políticos podem perder ou ganhar eleições. Políticos na Europa tem infelizmente culpado imigrantes por problemas estruturais e geopolíticos que não são sua culpa. Eles estão ganhando votos nas cotas de imigrantes e estão piorando o clima contra migração no continente”, afirma.

Na Hungria, por exemplo, desde esta sexta-feira (4), refugiados e pleiteantes de asilo se encontram sob o risco de prisão – um pacote de leis aprovado pelo parlamento húngaro prevê uma pena de até três anos para quem cruze a fronteira do país de maneira ilegal. O primeiro-ministro do país, Viktor Órban, de extrema direita, argumenta que precisa “proteger o cristianismo europeu”.


O que a Europa deve fazer?

Entidades defensoras de direitos humanos e centros de pesquisa sobre migração reiteraram: a crise não se refere à capacidade da Europa em receber essas pessoas – a crise é política. “Trata-se de um desafio político que requer liderança política como resposta – e não uma questão de capacidade de absorver os imigrantes recentes”, escreveu em artigo Kenneth Roth, diretor executivo da Human Rights Watch (HRW). Roth aponta que os mais de 300 mil recém-chegados ao continente representam em torno de 0,06% da população da União Europeia – refutando a tese de que a Europa se encontra ameaçada por uma “invasão”.

Além disso, de acordo com relatório de 2014 do Acnur, os países que mais abrigam refugiados no mundo ainda são Paquistão, Líbano, Irã, Turquia e Jordânia – nações com condições econômicas e de desenvolvimento evidentemente inferiores a dos países europeus. Em termos per capita, Líbano e Jordânia são os líderes no quesito abrigo a refugiados. “A Europa está enfrentando a hora da verdade. Este é o momento de reafirmar os valores em cima dos quais ela se ergueu”, afirmou nesta semana o Alto Comissário das Nações Unidas para Refugiados, Antonio Guterres.

Fonte: http://epoca.globo.com/tempo/noticia/2015/09/seis-perguntas-para-entender-crise-humanitaria-de-refugiados-na-europa.html

domingo, 9 de agosto de 2015

SOCIOLOGIA DA RELIGIÃO

SOCIOLOGIA 

3° Ano - Turmas A e B (Ensino Médio)
IBITURUNA TOP (Pré-Vestibular)

SOCIOLOGIA DA RELIGIÃO

Independentemente do tipo de comunicação, os símbolos têm outras modalidades de influência sobre a vida social, principalmente porque servem para concretizar, tornar visuais e palpáveis realidades abstratas, mentais ou morais, da sociedade.

O simbolismo religioso tem como fim ligar o homem a uma ordem supranatural ou sobrenatural. Mas pode sustentar-se que o simbolismo religioso não deixa de ser profundamente social. O simbolismo religioso alimenta-se do contexto social, que exprime realidades sociais, que tem alcance e consequências sociais. Assim, serve para distinguir os fiéis dos não fiéis, o clero dos fiéis, os lugares sagrados dos lugares profanos, os objetos puros dos impuros, etc.

Configura desse modo a própria textura da sociedade, para construir hierarquias. Seja pelo vestuário, por ritos, sacramentos, sinais invisíveis, a religião é rica em símbolos que dividem para melhor reunir (Rocher, 1989).

A própria vida religiosa é quase, universalmente, uma prática social, em que a solidariedade mística tem um papel central, detendo grande diversidade de símbolos para se exteriorizar e desenvolver. Por exemplo, a constituição de comunidades humanas geograficamente identificáveis que são ao mesmo tempo comunidades espirituais; as cerimônias que apelam à participação dos assistentes, como as oferendas, comunhões físicas; outras cerimônias como os ritos de iniciação, as cerimônias do casamento, os ritos fúnebres, etc.

Se a religião é dotada de símbolos diversos, é porque faz referência a um universo invisível, inacessível diretamente, devendo portanto seguir a vida simbólica para manterem o homem em contacto com esse universo. Ora, a sociedade apresenta as mesmas características: transcende cada pessoa, requer a solidariedade de comunidades vastas, complexas ou mesmo dificilmente perceptíveis, obriga a relação entre grupos, coletividade e massas, etc. A sociedade e a sua complexa organização, não poderiam existir e perpetuar-se, tal como a religião, sem o contributo multiforme do simbolismo, tanto pela participação ou identificação que ele favorece como pela comunicação de que é instrumento (Rocher, 1989).

Pode-se dizer, então, que os símbolos servem para ligar os autores sociais entre si, por intermédio dos diversos meios de comunicação que põem ao seu serviço; servem igualmente para ligar os modelos aos valores, de que são a expressão mais concreta e mais diretamente observável; por último, os símbolos recriam incessantemente a participação e a identificação das pessoas e dos grupos às coletividade e estabelecem constantemente as solidariedades necessárias à vida social. Por intermédio dos símbolos, o universo ideal de valores passa para a realidade, torna-se, simultaneamente, visibilidade e crença social.

MAX WEBER E A RELIGIÃO
Weber concentrou a sua atenção nas religiões ditas mundiais, aquelas que atraíram um grande número de crentes e que afetaram, em grande medida, o curso global da história. Teve em atenção à relação entre a religião e as mudanças sociais, acreditava que os movimentos inspirados na religião podiam produzir grandes transformações sociais, dando o exemplo do Protestantismo.

Para Weber, as concepções religiosas eram cruciais e originárias das sociedades humanas, pois o homem, como tal, sempre esteve à procura de sentido e de significado para a sua existência; não simplesmente de ajustamento emocional, mas de segurança cognitiva ao enfrentar problemas de sofrimento e morte (Ó Dea, 1969). Procura-se na religião signos de transcendência e de esperança. Assim, Weber estava preocupado em destacar a integração racional dos sistemas religiosos mundiais e não apenas o calvinista (objeto especial dos seus estudos), como resposta aos problemas básicos da condição humana: “contingência, impotência e escassez”.

Weber mostra que as religiões, ao criar respostas a tais problemas – respostas que se tornam parte da cultura estabelecida e das estruturas institucionais de uma sociedade –, influem de maneira mais íntima nas atitudes práticas dos homens com relação às várias atividades da vida diária (Ó Dea, 1969). Com isto, Weber considerava que, ao problema humano do sentido e significação existencial, a religião, de maneira eficaz, oferecia uma resposta final. Por conseguinte, como já afirmamos, ela torna-se, pela forma institucional que assume, um fato causal na determinação da ação. No caso específico do protestantismo, a sua força é vista como indispensável (mas não a única) para o surgimento do fenômeno da modernidade ocidental, com seus valores inerentes de individualismo, liberdade, democracia, progresso, entre outros.

Portanto, segundo a teoria de Weber, religião é uma das fontes causadoras de mudanças sociais. Para ele, o processo de racionalização religiosa ou de “desencantamento do mundo” culminou no calvinismo do século XVII e em muitos outros movimentos, chamados por ele de “seitas”. Desse momento em diante, procurou-se assegurar a salvação (temporal e eterna) não por meio de ritos, ou por uma fuga mística do mundo ou por uma ascética transcendente, mas acreditando-se no mundo pelo trabalho, pela profissão, pela inserção.

Portanto, segundo Weber, o capitalismo é definido pela existência de empresas cujo objetivo é produzir o maior lucro possível e cujo meio é a organização racional do trabalho e da produção. É a união do desejo de lucro e da disciplina racional que constitui historicamente o traço singular do capitalismo ocidental. Weber quis demonstrar que a conduta dos homens nas diversas sociedades só pode ser compreendida dentro do quadro da concepção geral que esses homens têm da existência.

Os dogmas religiosos e sua interpretação são partes integrantes dessa visão do mundo; é preciso entendê-los para compreender a conduta dos indivíduos e dos grupos, nomeadamente o seu comportamento econômico. Por outro lado, Weber quis provar que as concepções religiosas são, efetivamente, um determinante da conduta econômica e, em consequência, uma das causas das transformações econômicas das sociedades (Aron, 1999). Dessa forma, o capitalismo estaria motivado e animado por uma visão de mundo específica de um tipo de protestantismo que na sua ação social favoreceu a formação do regime capitalista.


A PERSPECTIVA DE ÉMILE DURKHEIM
Durkheim é um autor que estudou a religião em sociedades pequenas, considerando a religião como uma “coisa social” (Ó Dea, 1969).

Para o autor, na questão religiosa há uma preocupação básica que é a diferença entre sagrado e profano. Durkheim é bem explícito ao afirmar que: “o sagrado e o profano foram sempre e por toda a parte concebidos pelo espírito humano como gêneros separados, como dois mundos entre os quais nada há em comum (…) uma vez que a noção de sagrado é no pensamento dos homens, sempre e por toda a parte separada da noção do profano (…) mas o aspecto característico do fenômeno religioso é o fato de que ele pressupõe uma divisão e bipartida do universo conhecido e conhecível em dois gêneros que compreendem tudo o que existe, mas que se excluem radicalmente. As coisas sagradas são aquelas que os interditos protegem e isolam; as coisas profanas, aquelas às quais esses interditos se aplicam e que devem permanecer a distancia das primeiras.” Ou seja, para Durkheim, há uma natural superioridade do sagrado em relação ao profano (Durkheim, 1990).

É possível constatar que a participação na ordem sagrada, como o caso dos rituais ou cerimônias, dão um prestígio social especial, ilustrando uma das funções sociais da religião, que pode ser definida como um sistema unificado de crenças e de práticas relativas às coisas sagradas. Estas unificam o povo numa comunidade moral (igreja), um compartilhar coletivo de crenças, que por sua vez, é essencial ao desenvolvimento da religião. Dessa forma, o ritual pode ser considerado um mecanismo para reforçar a integração social. Durkheim conclui que a função substancial da religião é a criação, o reforço e manutenção da solidariedade social. Enquanto persistir a sociedade, persistirá a religião (Timasheff, 1971).

O CONCEITO DE RELIGIÃO EM KARL MARX
Para Karl Marx religião é alienação. É uma forma de iludir a mente do homem, mostrando-lhe as venturas celestes para encobrir a miséria e a opressão, que é a realidade humana.

O conceito de religião em Marx é a alienação. Esta alienação deve ser esclarecida “a partir da situação histórico-social concreta.” Para Marx a alienação não é o fundamento da religião, mas o resultado. E esta alienação esta na condição social e econômica das classes menos favorecidas que são exploradas pelas classes dominantes, ricas. Marx acredita que se essas barreiras de classes sociais e econômicas forem destruídas, automaticamente a religião também o será. Pois para ele a religião é subproduto de classe. Para Marx “são as estruturas econômicas que geram a falsa consciência, que é a religião.”

Marx diz que a “religião apenas oferece a libertação espiritual do homem, a libertação imaginária e ilusória.” É desta maneira que a religião age como “calmante” como o “ópio do povo”. Segundo ele a “religião hipnotiza os homens com a falsa superação da miséria e assim destrói sua força de revolta”.

Segundo Marx, na alienação religiosa, “o homem projeta para fora de si, de maneira vã e inútil, seu ser essencial e perde-se na ilusão de um mundo transcendente. Para ele a religião nada mais é que a projeção do ser do homem num mundo ilusório. Insiste que a religião nasce da convivência social e política perturbada dos homens.”

Por isso, segundo Marx, para libertar o proletariado e a humanidade da miséria, é preciso destruir o mundo que gera a religião. Marx conclui que “sendo a religião o reflexo espiritual da miséria real do homem numa sociedade opressora, a superação da religião não se dará só pela critica intelectual. A luta contra a religião tem seu aroma espiritual. É a imagem falsa do mundo. A critica do céu torna-se a critica da terra. Para eliminar a alienação religiosa é preciso eliminar todas as condições de miséria que a originam.” Ao transformar a infra-estruturara socioeconômica e política, o homem não precisará nem da religião e nem de Deus.

Fonte: http://sociologiareligiao.blogspot.com.br/

domingo, 5 de julho de 2015

SOCIOLOGIA / ATUALIDADES: PROPOSTA DE REGULAÇÃO DA MÍDIA

SOCIOLOGIA / ATUALIDADES: 

3° ano - Turmas A e B (Ensino Médio)
2° ano - Turmas A e B (Ensino Médio)
IBITURUNA TOP (Pré-Vestibular)


LEI DA MÍDIA: RAZÕES, ENTRAVES, DETALHAMENTO E VIABILIZAÇÃO

Houve tempo em que jamais se cogitaria discutir, por exemplo, uma Comissão da Verdade que esclarecesse crimes ocorridos durante a ditadura militar, e hoje já se discute se ela terá mais ou menos poderes e se terá profundidade suficiente. Nãos se discute mais se será criada, porém, devido à enormidade desse passo de se conseguir ao menos discutir os crimes da ditadura, parece necessário discutir, passo a passo, os quatro fatores que envolvem a regulação da mídia brasileira.

Os quatro fatores referentes ao arcabouço jurídico-institucional das comunicações são as razões para que seja criado, os entraves para sequer discuti-lo, os detalhes do que seria uma “lei da mídia” e, finalmente, a ideia sobre como se pode viabilizar uma discussão muito mais difícil do que a da Comissão da Verdade, que terá apenas consequências políticas enquanto que a regulação da mídia teria enormes desdobramentos econômicos, políticos e sociais.

Por que criar uma lei da mídia?
A grande dificuldade de se elaborar e aprovar uma lei da mídia reside no fato de que a comunicação, no Brasil, transformou-se em uma sucessão de feudos controlados por empresas familiares e que concede a esse reduzido grupo de empresários um poder político que paira sobre a sociedade de forma extraordinária.

As faixas de onda da mídia eletrônica (tevês e rádios, sobretudo), por serem concessões distribuídas pelo governo, ao longo do século XX foram entregues a grupos políticos que pretendiam se perpetuar no poder valendo-se do que a comunicação concede a quem a controla, o poder de decidir o que a sociedade deve ou não saber e de influir e pautar costumes e a própria cultura popular.

Por conta disso, suspeita-se de que muitos grandes meios de comunicação sejam alimentados por verbas imensas que nem dariam retorno financeiro proporcional aos investimentos. Entretanto, devido ao poder político que uma televisão ou uma rádio concedem aos seus controladores valeria a pena investir nesses meios de comunicação para obter outro tipo de retorno mais valioso do que dinheiro.

Em São Paulo, por exemplo, o governo do Estado investiu 9 milhões de reais em compra de assinaturas de jornais e revistas politicamente alinhados com o partido do governador Geraldo Alckmin. A contrapartida para essa generosidade de comprar tanto material impresso para escolas em que muitas vezes falta até o básico de tudo, desde instalações até professores, mostra que o retorno do investimento em mídia não se resume ao resultado das operações daquela empresa de comunicação, mas dos favores daqueles aos quais a mídia presta “serviços”.

Essa é a razão pela qual todas as democracias mais avançadas tratam de impedir que a comunicação se concentre nas mãos de poucos e que políticos controlem concessões públicas de rádio e tevê, além de proibirem que um mesmo grupo econômico tenha meios eletrônicos e impressos simultaneamente.

Em um país de dimensões continentais como o Brasil e no qual poucos empresários controlam tantos meios de comunicação ao mesmo tempo, a opinião deles e seus interesses econômicos, comerciais e políticos acabam se tornando lei por disporem de meios inclusive de chantagear a classe política e os governos municipais, estaduais e o governo federal, pois se as vontades midiáticas não forem feitas poder-se-á ou negar espaço a políticos e a administrações públicas ou até difamá-los sem que os prejudicados tenham como reclamar, pois estarão amordaçados.

Assim sendo, é lícito dizer que a comunicação não difere, por exemplo, do setor supermercadista. Como todos se lembram, há pouco tempo foi amplamente divulgado que estaria havendo risco de concentração de propriedade de grandes redes de supermercados, o que iria gerar risco maior de os grandes grupos imporem preços mais altos ao consumidor caso este tenha poucas alternativas de compra.

Com a comunicação é a mesma coisa. Todavia, a sociedade não se dá conta de que a concentração de propriedade neste ou naquele segmento de mercado não difere da concentração de propriedade de meios de comunicação. As pessoas se acostumaram a ter poucas fontes de informação e passaram a julgar normal que um grupo empresarial como as Organizações Globo controle o que lêem, assistem e ouvem, pois controla revistas, jornais, tevês, rádios e portais de internet. Tudo ao mesmo tempo e na mesma região.

Um exemplo bem esclarecedor e de fácil assimilação pelo cidadão comum de como a concentração de propriedade de meios de comunicação afeta negativamente a sua vida – e que foi usado com muito sucesso na Argentina, quando implantou a sua lei da mídia – diz respeito ao futebol, esporte cuja importância no cotidiano dos brasileiros dispensa comentários.

Os jogos dos campeonatos nacional e regionais são comprados pela Globo e esta consegue, com o poder de transmiti-los quando e como quiser, impor um horário para que sejam realizados que obriga o cidadão que levanta cedo no dia seguinte a ficar até próximo da meia noite acordado. Se os jogos fossem ao ar mais cedo, atrapalhariam a programação da emissora, sobretudo a novela das oito. Assim, a Globo faz o cidadão se adaptar às suas necessidades e os clubes obedecerem às suas ordens.

Mas a comunicação em poucas mãos é danosa à sociedade em muitos outros aspectos. Por exemplo, nas relações trabalhistas. Recentemente, foi aprovada uma lei justa que concede aviso prévio maior para quem trabalha há mais tempo em uma empresa. Essa lei foi bombardeada pela imprensa, que, obviamente, falava em nome do patronato, ou dos anunciantes. Apesar disso, foi aprovada. Mas foi exceção.

Uma das leis trabalhistas mais necessárias em um país como este é a que reduziria a jornada de trabalho. Em centros urbanos como São Paulo, por exemplo, em que se gastam horas para ir ao trabalho e voltar, a jornada de 48 horas semanais é desumana. Grande parte da população não pode dedicar praticamente tempo nenhum dos seus dias a si mesma. Apesar disso, a mídia impede qualquer tentativa de discutir o assunto, que é sempre tratado como danoso para o próprio trabalhador e fim de conversa.

A razão de fundo para o Brasil vir a ter um marco regulatório que impeça a concentração de propriedade de meios de comunicação, portanto, é a de que enquanto poucos controlarem esses meios a democracia não funcionará de verdade, pois essa concentração resulta em cassação do debate sobre os temas que desagradam aos grandes grupos econômicos.

Entraves à Lei da Mídia
Para que se possa mensurar a dificuldade de se implantar no Brasil uma legislação para a mídia à altura das leis que existem hoje não só nos países mais importantes daqui da América do Sul, mas em praticamente todos os países mais desenvolvidos, é de natureza política e econômica. Imagine-se o que seria a Globo ter que se desfazer de parte de seu império.

Uma regulamentação da mídia igual à que existe nos Estados Unidos, por exemplo, impediria que a Globo tivesse tevê, rádio, revistas, jornais e portais de internet não só nas regiões menos povoadas mas também em São Paulo, no Rio ou em outros grandes centros urbanos. Nos EUA, a Globo teria que se desfazer da maioria de seu império, assim como aqui não se permite que uma única rede de supermercado controle metade das lojas de varejo.

Ocorre que a Globo tem, além do poder de comunicar, de calar ou de dar voz, o poder político. Tem na mão o PSDB, o DEM e o PPS e suborna o PSOL com uma exposição que jamais teria para que se junte à cantilena dos outros partidos contra o PT. Assim sendo, consegue impedir a discussão do marco regulatório da mídia simplesmente qualificando-o como desejo de alguns “petistas” autoritários de “censurar a imprensa”. Por conta disso, não se permite que alguém apareça em uma grande televisão ou em um grande jornal defendendo a Lei da Mídia, explicando do que realmente se trata.

Apesar de haver um forte sentimento pela adoção de uma legislação dessa natureza no Congresso Nacional, não se pode esquecer que a cultura brasileira nas comunicações doou tevês e rádios regionais a políticos influentes, o que formou uma forte bancada suprapartidária que não aceita sequer discutir uma lei que fatalmente impediria que políticos tivessem meios de comunicação. Até para não terem vantagem injusta sobre seus adversários.

Hoje, esses meios de comunicação entregues a políticos concentram-se no PMDB, no PSDB e no DEM. O resto do espectro político-partidário também tem seus veículos, mas a parte do leão é controlada por esses partidos. Ou seja: mesmo entre as hostes governistas, francamente favoráveis à regulação da mídia, há quem não aceite lei alguma para moralizar a propriedade de meios de comunicação no Brasil.

O que é a Lei da Mídia?
Chega-se, portanto, ao ponto crucial. Esta é a discussão que a direita brasileira tenta travar e impedir a todo custo, pois se fosse explicado à sociedade o que conteria a legislação que se quer aprovar, não haveria quem ficasse contra. Aliás, não é por outra razão que em países como a Argentina, por exemplo, a maioria esmagadora da população apoiou a criação da “ley de medios” e se diz satisfeita com ela.

No país vizinho, estão sendo distribuídas centenas de tevês e rádios e a propriedade de meios de comunicação está se desconcentrando rapidamente. Todavia, a Globo argentina, o Grupo Clarím, ainda está conseguindo resistir a vender parte de seu oligopólio graças a recursos à Justiça.

Apesar disso, o melhor exemplo de que a “ley de medios” argentina não gerou qualquer tipo de censura à imprensa local está em matéria recente nessa imprensa que veiculou uma notícia sem qualquer comprovação e até um tanto quanto inverossímil, de que a presidente Cristina Kirchner teria gasto 100 mil dólares em sapatos.

Não há censura, na Argentina. Há regras como as que vigem em qualquer país civilizado e democrático e há disseminação de opções. Ou seja, com o tempo o argentino poderá escolher múltiplas fontes de informação e inclusive poderá comparar opiniões divergentes e saber de fatos como os que, no Brasil, é impossível saber.

A Lei da Mídia que se pretende, portanto, permitiria que escândalos não fossem abafados. Ou seja: o que se quer não é que a mídia fale menos, mas que fale mais. Sobretudo aquilo que não diz para atender aos seus aliados políticos ou parceiros comerciais.

A desconcentração da propriedade de meios de comunicação certamente tornaria praticamente impossível que o governo paulista expedisse uma ordem para sumir com uma matéria da imprensa. Mudanças na legislação trabalhista, políticas públicas de interesse da sociedade mas que não interessam aos grandes grupos econômicos, enfim, é infindável o cabedal de benefícios que a sociedade colheria.

Se a Globo optasse – e certamente optaria – por manter as televisões, teria que abrir mão das rádios, dos jornais, das revistas e dos portais de internet. E teria, como nos EUA, um limite de audiência. Nenhuma rede de televisão pode ter mais do que cerca de 30% da audiência, naquele país. Aqui, acharíamos um nível adequado. Provavelmente nesse patamar.

Na Inglaterra, já se discute até regulação da imprensa que não é feita através de concessão pública, a imprensa escrita. Até há pouco, antes do escândalo na imprensa local que mostrou práticas criminosas que no Brasil são comuns, aquele país adotava, nesse segmento, a auto-regulação. Isso deve mudar. Haverá um controle externo para inibir, por exemplo, escutas ilegais ou mesmo invasão de domicílio por “jornalistas”.

Nos países do dito primeiro mundo, a fiscalização sobre a imprensa aumenta exponencialmente nos períodos eleitorais. Por exemplo: há comitês que fiscalizam se um grupo de mídia não está expondo acusações (comuns em períodos eleitorais) contra alguns e escondendo contra outros. 

Outro abuso da mídia brasileira diz respeito ao direito de resposta. Hoje, por exemplo, um grande jornal pode fazer a acusação que quiser a qualquer um e essa pessoa não tem direito nem ao menos de dizer naquele mesmo veículo a sua versão dos fatos, se o tal jornal não quiser. E isso acontece o tempo todo.

Para se conseguir um direito de resposta, então, será preciso ingressar na Justiça e a obtenção desse direito pode demorar anos, caso aquele indivíduo tenha recursos financeiros suficientes para sustentar por tanto tempo um dispendioso processo judicial. Por conta disso, a mídia destrói reputações, causa danos imensos a pessoas acusadas por ela e depois, apesar de não provar a acusação que fez, não acontece nada. E as vidas das pessoas vão sendo destruídas pelo caminho.

Onde está, então, a censura? É censura querer dar ao público daquele veículo uma outra versão para a história que ele contou?

Como tornar viável a Lei da Mídia?
O principal entrave para regular a comunicação sem regras que há no Brasil reside no fato de que muitos deputados e senadores que votariam a Lei da Mídia são proprietários de meios de comunicação e essa lei fatalmente os privaria desse poder político imenso. Todavia, é a minoria da minoria dos parlamentares que detém tais meios. Resta saber, portanto, quão grande é a influência que parlamentares “com mídia” exercem sobre seus pares “sem mídia”.

De qualquer forma, uma campanha publicitária ampla explicando à sociedade o que seria a Lei da Mídia poderia desmascarar a campanha midiática e dos partidos de oposição ao governo Dilma – e até de alguns aliados – que tenta tachar como “censura” uma legislação que todos os países democráticos têm. Contudo, o governo pode sofrer um forte ataque midiático se levar essa campanha à frente e corre o risco de dividir a base aliada.

Recentemente, portanto, surgiu a ideia de promover um “plebiscito” sobre a Leia da Mídia. Isso impediria que interesses de parte da própria classe política no oligopólio das comunicações, prevalecessem. Na verdade, não seria bem um plebiscito. Teria que ser um referendo a um projeto de lei enviado ao Congresso pelo governo ou que fosse criado pelos parlamentares.

Como foi feito em relação às armas, o referendo permitiria um “horário eleitoral” na tevê no qual os que são contra e a favor daquele projeto de regulação da mídia expusessem as suas razões, e que vencesse quem tivesse os melhores argumentos. Todavia, entre os defensores da Lei da Mídia há quem não goste da ideia.

Segundo os opositores da proposta de um referendo à Lei da Mídia, os grandes meios de comunicação desencadeariam uma campanha contrária que tornaria desigual a disputa pelo voto popular. Parece bobagem. Não se faria nada mais ou nada menos do que se fez em todas as eleições presidenciais desde a redemocratização.

domingo, 28 de junho de 2015

SOCIOLOGIA / ATUALIDADES: MÍDIA - OS 50 ANOS DA TV GLOBO

SOCIOLOGIA / ATUALIDADES:

3° ano - Turmas A e B (Ensino Médio)
2° ano - Turmas A e B (Ensino Médio)
IBITURUNA TOP (Pré-Vestibular)

MÍDIA: OS 50 ANOS DA TV GLOBO


Comunicação: Rede Globo, sinônimo de televisão no Brasil?

No Brasil, a televisão ainda se mantém como o meio mais presente no dia a dia dos brasileiros. Aqui, a mídia televisiva é o meio de comunicação que tem maior repercussão e alcance entre a população. Apesar de recentes dados sobre queda na audiência, uma pesquisa realizada pela Secom (Secretaria de Comunicação visual da Presidência da República), em 2010, apontou que 94,2% da população brasileira utiliza a televisão como fonte principal de informação e entretenimento.

Trajetória e cultura de massa: Era Getúlio Vargas. Durante os anos 1930 o rádio foi o mais importante veículo de integração nacional e o Estado começou a se preocupar com uma gestação de identidade nacional. No início dos anos 1950, o jornalista Roberto Marinho, então dono de um jornal e uma rádio, percebeu que a TV surgia como o novo advento de comunicação de massa e decidiu apostar no setor.

Em 1957, o presidente Juscelino Kubitschek (1902-1976) aprovou a concessão pública de um canal para a Rede Globo, que seria inaugurado em 1965. Os primeiros anos foram difíceis para o canal que amargava baixas audiências, mas no final da década, com as mudanças na programação e produção, o canal começou a ganhar terreno e a ter receitas com publicidade. Logo ela se tornaria o principal veículo para os anunciantes.

Identidade e integração nacional: Durante a ditadura militar (1964-1985), a TV superou o poder de comunicação do rádio e apoiou o regime para evitar problemas políticos. O apoio editorial à ditadura foi confirmado em um editorial do jornal O Globo em 31 de agosto de 2013, após as manifestações de junho do mesmo ano. "Já há muitos anos, em discussões internas, as Organizações Globo reconhecem que, à luz da História, esse apoio foi um erro", diz o texto.

Enquanto isso, o governo militar expandia seu projeto de integração nacional, buscando unir o país com megaprojetos como a estrada Transamazônica e a instalação de um sistema nacional de torres de televisão. Em 1965, estreia a primeira telenovela da Globo “Ilusões Perdidas”. A partir de 1969, a emissora começa a transmissão via satélite, um marco tecnológico para a época. A inovação chega a todo o país e permite que brasileiros assistam programas ao vivo, como os jogos de futebol.

No mesmo ano estreia o “Jornal Nacional”, que influenciaria a vida política brasileira. Primeiro, por integrar todo o país sendo o primeiro jornal transmitido para todo o território nacional. Segundo, com uma ampla audiência, torna-se o principal veículo de informação da vida política do país.

Quando a programação da Globo passou a ser nacional, muitos brasileiros começaram a ter referências em comum. O alcance da emissora ajudou a formar a cultura de massa no Brasil, com a população compartilhando costumes, gostos, preferências, bordões e comportamentos vistos nos programas e, principalmente, nas novelas da emissora. De alguma forma, todo o país estava conectado por um canal, todos os dias, nos mesmos horários.

Inovações: Outra inovação trazida pela emissora, cujo formato foi muito influenciado pela TV norte-americana, foram os anúncios publicitários. Logo no início, as inserções comerciais eram feitas ao longo do dia nos intervalos dos programas. Ou seja, o formato que hoje se vê em todos os canais brasileiros.

A dramaturgia foi outro elemento de destaque na trajetória da Rede Globo. O brasileiro já escutava novelas pelas rádios e a emissora foi pioneira em transportar o gênero para a TV. A empresa fortaleceu a indústria criativa do país e também criou o Projac, maior conjunto de estúdios televisivos das Américas, inaugurado em 1995.

Combinando seu alcance nacional e uma capacidade técnica e tecnológica avançada e relação às outras redes, a emissora ajudou a construir, através de suas novelas, uma identidade brasileira que era transmitida dentro e, mais tarde, fora do Brasil, passando a ditar tendências de comportamento, moda e outros.

Polêmicas: Desde a sua fundação, a Rede Globo tem um longo histórico de protagonismo, mas também acumula controvérsias na forma como fez negócios e relatou (ou omitiu) fatos em seus telejornais. Entre as polêmicas, temos o caso da fundação da emissora, feita em sociedade com uma empresa norte-americana, a Time-Life, o que era proibido pela Constituição; o suposto apoio ao regime militar e a influência em eleições presidenciais, como ocorreu em 1989, na edição jornalística do debate entre os candidatos Fernando Collor de Mello e Lula, que culminou na vitória do primeiro.

Críticos de comunicação sempre apontaram o excesso de poder que a Globo teria para influenciar a opinião pública. O jornalista Roberto Marinho chegou a ser considerado um dos homens mais poderosos do país e era amigo de presidentes, como Tancredo Neves (1910-1985), que chegou a consultar o empresário para nomear o ministro das Comunicações. O indicado de Marinho foi Antonio Carlos Magalhães (1927-2007). Após a morte de Tancredo, José Sarney assumiu o cargo e manteve a indicação de ACM.

Outra acusação é de que o Grupo Globo apoiava a ditadura militar. O jornal “O Globo”, por exemplo, chegou a fazer um editorial apoiando o golpe que depôs o governo do presidente João Goulart. E na época da campanha das Diretas Já, em 1984 e 1985, o canal fez uma cobertura limitada das manifestações no país porque temia que uma cobertura ampla acirrasse o clima político.

A manipulação da informação para omitir as jornadas das Diretas Já incluía cobrir um comício em São Paulo (SP) no dia 25 de janeiro de 1984 e apresentá-lo como se ele fosse parte do aniversário da cidade. Este ano, o canal reconheceu publicamente esses erros.

Movimentos sociais como o coletivo Intervozes criticam a concentração econômica em um único canal e consideram a Rede Globo como o símbolo de um monopólio no setor. Mais recentemente, a emissora foi citada num caso de sonegação fiscal. O conglomerado de comunicação é suspeito de ter sonegado o Imposto de Renda ao usar um paraíso fiscal para comprar os direitos de transmissão da Copa do Mundo FIFA de 2002. No entanto, o processo desapareceu da Receita Federal. Em 2013 uma funcionária do órgão foi condenada pelo sumiço do documento.

No mesmo ano, a emissora confirmou ter pagado uma multa de R$ 274 milhões à Receita Federal, em 2006. Em nota, a assessoria da emissora declarou que "todos os procedimentos de aquisição de direitos de transmissão da Copa do Mundo de 2002 pela TV Globo deram-se de acordo com as legislações aplicáveis, segundo nosso entendimento. Houve entendimento diferente por parte do Fisco. Este entendimento é passível de discussão, como permite a lei, mas a empresa acabou optando pelo pagamento".

O poder da TV: Como meio de comunicação, o teórico Jesús Martín-Barbero escreve que "a televisão terminou por se constituir ator decisivo das mudanças políticas, protagonista das novas maneiras de fazer política". Nesse sentido, televisão e poder se misturam. 

Para o filósofo Norberto Bobbio, o poder -- "a capacidade de um sujeito influir, condicionar e determinar o comportamento de outro individuo"--, é a finalidade última da política e ele se constrói através do poder econômico, político e ideológico. Este último é exercido com o uso da palavra e da transmissão de símbolos, ideias e visão de mundo, ou seja, através dos meios de comunicação e da indústria cultural.

No caso da TV, o papel mais importante que ela cumpre como mídia decorre da possibilidade de construir a realidade por meio da representação que faz nos seus telejornais, da própria política e dos políticos, e nos programas de entretenimento e telenovelas, da realidade e dia a dia do país. Não à toa, esse poder da mídia gerou a expressão "quarto poder", criada no final do século 19.

No Brasil, embora siga líder de audiência e ainda enfrente protestos contra a sua programação e o viés jornalístico, a emissora tem pela frente o desafio de se adaptar a novas tecnologias, como a TV digital, e plataformas de conteúdo, e acima de disso, se antecipar para repetir o feito no passado: ser a TV do futuro.