sexta-feira, 8 de agosto de 2014

SOCIOLOGIA - RELIGIOSIDADE E SINCRETISMO NO BRASIL

3° ANO: Turmas A e B (Ensino Médio)
Ibituruna TOP (Pré-Vestibular)
COLÉGIO IBITURUNA

CATOLICISMO
Do descobrimento à Proclamação da República, o catolicismo foi a religião oficial do Brasil, devido a um acordo de Direito de Padroado firmado entre o Papa e a Coroa Portuguesa. Neste tipo de acordo, todas as terras que os portugueses conquistassem deveriam ser catequizadas, mas tanto as Igrejas quanto os religiosos se submeteriam à Coroa Portuguesa em termos de autoridade, administração e gerência financeira. 

Com a Proclamação da República, foi declarada a independência do Estado em relação à Igreja, e foi instituída a liberdade de culto, sendo o Brasil declarado um Estado laico, isto é, isento de vínculos religiosos. 

O catolicismo no Brasil colonial foi implantado pelos jesuítas durante o período colonial e depois por outras Ordens Religiosas que assumiram o serviço das paróquias, dioceses, institutos educacionais e hospitais. Em 1750, graves conflitos entre os colonos e padres levaram o Marquês de Pombal a expulsar os jesuítas do Brasil, pois eles resistiam em permitir que os índios fossem escravizados.

Sob muitos aspectos, o catolicismo no Brasil foi pioneiro: 
* Em 1952 criou-se a CNBB (Confederação Nacional dos Bispos do Brasil), idealizada por Dom Helder Câmara, a primeira agremiação episcopal do mundo com a finalidade de coordenar a ação da Igreja como um todo no território nacional.


Basílica de Nossa Senhora Aparecida - Aparecida do Norte-SP

* De 1960 a 1980, o Movimento de Teologia da Libertação, formado por religiosos e leigos que interpretavam o evangelho sob um ponto de vista social, fundou as CEB (Comunidades Eclesiais de Base), idealizadas pelo Cardeal Arcebispo do Rio de Janeiro Dom Eugênio Sales. Estas comunidades participaram ativamente da vida política e reformas sociais do Brasil, sofreram duramente nos anos de repressão.



De 1980 a 2000, o Movimento de Renovação Carismática Católica
originado nos EUA e apoiado pelo Papa João Paulo II, cresceu e se difundiu, levando à romanização e centralização da coordenação da Igreja Católica. Práticas antigas, foram retomadas, como a Reza do Terço, a devoção Mariana e os cultos carregados de música e emoção. O Movimento de Renovação Carismática valoriza a ação do Espírito Santo, aproximando-se da visão das Igrejas Neopentecostais evangélicas, e atraiu a juventude para os cultos e grupos de oração, tendo como figura mais evidente o Padre Marcelo Rossi, religioso paulistano que se tornou um fenômeno de mídia. 


PROTESTANTISMO
Nos séculos XIX e XX chegaram ao Brasil, através de imigrantes europeus, as Igrejas Protestantes Históricas, descendentes da Reforma Protestante do século XVI. Desta forma os Luteranos, Metodistas, Presbiterianos, Batistas, Anglicanos e Congrega- cionalistas se incorporaram à população brasileira, na região Nordeste trazidos pelos ingleses, por volta de 1835, e na Região Sul trazidos pelos alemães e europeus em geral (1824).

Nas outras regiões do país, as Igrejas Protestantes chegaram mais por força do intensivo trabalho missionário desenvolvido do que através de imigração.

De acordo com dados de 2000, 3% do total da população brasileira pertencem a uma destas Igrejas, e este número tem se mantido estável nos últimos anos.

Dentre estas Igrejas, conhecidas como protestantes históricas estão: Igreja Batista, Presbiteriana, Metodista, Luterana e Anglicana.

Mais recentemente, o Movimento Pentecostal, iniciado nos Estados Unidos tomou força no Brasil, trazendo novos conceitos dentro do protestantismo e rompendo com normas rígidas de conduta impostas pelas Igrejas históricas. O Pentecostalismo Clássico de 1910 a 1950 trouxe a fundação da Congregação Cristã do Brasil(1910) e da Assembléia de Deus (1911). De 1950 a 1970, missionários norte-americanos criaram a Cruzada Nacional de Evangelização, atuando através do rádio, e foram fundadas a Igreja do Evangelho Quadrangular (1953), do Brasil para Cristo e Deus é Amor (1962), e a Casa da Benção (1964).

Movimento Pentecostal: nascido nos Estados Unidos em 1901, a corrente Pentecostal trouxe certas mudanças ao protestantismo; a principal delas, a crença no fato de que o Espírito Santo continua a se manifestar nos dias de hoje. (A Festa de Pentecostes marca o dia em que Espírito Santo se manifestou, e é descrita na Bíblia em Atos 2). Desta crença se originam as práticas de cura, profecia e exorcismos, entre outras.

Movimento Neopentecostal: teve início nos anos 70, e trouxe inovações, como o uso da mídia eletrônica e a administração empresarial das igrejas. Entre elas estão a Igreja Universal do Reino de Deus (1977), a Igreja Internacional da Graça de Deus(1980), a Comunidade Evangélica Sara Nossa Terra (1976) e a Igreja Renascer em Cristo (1986).

No total, as igrejas Pentecostais e Neopentecostais contam com um número crescente de fiéis.


ESPIRITISMO
O Espiritismo não pode ser definido somente como religião, nem somente como filosofia. A doutrina que admite o princípio de reencarnação e manifestações dos espíritos dos mortos entre os vivos, embora fundamentada firmemente na doutrina e orações da Igreja Católica, não tem liturgia complicada, restrições, rituais de adoração, sacerdotes ou Igrejas, apresentando aos praticantes simplesmente um conjunto de princípios para tornar o homem um ser mais evoluído e tolerante e, principalmente, responsável pelos seus atos. Incorporando temas como a Lei de Retorno (ou karma), as práticas mediúnicas de contato com espíritos desencarnados e um amplo trabalho de assistência social, o Espiritismo se adapta de tal forma à espiritualidade e misticismo dos brasileiros que o Brasil é considerado o maior país espírita do mundo, com cerca de 8 milhões de adeptos no ano 2000, e mais de 9.000 centros.

As primeiras manifestações de espíritos, oficialmente registradas no Brasil, ocorreram em 1845, no Distrito de Mata de São João. Baseado nos trabalhos de Allan Kardec, (de onde provém o nome “kardecismo” amplamente usado no Brasil), o Espiritismo chegou ao Brasil, como prática, em 1865, quando Luiz Olímpio Teles de Menezes fundou em Salvador o Grupo Familiar de Espiritismo, que, a partir de Julho de 1869, iniciou a publicação da revista espírita Eco de Além Túmulo.

Em 1876, foi fundada no Rio de Janeiro a Sociedade de Estudos Espíritas Deus, Cristo e Caridade; em 1877, foram fundados a Congregação Anjo Ismael, o Grupo Espírita Caridade e o Grupo Espírita Fraternidade. No ano de 1883, começou a ser publicado “ O Reformador” , um periódico espírita fundado por Augusto Elias da Silva, que no ano de 1884 fundou também a Federação Espírita Brasileira. A Livraria da Federação, criada em 1897, é responsável pela edição, distribuição e divulgação da vasta literatura espírita.

Nomes de importância mundial no espiritismo vieram do Brasil, como o Dr. Adolfo Bezerra de Menezes Cavalcante, presidente da Federação que, a partir de 1900, passou a ser, no Mundo Espiritual, o Apóstolo do Espiritismo Brasileiro, e médiuns famosos como Francisco Cândido Xavier, José Pedro de Freitas (Zé Arigó), e atualmente Divaldo Pereira Franco. Embora durante muitos anos as práticas Espíritas dependessem exclusivamente da intercessão de Médiuns, existe uma corrente de estudos que avalia manifestações de espíritos ocorridas através de aparelhos eletrônicos de áudio e vídeo, conhecida como Transcomunicação.


CANDOMBLÉ E UMBANDA
Religiões africanas e sincretismo religioso

Quem trouxe o candomblé para o Brasil foram os negros que vieram como escravos da África. Entre eles se destacavam dois grupos: os bantos (que vinham de regiões como o Congo, Angola e Moçambique) e os sudaneses, que vinham da Nigéria e do Benin (e que são os iorubas, ou nagôs, e os jejes).

Porém, a religião oficial no Brasil era o catolicismo, trazido pelos brancos, de origem portuguesa. O candomblé - culto africano que se tornou afro-brasileiro - era encarado como bruxaria. Por isso era proibido e sua prática reprimida pelas autoridades policiais. Assim, os negros passaram a cultuar suas divindades e seguir seus costumes religiosos secretamente. Para disfarçar, identificavam seus deuses com os santos da religião católica. Por exemplo, quando rezavam em sua língua para Santa Bárbara, estavam cultuando Iansã. Quando se dirigiam a Nossa Senhora da Conceição, estavam falando com Iemanjá. Esse processo foi chamado de sincretismo religioso.

Candomblé: O candomblé tem rituais realizados ao ritmo de atabaques e cantos em idioma ioruba ou nagô, que variam conforme o orixá que está sendo cultuado. As cerimônias do candomblé são realizadas nos "terreiros" - que hoje são casas ou templos, mas expressam no nome suas origens: era em clareiras na mata que os escravos podiam expressar sua religiosidade. Os ritos são dirigidos por um pai de santo (que tem o nome africano de babalorixá) ou uma mãe de santo (ialorixá). Também são feitas oferendas e consultas espirituais através do jogo de búzios (um tipo de concha do mar que é usada como um oráculo para orientar e fazer previsões). Atualmente, os terreiros de candomblé mais próximo a suas origens estão na Bahia.

Com o tempo, essa religião africana praticada no Brasil foi adquirindo características próprias. O candomblé de caboclo, por exemplo, é um ritual que incorpora elementos da cultura caipira e dos índios.

Umbanda: No início do século 20, algumas décadas depois da abolição da escravatura no Brasil, originou-se na cidade de Niterói, no Rio de Janeiro, um culto afro-brasileiro muito importante: a umbanda. Ela incorpora práticas do candomblé, do catolicismo e do espiritismo. É um culto mais brasileiro, mais simples e mais popular, até porque seu idioma é o português e não as línguas ou dialetos africanos. Mas a umbanda também sofreu perseguições. Muitos terreiros foram invadidos pela polícia e os rituais foram proibidos.

No entanto, com a Proclamação da República, a Igreja e o Estado se separaram. A partir daí, tornou-se um contra-senso a polícia discriminar uma religião. Além disso, com o movimento modernista e a valorização da cultura popular, as religiões afro-brasileiras tornaram-se objeto de interesse e estudo de intelectuais que saíram em sua defesa.

Desse modo, a umbanda deixou de ser perseguida e foi conquistando muitos seguidores. Para a umbanda, o universo está povoado de entidades espirituais que são chamadas guias e se comunicam através de uma pessoa iniciada, o médium. As guias se apresentam como pomba-gira, caboclo ou preto-velho. O caboclo é a representação do índio brasileiro e o preto-velho representa o negro no cativeiro. Existem muitas diferenças na maneira como a religião é praticada nos diversos templos e terreiros de umbanda e nas diversas regiões do Brasil.


JUDAÍSMO
Com os colonizadores portugueses vieram cristãos novos, judeus convertidos ao cristianismo, batizados contra a vontade para fugir da Inquisição. Possivelmente, o primeiro que pisou solo brasileiro foi Gaspar de Lemos, intérprete de Pedro Álvares Cabral, em 1500. Outro cristão novo, Fernando de Noronha, que descobriu a ilha com seu nome, chegou ao Brasil em 1503. 

Embora em 1567 a imigração de conversos tenha sido proibida, muitos cristãos novos continuavam a chegar clandestinamente, fugindo da Inquisição Portuguesa, que inclusive chegou a fixar um escritório em Recife para julgar cristãos novos que ainda mantivessem ritos judaicos. 

As invasões holandesas trouxeram cerca de 1000 judeus e breves períodos de liberalização da religião, tendo em 1630 sido fundadas 2 sinagogas em Recife pelo rabino Issac Aboab da Fonseca, mas com a reconquista pelos portugueses os judeus assumidos foram obrigados a deixar o país.

A opressão aos convertidos só se encerrou em 1773, quando o Marquês de Pombal aboliu a distinção entre cristãos novos e velhos cristãos, mas a situação melhorou na verdade quando a família real veio para o Brasil, pois o tratado de comércio com os ingleses exigia que não se fizesse nenhum tipo de perseguição a estrangeiros por questões de consciência. 

Em 1812, o primeiro grupo de judeus Sefaradim (ou sefarditas) se estabeleceu na Amazônia, e, em 1828, foi fundada a sinagoga Shaar ha-Shamayim (Portal do Céu). A partir de 1850, vários grupos de judeus chegaram ao Brasil e se espalharam por todo o território, sendo que no início do século XX começaram a chegar grupos de judeus Ashkenazim (ou asquenazitas) provenientes da Europa e que, por familiaridade lingüística e cultural, se dirigiram em maior número para a região Sul do país.

Nas décadas de 30 e 40, uma vigorosa corrente de imigrantes fugidos da perseguição nazista chegou ao Brasil, e no ano de 1966 foi fundada a primeira Yeshivah brasileira, um tipo de seminário destinado à formação de rabinos. 

Estima-se, atualmente, em cerca de 250.000 o número de judeus no Brasil, concentrados em São Paulo, Rio de Janeiro, Belém, Recife, Salvador e Rio Grande do Sul.


ISLAMISMO
Hoje, no Brasil, há cerca de 1 milhão de muçulmanos, distribuídos principalmente em são Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Curitiba, Rio Grande do Sul e Foz do Iguaçu. Existem no território nacional cerca de 100 mesquitas, 5 na cidade de São Paulo, sendo que a principal delas, a Mesquita Brasil, foi a primeira a ser construída no Brasil, em 1929. 

A grande maioria da população muçulmana do Brasil descende de imigrantes Libaneses, Sírios, Palestinos e de outros países árabes, mas houve na história brasileira uma população islâmica particularmente ativa, que não deixou descendentes, mas criou um capítulo à parte na história do país: "A Revolta dos Malês".


Fonte: 

http://www.brazilsite.com.br/

www.uol.com.br