sexta-feira, 24 de outubro de 2014

SOCIOLOGIA: CLÁSSICOS - KARL MARX E A LUTA DE CLASSES

1° ANO: Turmas A, B e C (Ensino Médio)
3° ANO: Turmas A e B. (Ensino Médio)
COLÉGIO IBITURUNA

KARL MARX E A CRÍTICA DA SOCIEDADE CAPITALISTA 

"Os filósofos não têm feito senão interpretar o mundo de diferentes maneiras: o que importa é transformá-lo".(Marx). 

Marx nasceu em Treves, na Prússia (não confundir com Rússia), em 1818. Era filho de um advogado judeu convertido ao protestantismo. Foi filósofo, historiador, economista e jornalista. Deixou numerosos escritos, tais como os "Manuscritos econômicos e filosóficos", "O 18 Brumário de Luís Napoleão", "Contribuição à crítica da economia política", "O Capital", e, em conjunto com Friedrich Engels, "A Ideologia Alemã", "Manifesto Comunista", entre outros. Segundo Engels, as duas grandes descobertas científicas de Marx foram: a concepção do materialismo histórico e a teoria da mais- valia. Ativista político fundou e dirigiu a Primeira Internacional Operária, de 1867 a 1873. Em 1843, exilou se em Paris e posteriormente em Bruxelas e em Londres, onde morreu em 1883. 

Atualmente é bastante difícil analisar a sociedade humana sem citar, em maior ou menor grau, a produção de Marx, mesmo que a pessoa não seja simpática à ideologia construída em torno de seu pensamento intelectual, principalmente em relação aos seus conceitos econômicos e à sua ideia de revolução. 

Para Marx, Hegel inverte a relação entre o que é determinante – a realidade material – e o que é determinado – as representações e conceitos do Espírito ou consciência. Na abordagem de Marx, as condições materiais (realidade material), nas quais se encontram os homens determinam sua forma de pensar, sentir, crer e agir (dimensão do Espírito). No contexto dialético, entretanto, o espírito não é uma consequência passiva da ação realidade material, podendo reagir sobre aquilo que o determina. Isso significa que a consciência do homem, mesmo sendo determinada pela realidade material e estando historicamente situada, não é pura passividade: o conhecimento do determinismo liberta o homem por meio da ação deste sobre o mundo, possibilitando inclusive a ação revolucionária. 

O materialismo histórico não é mais do que a aplicação dos princípios do materialismo dialético ao campo da história. E, como o próprio nome indica, é a explicação da história por fatores materiais (econômicos, técnicos). Contrapondo-se ao idealismo hegeliano, Marx procurou compreender a história dos homens a partir das condições materiais nas quais eles vivem (= materialismo histórico), e não a partir do Espírito ou Consciência. 

A forma como os indivíduos se comportam, agem, sentem e pensam (dimensão do Espírito ou Consciência) é determinada pela forma de produção da vida social, ou seja, pela maneira como os homens trabalham e produzem os meios necessários para a sustentação material das sociedades. 

Influências - Hegel - Método dialético (tese, antítese, síntese) 
Tese: a teoria.
Antítese: toda teoria traria internamente o seu contrário.  
Síntese: Através da revisão da teoria e dos seus elementos contrários se constitui uma teoria. 

Saint Simon, François-Charles Fourier, Robert Owen (socialismo utópico):
Transformação total da sociedade: eliminação do individualismo, da competição e da influência da propriedade privada através da descoberta de um sistema novo e perfeito de ordem social para implantação na sociedade. 

Principais Conceitos: 
Alienação 
Alienação econômica: desprovimento dos modos de produção e do produto final. 
Alienação política: ideia falsa de representatividade (liberalismo). O Estado não é imparcial representa interesses de uma classe – a burguesia. 
Alienação intelectual: a filosofia, a ciência também representa interesses de classe. Meio de superação da alienação: crítica ao sistema econômico, político e filosófico. => Práxis. 

* Concepção estrutural da sociedade (infra e superestrutura): a infraestrutura ou base econômica (formas de trabalho, recursos naturais e humanos, fontes de energia, relações de trabalho, tecnologia etc.) de uma sociedade determina a sua superestrutura (religião, formas de poder, ideologias, moral, filosofia, arte etc). 

* Capital e trabalho: Para Marx, o trabalho é a atividade fundamental do homem. É por meio do trabalho que o homem constrói a si mesmo e ao mundo ao seu redor. No entanto, ao longo da história (sobretudo no contexto do capitalismo), o trabalho perde a sua dimensão de realização, tornando-se, no âmbito do sistema capitalista, uma mercadoria, que pode ser vendida ou comprada a qualquer momento. Porém, a força de trabalho é uma mercadoria com dupla face: por um lado, é uma mercadoria como outra qualquer, paga pelo salário; por outro lado, é a única mercadoria que produz valor, ou seja, que reproduz o capital. 

* Classes sociais, mais-valia e alienação: Segundo Marx, na sociedade capitalista as relações sociais de produção definem dois grandes grupos dentro da sociedade: 
- De um lado, os capitalistas, que são aquelas pessoas que possuem os meios de produção ou recursos materiais (máquinas, ferramentas, capital, etc.) necessários para produzir as mercadorias, serviços, etc.; 
- Do outro lado, os proletários (ou trabalhadores), aqueles que não possuem nada, a não ser o seu corpo e a sua disposição para trabalhar. Eles vendem a sua força de trabalho (recurso humano) ao capitalista. 

Classes Sociais: As ideias liberais consideravam os homens como iguais, político e juridicamente, entretanto para Marx não existia essa igualdade social e a própria história é vista por ele como a história da luta de classes (da luta entre explorados e exploradores). Capitalismo: O trabalhador operário vende sua força de trabalho à burguesia (Há um antagonismo entre as duas classes). A desigualdade entre as classes sociais é provocada pelas relações de produção (proprietários x não-proprietários) 
Relações entre as classes: 
Relações antagônicas e de oposição – devido aos interesses contraditórios e irreconciliáveis.
Relação de complementaridade interdependência – uma classe não existe sem a outra.

Marx denominou o lucro obtido sobre o trabalho do operário de “mais-valia”. 
O operário é contratado para trabalhar dentro de uma certa carga horária. Porém, bem antes de completar sua carga horária, ele já produziu mais do que o suficiente para pagar seu salário e para cobrir os gastos com os meios de produção utilizados durante o seu trabalho. O tempo restante de sua carga horária não é de fato remunerado; ele trabalha “de graça”, a fim de gerar o lucro do burguês. Marx distinguiu duas formas de mais-valia: a absoluta, que está baseada na extensão da jornada de trabalho do operário (quanto maior for a carga horária maior será a mais-valia) e a relativa, que está baseada na mecanização da fábrica. Tal mecanização permite ao operário produzir muito mais num curto espaço de tempo, o que provoca um maior tempo de trabalho não pago (mais-valia). 

* Forças produtivas, Relações de produção e modo de produção: 
Forças produtivas: ao conjunto dos meios de produção (recursos materiais) mais o trabalho humano, damos o nome de forças produtivas. Estas alteram-se ao longo da História. Até meados do século XVIII, por exemplo, a produção era feita com o uso de instrumentos simples, acionados por força humana, por tração animal e pela energia proveniente da água ou do vento. Com a Revolução Industrial, a partir da segunda metade do século XVIII, foram desenvolvidas máquinas, que utilizavam o vapor como fonte de energia e, mais tarde, a eletricidade e o petróleo. Alteraram-se, portanto, os meios de produção e, consequentemente, as técnicas de trabalho. Houve, assim, uma profunda mudança nas forças produtivas. 

Relações de produção: para produzir os bens de consumo e de serviço de que necessitamos, os homens estabelecem relações uns entre os outros. As relações que se estabelecem entre os homens na produção, na troca e na distribuição dos bens são as relações de produção. As relações de produção mais importantes são aquelas que se estabelecem entre os proprietários dos meios de produção e os trabalhadores. Isso porque todo processo produtivo conta sempre com pelo menos dois agentes sociais básicos: trabalhadores e proprietários dos meios de produção. Assim, por exemplo, a produção na sociedade capitalista só existe porque capitalistas e trabalhadores entram em relação. O capitalista paga ao trabalhador um salário fixo para que trabalhe para ele e, no final da produção, fica com o lucro (mais-valia). Esse tipo de relação foi denominada por Marx de relação de produção assalariada. 

Modos de produção: o modo de produção é a maneira pela qual a sociedade produz seus bens e serviços, como os utiliza e os distribui. O modo de produção de uma sociedade é formado por suas forças produtivas e pelas relações de produção existentes nessa sociedade. Ele é, portanto, a maneira pela qual as forças produtivas se organizam em determinadas relações de produção num dado momento histórico. Por exemplo, no modo de produção capitalista, as forças produtivas, representadas sobretudo pelas máquinas do sistema fabril, determinam as relações de produção caracterizadas pelo dono do capital e pelo operário assalariado. 

* Contradição social e luta de classes: Para Marx, as forças produtivas do capitalismo não eram mais um motivo de desenvolvimento social, mas antes criavam um entrave, já que entravam em contradição com as relações de produção. Abre-se, então, uma época de revolução social. As revoluções não acontecem por acaso, são expressão de uma necessidade histórica. Por outro lado, novas relações de produção só se tornam realidade depois que as antigas tenham decaído. Daí, a necessidade das revoluções sociais: transformar radicalmente as antigas relações sociais. O processo histórico é resultado dessas lutas de classes. 

* O Estado: instrumento da classe dominante: Para Marx, o Estado é uma estrutura de poder que concentra, resume e põe em movimento a força política da classe dominante (de um ponto de vista mais geral e abstrato). Em suma, o Estado é um aparelho usado pela classe dominante para controlar a sociedade e manter a coesão social. 

SOCIALISMO: eliminação do individualismo, da competição e da propriedade privada através da luta de classes (burguesia X proletariado). Seria uma etapa para se alcançar o comunismo. 

COMUNISMO: sociedade onde são abolidas as classes sociais e a propriedade privada dos meios de produção. 

CONTRIBUIÇÃO DA TEORIA MARXISTA 
As principais contribuições da teoria marxista para a Sociologia foram abordagem do conflito da dinâmica histórica, da relação entre consciência e realidade e a inserção do homem e sua práxis (seu fazer) no contexto social. O método marxista permite o constante movimento do geral para o particular, das leis macrossociais para suas manifestações históricas, do movimento estrutural da sociedade para a ação humana individual e coletiva. Sua teoria provocou mudanças no pensamento científico e político da época através da crítica à realidade social e à ação política

domingo, 21 de setembro de 2014

SOCIOLOGIA: CIDADANIA E DEMOCRACIA

2° ANO - Turmas A e B (Ensino Médio) 
Ibituruna TOP (Pré-Vestibular)
COLÉGIO IBITURUNA

CIDADANIA E DEMOCRACIA

O que é cidadania?

 Ser cidadão é respeitar e participar das decisões da sociedade para melhorar suas vidas e a de outras pessoas. Deve ser divulgada através de instituições de ensino e meios de comunicação para o bem estar e desenvolvimento da nação. A cidadania consiste desde o gesto de não jogar papel na rua, não pichar os muros, respeitar os sinais e placas, entre outros.



Como surgiu a cidadania?A palavra democracia tem sua origem na Grécia Antiga (demo=povo e kracia=governo). Este sistema de governo foi desenvolvido em Atenas (uma das principais cidades da Grécia Antiga). Embora tenha sido o berço da democracia, nem todos podiam participar nesta cidade. Mulheres, estrangeiros, escravos e crianças não participavam das decisões políticas da cidade. Portanto, esta forma antiga de democracia era bem limitada.



 Na Idade Média (séc. V até XV d.C.): 

Surgiram na Europa, os feudos (ou fortalezas particulares), com isso a ideia de cidadania acaba, pois os proprietários dos feudos passaram a exercer rígido controle social, e os servos que habitavam os feudos não podiam participar de nada.

 Após a Idade Média os feudos se decompõem, formando novas cidades e depois países.


 Entra a 3ª era (Idade Moderna – séc. XV ao XVIII d.C): 
Com o tempo, os reis começaram a prejudicar o progresso da burguesia. Para acabar com o Absolutismo foram realizadas grandes revoluções burguesas que tinham por objetivo tirar o rei do poder: Revolução Industrial; Iluminismo (Revolução industrial); Revolução Francesa.

 Com o fim do Absolutismo, entra a Idade Contemporânea (séc. XVIII até os dias de hoje), surgindo um novo tipo de Estado, o Estado de Direito, que é uma grande característica do modelo atual. A principal característica do Estado de Direito é: "Todos tem direitos iguais perante a constituição", percebendo assim, uma grande mudança no conceito de cidadania.

 A burguesia precisava do povo e o convencida de que todos estavam contra o Rei e lutando pela igualdade, surgindo assim, as primeiras constituições (Estado constituído a serviço da Burguesia). Acontece a grande contradição: Cidadania X Capitalismo.

 Começaram a ocorrer greves contra os capitalistas por parte dos trabalhadores, que visavam uma vida melhor e sem exploração no trabalho.

Da função de político, o homem passa para a função de consumidor, o que é alimentado de forma acentuada pela mídia. O homem que consome satisfaz as necessidades que outros impõem como necessárias para sua sobrevivência. Ideia de consumo. Para mudar essas idéias, as pessoas devem criar seus próprios conceitos e a escola aparece como um fator fundamental.

Cidadania no Brasil
 Os direitos do homem e do cidadão e a cidadania são históricos, resultam das relações e dos conflitos sociais em determinados momentos da história de um povo.

 Deste modo, ao estudar o processo de formação da cidadania no Brasil temos de recuar ao nosso passado histórico para então voltar ao presente acompanhando as relações, os conflitos, os interesses e os grupos sociais que foram construindo a cidadania brasileira tal como a vivemos hoje.

 Seguindo esse caminho, logo veremos que não se pode tomar a história, principalmente da Europa e dos EUA, como um modelo a partir do qual a nossa história pode ser explicada. Afinal, uma investigação desse tipo tem o grave inconveniente de impedir uma interpretação das características particulares do processo de formação da cidadania brasileira.

A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão
 Art.1.º Os homens nascem e são livres e iguais em direitos. As destinações sociais só podem fundamentar-se na utilidade comum.
 Art. 2.º A finalidade de toda associação política é a conservação dos direitos naturais e imprescritíveis do homem. Esses direitos são a liberdade, a propriedade, a segurança e a resistência à opressão.
 Art. 3.º O princípio de toda a soberania reside, essencialmente, na nação. Nenhum corpo, nenhum indivíduo pode exercer autoridade que dela não emane expressamente.
 Art. 4.º A liberdade consiste em poder fazer tudo que não prejudique o próximo: assim, o exercício dos direitos naturais de cada homem não tem por limites senão aqueles que asseguram aos outros membros da sociedade o gozo dos mesmos direitos. Estes limites apenas podem ser determinados pela lei.

Compreensão histórica da cidadania no Brasil
 No Brasil, a construção da cidadania e a afirmação dos direitos do homem e do cidadão têm percorrido caminhos difíceis e bastante tortuosos.

 Diferente de alguns países, a construção do Estado, entre nós, foi orientada para a manutenção de relações que beneficiaram as elites políticas, econômicas e sociais. Em vez de lutas contra privilégios que instaurassem o regime dos direitos, tivemos arranjos políticos que preservaram privilégios de poucos.

 Dessa forma, a troca de favores e os laços pautados em vínculos pessoais se reproduzem com muita força na vida social brasileira. Essas relações dificultam a consolidação de uma sociedade civil organizada e atuante, que luta pela construção das relações de direitos comuns a todos, independente dos grupos aos quais as pessoas pertencem.

 Além de definir o favor como a relação central com a sociedade, o Estado brasileiro, por séculos, teve uma ação repressiva, por vezes de extrema violência, sobre os movimentos sociais, o que impediu a construção de uma sociedade civil mais organizada e atuante nas causas públicas.

 Assim, a desmobilização da sociedade civil brasileira não é um traço do caráter do brasileiro. Sobretudo, é um resultado histórico de uma ação política que impediu a organização da sociedade, silenciou grupos discordantes e definiu o favor e o corporativismo como a principal relação entre o Estado e a sociedade.

Para Émile Durkheim: Quando se refere aos sistemas eleitorais, critica os aspectos numéricos do que se entende por democracia. “Se nos ativermos às considerações numéricas, será preciso dizer que nunca houve democracia": 
Ex. :as eleições de 1893 na França, declara que havia no país 38 milhões de habitantes. Tirando as mulheres, crianças e todos que eram impedidos de votar por alguma razão, apenas 10 milhões eram eleitores. Desses 10 milhões apenas 7 milhões foram votar.

Alguns critérios para haver democracia num país:
 Eleições competitivas, livres e limpas para o Legislativo e o Executivo;
 Direito de voto, que deve ser extensivo à maioria da população adulta, ou seja, cidadania abrangente no processo de escolha dos candidatos;
 Proteção e garantia das liberdades civis e dos direitos políticos mediante instituições sólidas, isto é, liberdade de expressão, liberdade de imprensa.
 Controle efetivo das instituições legais e de segurança e repressão.

Democracia no Brasil
 No Brasil, as pessoas podem escolher seus representantes (vereadores, deputados, senadores, prefeitos, governadores e presidente) através do voto nas eleições. Existe liberdade de expressão e os direitos de manifestação são garantidos pela Constituição Brasileira.

Direitos civis, políticos e sociais
- Os direitos civis são os direitos fundamentais à vida, à liberdade, à propriedade privada e à igualdade perante a lei. É o direito de ir e vir e de liberdade de expressão e pensamento. O direito de não ter sua casa e seus bens violados e o de ser julgado e encarcerado apenas pela autoridade civil estabelecida pela lei vigente e após processo legal.

- Os direitos políticos garantem a participação do cidadão no governo. É o direito de eleger e de ser eleito. Realizar manifestações políticas e mesmo fundar partidos políticos. Os direitos civis não garantem os direitos políticos. Até 1985 vivíamos no Brasil uma ditadura militar, tínhamos direitos civis, mas não havia direito político.

Os direitos sociais: Eles incluem, por exemplo, o direito à educação, à saúde e a um salário justo.

Fonte:
http://www.efetividade.blog.br/
http://pt.slideshare.net/LucasJustino

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

SOCIOLOGIA: CLÁSSICOS - MAX WEBER

1° Ano: Turmas A, B e C (Ensino Médio)
3° Ano: Turmas A e B. (Ensino Médio)
COLÉGIO IBITURUNA

CLÁSSICOS: A SOCIOLOGIA DE MAX WEBER  

As transformações sociais e econômicas do século XVII e XVIII vivenciadas em todo o continente europeu influenciaram as preocupações intelectuais de Max Weber. A Alemanha teve o desenvolvimento capitalista e intelectual diferente do restante da Europa, enquanto França e Itália vivenciavam as revoluções burguesas republicanas e industriais a Alemanha permanecia monárquica e agrária. 

As sociedades modernas eram formadas a partir de uma profunda diversidade social, o restante do continente europeu em suas teorias políticas, econômicas e sociais buscava a universalidade através dos nacionalismos, do positivismo em relação ao progresso técnico e científico proporcionado pelo sistema capitalista industrial. Já os alemães apresentavam um amplo interesse pela História particular de cada povo e pela diversidade. O pensamento alemão pode ser sintetizado na associação entre História, esforço interpretativo e facilidade em discernir diversidades. 

Os Idealistas (Historicistas), corrente filosófica de Max Weber, defendem a pesquisa histórica, baseada na coleta de documentos e no esforço interpretativo das fontes. As diferenças sociais em cada território ou de uma nação para outra, apresentam-se como de gênese (origem) e formação, portanto de História, não de estágios de evolução. A perspectiva respeita o caráter particular e específico de cada formação social e histórica. 

Max Weber combina a perspectiva histórica de respeito às particularidades e à Sociologia que ressalta os elementos mais gerais de cada fase do processo. Para ele, a sucessão de fatos não faz sentido por si só, os dados são esparsos e fragmentados. Propõe então o Método Compreensivo que é o esforço interpretativo do passado e sua repercussão no momento presente. Assim, o conhecimento histórico é formado a partir da busca de evidências, onde o método permite ao cientista dar sentido social e histórico aos fatos separados, desfragmentados.   

AÇÃO SOCIAL: UMA AÇÃO COM SENTIDO: Por Ação Social entende-se a conduta humana (ato, omissão, permissão) dotada de sentido, ou seja, de uma justificativa elaborada subjetivamente, isto é, um significado subjetivo dado de forma racional ou irracional por quem o executa, o qual orienta seu próprio comportamento, tendo em vista a ação – passada, presente ou futura – de outro ou outros. 

O indivíduo é o agente social que dá sentido à sua ação, o sentido é compreendido através da análise do MOTIVO que leva a pessoa à ação, mas seus efeitos muitas vezes escapam ao controle e previsão do agente. É pelo motivo que se desvenda o sentido da ação e a motivação é formulada expressamente pelo agente ou está implícito em sua conduta.  
O motivo da ação pode ser de três tipos: 
I - Dado pela tradição 
II - Dado por interesses racionais 
III - Dado pela emotividade  

Então, tem sentido social toda ação que leva em conta a resposta ou a reação de outros indivíduos e é a interdependência entre os sentidos das diversas ações que dá o caráter social da ação. A tarefa do cientista é descobrir os possíveis sentidos das ações em todas as suas consequências.  
Ex.: Enviar uma carta – ato composto de uma série de ações sociais com sentido 
1 - Escrever, selar, enviar e receber – ações com uma finalidade objetiva;  
2 - Atores, agentes se relacionam nessa ação com orientação de motivos diversos: enviar a carta, ser o atendente no posto dos correios, o carteiro, o destinatário.  
3 - Essa interdependência entre os diversos motivos que torna a ação social.  

O sentido da ação é produzido pelo indivíduo através dos valores sociais que ele compartilha e do motivo que emprega. Prever todas as consequências da ação escapa ao indivíduo e é papel do cientista, a quem cabe explicar, isto é, captar e interpretar as conexões de sentido inclusas numa ação. 

A conexão entre motivo e ações sociais revela as diversas instâncias da ação social: política, econômica ou religiosa. As ações variam em grau de racionalidade: à medida que se afastam dos costumes e afetos elas são mais racionais.        

  
Max Weber elaborou um quadro de tipos “puros” de ação social:  
Ação Racional Instrumental (com relação a fins): Para atingir um objetivo previamente definido, lança-se mão de meios necessários ou adequados, ambos combinados e avaliados tão claramente quanto possível de seu próprio ponto de vista. É uma ação evidente, chegar ao objetivo pretendido recorrendo aos meios disponíveis. Uma ação econômica, por exemplo, expressa essa tendência e permite uma interpretação racional. Erros e afetos desviam o curso da racionalidade.  

Ação Racional com relação a Valores: Ação que visa um objetivo, mas agindo de acordo com ou a serviço de suas próprias convicções, levando em conta somente a fidelidade a certos valores que inspiram sua conduta. O sentido da ação não está no resultado ou nas consequências, mas na própria conduta. Por exemplo, não se alimentar de carne, orientado por valores éticos, religiosos, políticos e ambientais.  

Ação Irracional Afetiva: A ação é inspirada em suas emoções imediatas sem considerar os meios ou os fins a atingir. Quando a ação é orientada por suas emoções imediatas, como por exemplo, o ciúme, a raiva ou por diversas outras paixões. Esse tipo de ação pode ter resultados não pretendidos, por exemplo, magoar a quem se ama.  

Ação Tradicional: Baseia-se nos hábitos e costumes. Determinadas ações sociais se manifestam com mais frequência que outras, permitindo ao cientista perceber tendências gerais que levam os indivíduos, em dada sociedade, a agir de determinado modo. Interpretar a ação social é observar suas regularidades expressas nos usos, costumes e situações de interesse. Tal é o caso do batismo dos filhos realizado por pais pouco comprometidos com a religião.  

RELAÇÃO SOCIAL 
Ação é diferente de relação social, pois nesta o sentido precisa ser compartilhado. 
Um exemplo de relação social: Sala de aula – estabelece uma relação social onde o objetivo é compartilhado por todos os envolvidos. Relação social é então uma ação social cujo sentido é compartilhado pelas pessoas envolvidas na ação. É a conduta de várias pessoas orientada, dotada de conteúdos significativos, que descansam na probabilidade de que se agirá socialmente de certo modo. Ao envolver-se em uma relação, tem-se por referência certas expectativas da conduta do(s) outro(s). As Relações sociais estão inseridas em e reguladas por expectativas recíprocas quanto ao seu significado, são ações que incluam uma mútua referência. Weber chega à conclusão de que não existe oposição entre indivíduo e sociedade, pois quanto mais racional uma relação mais facilmente ela se traduz em normas e uma norma para se tornar concreta, primeiro se manifesta nos indivíduos como motivação.  

TIPO IDEAL 
Max Weber é um estudioso do próprio processo de pesquisa social, ele observa que ao se estudar um determinado fenômeno, o objeto de estudo, aborda-se apenas um fragmento finito da realidade. O cientista deve compreender uma individualidade sociocultural formada de componentes historicamente agrupados, nem sempre quantificáveis, a partir da análise histórica para explicar o presente e então partir deste para avaliar as perspectivas futuras. 

O que dará a validez científica a uma pesquisa é o método e os conceitos que o estudioso utiliza. Assim, é o instrumento que orienta o cientista social em sua busca de conexões causais, no caso de Weber, o TIPO IDEAL. O tipo ideal é um trabalho teórico indutivo com o objetivo de sintetizar o que é essencial na diversidade social. Permite conceituar fenômenos e formações sociais e identificar e comparar na realidade observada suas manifestações. Os diversos exemplos mantem com o tipo ideal grande semelhança e afinidade. Ele permite comparações e a percepção de semelhanças e diferenças. 

Ele é então um instrumento de análise, um modelo acentuado do que é característico ou fundante no estudo. É uma construção teórica abstrata utilizada pelo cientista ao longo do seu processo de pesquisa.   


A TAREFA DO CIENTISTA: O cientista, como todo indivíduo em ação, age guiado por seus motivos, sua cultura e suas tradições. Isto indica que o cientista parte de sua subjetividade para realizar uma pesquisa social. Como então conciliar a parcialidade, necessária à pesquisa, e a subjetividade? 

As preocupações do cientista orientam a seleção e a relação entre os elementos da realidade a ser analisada. Ao iniciar o estudo vem a busca da objetividade, a neutralidade é buscada para dificultar a defesa das crenças e das ideias pessoais e assim poder analisar o objeto de estudo a partir dos nexos causais que ele apresenta e não daquilo que o estudioso queira encontrar. Cabe ao cientista compreender, buscar os nexos causais que deem o sentido da ação social, isto é, compreender que os acontecimentos começam nos indivíduos. Ao fazer isso, o pesquisador contribui para o conhecimento não do todo social, mas de uma parte dele, pois uma teoria é sempre uma explicação parcial da realidade. Assim, um acontecimento pode ter diversas causas: econômicas, políticas, religiosas e cada uma compõe um conjunto de aspectos da realidade que se manifesta nos atos dos indivíduos. 

O que garante a cientificidade de uma explicação é o método de reflexão e os conceitos escolhidos para guiar a pesquisa, não a objetividade pura dos fatos. Sendo assim, a análise social envolve sempre qualidade, interpretação, subjetividade e compreensão.            

   
A ÉTICA PROTESTANTE E O ESPÍRITO DO CAPITALISMO 
Esse é o título de uma das principais obras de Max Weber, talvez tenha sido aquela que mais que trouxe fama e prestígio. Nela o autor buscava compreender a relação entre o protestantismo e um comportamento típico do capitalismo. Weber foi motivado pela análise de dados estatísticos que evidenciaram a grande participação de protestantes entre os homens de negócio, entre os empregados bem-sucedidos e como mão-de-obra qualificada. A partir daí procurou observar a conexão entre a doutrina e a pregação protestante e seus efeitos no comportamento dos indivíduos. 

A doutrina e as pregações mostraram a presença de valores protestantes tais como: Disciplina, poupança, austeridade, vocação, dever e propensão ao trabalho. Tais valores formaram a partir da Reforma Protestante, no século XVI, uma nova mentalidade, um ethos propício ao desenvolvimento do capitalismo.  

A ação individual de cada protestante, com o motivo relacionado a valores vai além de sua intenção: Virtude e vocação; Renúncia aos prazeres materiais. Sofre impacto diretamente no meio social ao contribuir com as bases que promoveram o desenvolvimento capitalista. Como cientista, Weber procurou estabelecer as conexões entre os motivos e os efeitos da ação no meio social. Percebeu que o Protestantismo possuía afinidade com o racionalismo econômico, enquanto o catolicismo difundia o ascetismo contemplativo, isto é, um conjunto de valores mais para a meditação do que para a ação prática.  

Esse e outros trabalhos de Max Weber situam-se na área da Sociologia da Religião e seu esforço intelectual consistiu em observar na esfera religiosa um conjunto de valores que conduziram à racionalização das condutas dos fiéis. Fenômeno fundamental para a transformação das práticas econômicas e para a constituição da estrutura das sociedades modernas.  

Weber entende que cada religião constitui uma individualidade histórica, rica e complexa. Por isso seu objetivo era compreender as consequências práticas da religiosidade para a conduta social e ao persegui-lo, notou que a religião pode fomentar o racionalismo prático e intensificar a racionalidade metódica, sistemática, do modo exterior de levar a vida.  


TIPOS DE DOMINAÇÃO 
A partir da tipologia das ações sociais Weber formulou sua análise sobre os tipos de dominação  

Conceito de Dominação: a probabilidade de encontrar obediência a uma ordem de determinado conteúdo.  Esse conceito de dominação implica em dominantes (a presença efetiva de alguém mandando) e dominados (vinculado à existência de um quadro administrativo ou de uma associação, onde os seus membros estão submetidos a relações de dominação). Nesse sentido o conceito de poder encontra-se relacionado a probabilidade de impor a própria vontade numa relação social, mesmo encontrando resistências.  

Tipos de dominação: 
Dominação legal - em virtude de estatuto, de uma regulamentação ou de normas. Ex: autoridade dos governantes, presidentes diretores e chefes nas organizações empresariais. Dentre as diversas formas que a dominação legal pode assumir seu tipo mais puro é a dominação burocrática. Dominação burocrática: aquele que emprega um quadro administrativo burocrático. Sua ideia básica é que qualquer direito pode ser criado e modificado mediante um estatuto sancionado corretamente quanto à forma.  Obs.: Nesse tipo de organização burocrática obedece-se não à pessoa, mas a regra instituída, que estabelece, tanto a quem se obedece, como em que medida obedecer. O dever de obediência está graduado hierarquicamente através de cargos, havendo subordinação dos inferiores aos superiores, dispondo de um direito de queixa regulamentado. A base de seu funcionamento é a disciplina do serviço.  

Dominação carismática - em virtude da devoção efetiva à pessoa do senhor e a seus dotes sobrenaturais (carisma) e, particularmente a faculdades mágicas, revelações ou heroísmo, poder intelectual ou de oratória. Ex: profetas, herói guerreiro e grande demagogo, Padre Cícero, Antônio Conselheiro, Getúlio Vargas. 

Dominação tradicional - em virtude da crença na santidade das ordenações e dos poderes senhoriais de há muito existentes. Ex: senhor feudal, senhor de engenho (Brasil), autoridade dos pais sobre os filhos.  

Obs. As relações de dominação são determinadas por diferentes motivações que determinam a vontade ainda que mínima de  obedecer, as motivações podem ser puramente materiais e racionais, afetivos e racionais referentes a valores ou determinados pelo costume e tradição essas motivações estão estreitamente ligados a tipologia de ações sociais. 


VISÃO GERAL: MAX WEBER 
Weber mostrou a fecundidade da análise histórica e da compreensão qualitativa dos processos históricos e sociais e apontou a especificidade das ciências humanas: o homem como um ser diferente das demais espécies e então sujeito a leis de ação e comportamentos próprios. Defendeu o indeterminismo histórico, isto é, reafirmando a não existência de leis preexistentes que regulem o desenvolvimento da sociedade ou a sucessão de tipos de organização social. Contribuiu para a consolidação da Sociologia como ciência ao compor o método compreensivo e discutir a relação entre subjetividade e objetividade do trabalho de pesquisa, posicionando-o como um dos clássicos da Sociologia e um de seus mais proeminentes representantes.   

domingo, 14 de setembro de 2014

SOCIOLOGIA / HISTÓRIA - ILUMINISMO (ILUSTRAÇÃO) E A SOCIEDADE CONTRATUAL

9° Ano: Turmas A, B, C e D (Ensino Fundamental II)
1° Ano: Turmas A, B e C (Ensino Médio)
COLÉGIO IBITURUNA

ILUMINISMO (ILUSTRAÇÃO) E SOCIEDADE CONTRATUAL


Corrente de pensamento, também chamada de Ilustração, dominante no século XVIII, especialmente na França, sua principal característica é creditar à razão a capacidade de explicar racionalmente os fenômenos naturais e sociais e a própria crença religiosa. A razão humana seria então a luz (daí o nome do movimento) capaz de esclarecer qualquer fenômeno. Representa a hegemonia intelectual da visão de mundo da burguesia européia e, assim, rejeita as tradições e ataca as injustiças, a intolerância religiosa e os privilégios típicos do Antigo Regime, abrindo caminho para a Revolução Francesa. Tem início no Renascimento, com a descoberta da razão como chave para o entendimento do mundo, e seu ponto alto no século XVIII, o Século das Luzes, difundido nos clubes, salões literários e nas lojas maçônicas. Fornece o lema principal da Revolução Francesa: "Liberdade, igualdade, fraternidade".

Contexto histórico – O Iluminismo surge em uma época de grandes transformações tecnológicas, com a invenção do tear mecânico, da máquina a vapor, entre outras. É o período que marca o fim da transição entre feudalismo e capitalismo.

Características principais – O iluminismo é deísta, isto é, acredita na presença de Deus na natureza e no homem e no seu entendimento através da razão. É anticlerical, pois nega a necessidade de intermediação da Igreja entre o homem e Deus e prega a separação entre Igreja e Estado. Afirma que as relações sociais, como os fenômenos da natureza, são reguladas por leis naturais.

Visão do homem – Para os teóricos do Iluminismo o homem é naturalmente bom e todos nascem iguais. É corrompido pela sociedade, em conseqüência das injustiças, opressão e escravidão. A solução é transformar a sociedade, garantindo a todos a liberdade de expressão e culto e fornecendo mecanismos de defesa contra o arbítrio e a prepotência.

Organização da sociedade – Deve ser norteada pelo princípio da busca da felicidade. Cabe ao governo garantir os "direitos naturais": liberdade individual, direito de posse, tolerância, igualdade perante a lei. A doutrina do liberalismo político substitui a noção de poder divino pela concepção do Estado como criação do homem e entregue ao soberano mediante um contrato, o contrato social. Como a ideia de contrato implica sua revogabilidade, abre as portas para diversas formas de governo.

VISÃO DOS ILUMINISTAS SOBRE O TRABALHO: “Um dos mandamentos do século XIX, na Europa, era o evangelho do trabalho. Para os ideólogos da classe média, o ideal do trabalho implicava autodisciplina e sentido atento do dever. Até mesmo os mais devotos ousavam modificar a palavra de Deus. As Escrituras haviam considerado o trabalho como castigo severo imposto por Deus a Adão e Eva. Mas para os ideólogos burgueses, o trabalho era prevenção contra o pecado mortal da preguiça. O evangelho do trabalho era quase exclusivamente um ideal burguês. Em geral, os nobres não lhe davam valor. O desprezo aristocrático pelo trabalho era um resquício feudal.” (Adaptado de Peter Gay, O século de Schnitzler. São Paulo: Companhia das Letras, 2002, p. 210-1, 214 e 217-8.)

Formas de governo – Alguns iluministas, como Montesquieu e Voltaire, têm como modelo a monarquia inglesa. Outros, como Rousseau, preferem uma república com fundamentos éticos.

CRÍTICA AO ABSOLUTISMO: “Essencialmente, o absolutismo era apenas isto: um aparelho de dominação feudal alargado e reforçado, destinado a fixar as massas camponesas na sua posição social tradicional (...). Por outras palavras, o Estado absolutista nunca foi um árbitro entre a aristocracia e a burguesia, ainda menos um instrumento da burguesia nascente contra a aristocracia: ele era a nova carapaça política de uma nobreza atemorizada (...).” ANDERSON, Perry, Linhagens do Estado Absolutista. Trad. Porto: Afrontamento, 1984, pp. 16-17.

Precursores dos iluministas – Os principais são René Descartes (1596-1650), matemático e filósofo francês, defensor do método lógico e racional para construir o pensamento científico; e Isaac Newton (1642-1727), cientista inglês, descobridor de várias leis físicas, entre elas a lei da gravidade. Para Newton, a função da ciência é descobrir leis universais e enunciá-las de forma precisa e racional.

Filósofos do Iluminismo – Os principais são John Locke (1632-1704); Voltaire, pseudônimo de François-Marie Arouet (1694-1778); Jean-Jacques Rousseau (1712-1778); Montesquieu, como é conhecido o escritor francês Charles Louis de Secondat, barão de La Brède e de Montesquieu (1689-1755); e Denis Diderot (1713-1784).

John Locke é considerado o "pai do Iluminismo". Representa o individualismo liberal contra o absolutismo monárquico. Para Locke, o homem, ao nascer, não possui qualquer idéia e sua mente é como uma tábula rasa. O conhecimento, em decorrência, é adquirido por meio dos sentidos, base do empirismo, e processado pela razão.

Voltaire critica violentamente a Igreja e a intolerância religiosa e é o símbolo da liberdade de pensamento. Defende uma monarquia que garanta as liberdades individuais, sob o comando de um soberano esclarecido.

Rousseau propõe um Estado governado de acordo com a vontade geral do povo e capaz de oferecer igualdade jurídica a todos os cidadãos. Precursor das idéias socialistas, ao contestar a propriedade privada, e do romantismo, ao afirmar o primado dos sentimentos sobre a razão. Em sua obra mais conhecida, O contrato social, defende um Estado voltado para o bem comum e a vontade geral, estabelecido em bases democráticas. No Discurso sobre a origem da desigualdade entre os homens (1755), outra de suas obras, realça os valores da vida natural e critica o mundo civilizado. Para Rousseau o homem nasce bom e sem vícios – o bom selvagem – mas depois é pervertido pela sociedade civilizada. Defende a pequena burguesia e inspira os ideais da Revolução Francesa. No livro Emílio apresenta seu projeto educacional para manter o homem bom.

Montesquieu prega a separação dos poderes do Estado em Legislativo, Executivo e Judiciário, como forma de proteger as garantias individuais. Diderot, ao lado do físico e filósofo Jean Le Rond d'Alembert (1717-1783), organiza uma enciclopédia que pretende reunir o conhecimento científico e filosófico da época. Por essa razão os iluministas também são conhecidos como "enciclopedistas". Sua publicação sofre violenta campanha contrária da Igreja e de grupos políticos afinados com o clero. Entre 1751 e 1772 são publicados 17 volumes de texto e 11 de pranchas de ilustração. É de inspiração racionalista e materialista, propõe a imediata separação da Igreja do Estado e combate às superstições e às diversas manifestações do pensamento mágico, entre elas as instituições religiosas. Sofre intervenção da censura e condenação papal, mas acaba por exercer grande influência no mundo intelectual e inspira os líderes da Revolução Francesa.

Teorias econômicas – Aplicado à vida social e política, o Iluminismo produz duas correntes de pensamento, a fisiocracia e o liberalismo econômico. Os Fisiocratas são contrários à intervenção do Estado na vida econômica.

Liberalismo econômico – Seu principal inspirador é o economista escocês Adam Smith, considerado o pai da economia política, autor de O ensaio sobre a riqueza das nações, ataca a política mercantilista por ser baseada na intervenção estatal e sustenta a necessidade de uma economia dirigida pelo jogo livre da oferta e da procura de mercado, o laissez-faire. Para Adam Smith, a verdadeira riqueza das nações está no trabalho, que deve ser dirigido pela livre iniciativa dos empreendedores. O liberalismo econômico recebe, posteriormente, a colaboração do sociólogo e economista inglês Thomas Robert Malthus e do economista inglês David Ricardo.

Nos séculos XVII e XVIII, entretanto, a burguesia avança na concepção de uma forma de pensar própria, capaz de transformar o conhecimento não só numa exaltação da vida e dos feitos de seus heróis, mas também num processo que frutificasse em termos de utilidade prática. Afinal, o desenvolvimento industrial se anunciava em toda sua potencialidade; os empreendimentos, quando bem dirigidos, prometiam lucros miraculosos. Portanto, era preciso preparar a sociedade para receber os resultados desse trabalho. Os próprios sábios deveriam se interessar em desenvolver conhecimentos de aplicação prática. A sociedade apresentava necessidades urgentes ao desenvolvimento científico.

Fonte: 
www.meusestudos.com

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

SOCIOLOGIA - RELIGIOSIDADE E SINCRETISMO NO BRASIL

3° ANO: Turmas A e B (Ensino Médio)
Ibituruna TOP (Pré-Vestibular)
COLÉGIO IBITURUNA

CATOLICISMO
Do descobrimento à Proclamação da República, o catolicismo foi a religião oficial do Brasil, devido a um acordo de Direito de Padroado firmado entre o Papa e a Coroa Portuguesa. Neste tipo de acordo, todas as terras que os portugueses conquistassem deveriam ser catequizadas, mas tanto as Igrejas quanto os religiosos se submeteriam à Coroa Portuguesa em termos de autoridade, administração e gerência financeira. 

Com a Proclamação da República, foi declarada a independência do Estado em relação à Igreja, e foi instituída a liberdade de culto, sendo o Brasil declarado um Estado laico, isto é, isento de vínculos religiosos. 

O catolicismo no Brasil colonial foi implantado pelos jesuítas durante o período colonial e depois por outras Ordens Religiosas que assumiram o serviço das paróquias, dioceses, institutos educacionais e hospitais. Em 1750, graves conflitos entre os colonos e padres levaram o Marquês de Pombal a expulsar os jesuítas do Brasil, pois eles resistiam em permitir que os índios fossem escravizados.

Sob muitos aspectos, o catolicismo no Brasil foi pioneiro: 
* Em 1952 criou-se a CNBB (Confederação Nacional dos Bispos do Brasil), idealizada por Dom Helder Câmara, a primeira agremiação episcopal do mundo com a finalidade de coordenar a ação da Igreja como um todo no território nacional.


Basílica de Nossa Senhora Aparecida - Aparecida do Norte-SP

* De 1960 a 1980, o Movimento de Teologia da Libertação, formado por religiosos e leigos que interpretavam o evangelho sob um ponto de vista social, fundou as CEB (Comunidades Eclesiais de Base), idealizadas pelo Cardeal Arcebispo do Rio de Janeiro Dom Eugênio Sales. Estas comunidades participaram ativamente da vida política e reformas sociais do Brasil, sofreram duramente nos anos de repressão.



De 1980 a 2000, o Movimento de Renovação Carismática Católica
originado nos EUA e apoiado pelo Papa João Paulo II, cresceu e se difundiu, levando à romanização e centralização da coordenação da Igreja Católica. Práticas antigas, foram retomadas, como a Reza do Terço, a devoção Mariana e os cultos carregados de música e emoção. O Movimento de Renovação Carismática valoriza a ação do Espírito Santo, aproximando-se da visão das Igrejas Neopentecostais evangélicas, e atraiu a juventude para os cultos e grupos de oração, tendo como figura mais evidente o Padre Marcelo Rossi, religioso paulistano que se tornou um fenômeno de mídia. 


PROTESTANTISMO
Nos séculos XIX e XX chegaram ao Brasil, através de imigrantes europeus, as Igrejas Protestantes Históricas, descendentes da Reforma Protestante do século XVI. Desta forma os Luteranos, Metodistas, Presbiterianos, Batistas, Anglicanos e Congrega- cionalistas se incorporaram à população brasileira, na região Nordeste trazidos pelos ingleses, por volta de 1835, e na Região Sul trazidos pelos alemães e europeus em geral (1824).

Nas outras regiões do país, as Igrejas Protestantes chegaram mais por força do intensivo trabalho missionário desenvolvido do que através de imigração.

De acordo com dados de 2000, 3% do total da população brasileira pertencem a uma destas Igrejas, e este número tem se mantido estável nos últimos anos.

Dentre estas Igrejas, conhecidas como protestantes históricas estão: Igreja Batista, Presbiteriana, Metodista, Luterana e Anglicana.

Mais recentemente, o Movimento Pentecostal, iniciado nos Estados Unidos tomou força no Brasil, trazendo novos conceitos dentro do protestantismo e rompendo com normas rígidas de conduta impostas pelas Igrejas históricas. O Pentecostalismo Clássico de 1910 a 1950 trouxe a fundação da Congregação Cristã do Brasil(1910) e da Assembléia de Deus (1911). De 1950 a 1970, missionários norte-americanos criaram a Cruzada Nacional de Evangelização, atuando através do rádio, e foram fundadas a Igreja do Evangelho Quadrangular (1953), do Brasil para Cristo e Deus é Amor (1962), e a Casa da Benção (1964).

Movimento Pentecostal: nascido nos Estados Unidos em 1901, a corrente Pentecostal trouxe certas mudanças ao protestantismo; a principal delas, a crença no fato de que o Espírito Santo continua a se manifestar nos dias de hoje. (A Festa de Pentecostes marca o dia em que Espírito Santo se manifestou, e é descrita na Bíblia em Atos 2). Desta crença se originam as práticas de cura, profecia e exorcismos, entre outras.

Movimento Neopentecostal: teve início nos anos 70, e trouxe inovações, como o uso da mídia eletrônica e a administração empresarial das igrejas. Entre elas estão a Igreja Universal do Reino de Deus (1977), a Igreja Internacional da Graça de Deus(1980), a Comunidade Evangélica Sara Nossa Terra (1976) e a Igreja Renascer em Cristo (1986).

No total, as igrejas Pentecostais e Neopentecostais contam com um número crescente de fiéis.


ESPIRITISMO
O Espiritismo não pode ser definido somente como religião, nem somente como filosofia. A doutrina que admite o princípio de reencarnação e manifestações dos espíritos dos mortos entre os vivos, embora fundamentada firmemente na doutrina e orações da Igreja Católica, não tem liturgia complicada, restrições, rituais de adoração, sacerdotes ou Igrejas, apresentando aos praticantes simplesmente um conjunto de princípios para tornar o homem um ser mais evoluído e tolerante e, principalmente, responsável pelos seus atos. Incorporando temas como a Lei de Retorno (ou karma), as práticas mediúnicas de contato com espíritos desencarnados e um amplo trabalho de assistência social, o Espiritismo se adapta de tal forma à espiritualidade e misticismo dos brasileiros que o Brasil é considerado o maior país espírita do mundo, com cerca de 8 milhões de adeptos no ano 2000, e mais de 9.000 centros.

As primeiras manifestações de espíritos, oficialmente registradas no Brasil, ocorreram em 1845, no Distrito de Mata de São João. Baseado nos trabalhos de Allan Kardec, (de onde provém o nome “kardecismo” amplamente usado no Brasil), o Espiritismo chegou ao Brasil, como prática, em 1865, quando Luiz Olímpio Teles de Menezes fundou em Salvador o Grupo Familiar de Espiritismo, que, a partir de Julho de 1869, iniciou a publicação da revista espírita Eco de Além Túmulo.

Em 1876, foi fundada no Rio de Janeiro a Sociedade de Estudos Espíritas Deus, Cristo e Caridade; em 1877, foram fundados a Congregação Anjo Ismael, o Grupo Espírita Caridade e o Grupo Espírita Fraternidade. No ano de 1883, começou a ser publicado “ O Reformador” , um periódico espírita fundado por Augusto Elias da Silva, que no ano de 1884 fundou também a Federação Espírita Brasileira. A Livraria da Federação, criada em 1897, é responsável pela edição, distribuição e divulgação da vasta literatura espírita.

Nomes de importância mundial no espiritismo vieram do Brasil, como o Dr. Adolfo Bezerra de Menezes Cavalcante, presidente da Federação que, a partir de 1900, passou a ser, no Mundo Espiritual, o Apóstolo do Espiritismo Brasileiro, e médiuns famosos como Francisco Cândido Xavier, José Pedro de Freitas (Zé Arigó), e atualmente Divaldo Pereira Franco. Embora durante muitos anos as práticas Espíritas dependessem exclusivamente da intercessão de Médiuns, existe uma corrente de estudos que avalia manifestações de espíritos ocorridas através de aparelhos eletrônicos de áudio e vídeo, conhecida como Transcomunicação.


CANDOMBLÉ E UMBANDA
Religiões africanas e sincretismo religioso

Quem trouxe o candomblé para o Brasil foram os negros que vieram como escravos da África. Entre eles se destacavam dois grupos: os bantos (que vinham de regiões como o Congo, Angola e Moçambique) e os sudaneses, que vinham da Nigéria e do Benin (e que são os iorubas, ou nagôs, e os jejes).

Porém, a religião oficial no Brasil era o catolicismo, trazido pelos brancos, de origem portuguesa. O candomblé - culto africano que se tornou afro-brasileiro - era encarado como bruxaria. Por isso era proibido e sua prática reprimida pelas autoridades policiais. Assim, os negros passaram a cultuar suas divindades e seguir seus costumes religiosos secretamente. Para disfarçar, identificavam seus deuses com os santos da religião católica. Por exemplo, quando rezavam em sua língua para Santa Bárbara, estavam cultuando Iansã. Quando se dirigiam a Nossa Senhora da Conceição, estavam falando com Iemanjá. Esse processo foi chamado de sincretismo religioso.

Candomblé: O candomblé tem rituais realizados ao ritmo de atabaques e cantos em idioma ioruba ou nagô, que variam conforme o orixá que está sendo cultuado. As cerimônias do candomblé são realizadas nos "terreiros" - que hoje são casas ou templos, mas expressam no nome suas origens: era em clareiras na mata que os escravos podiam expressar sua religiosidade. Os ritos são dirigidos por um pai de santo (que tem o nome africano de babalorixá) ou uma mãe de santo (ialorixá). Também são feitas oferendas e consultas espirituais através do jogo de búzios (um tipo de concha do mar que é usada como um oráculo para orientar e fazer previsões). Atualmente, os terreiros de candomblé mais próximo a suas origens estão na Bahia.

Com o tempo, essa religião africana praticada no Brasil foi adquirindo características próprias. O candomblé de caboclo, por exemplo, é um ritual que incorpora elementos da cultura caipira e dos índios.

Umbanda: No início do século 20, algumas décadas depois da abolição da escravatura no Brasil, originou-se na cidade de Niterói, no Rio de Janeiro, um culto afro-brasileiro muito importante: a umbanda. Ela incorpora práticas do candomblé, do catolicismo e do espiritismo. É um culto mais brasileiro, mais simples e mais popular, até porque seu idioma é o português e não as línguas ou dialetos africanos. Mas a umbanda também sofreu perseguições. Muitos terreiros foram invadidos pela polícia e os rituais foram proibidos.

No entanto, com a Proclamação da República, a Igreja e o Estado se separaram. A partir daí, tornou-se um contra-senso a polícia discriminar uma religião. Além disso, com o movimento modernista e a valorização da cultura popular, as religiões afro-brasileiras tornaram-se objeto de interesse e estudo de intelectuais que saíram em sua defesa.

Desse modo, a umbanda deixou de ser perseguida e foi conquistando muitos seguidores. Para a umbanda, o universo está povoado de entidades espirituais que são chamadas guias e se comunicam através de uma pessoa iniciada, o médium. As guias se apresentam como pomba-gira, caboclo ou preto-velho. O caboclo é a representação do índio brasileiro e o preto-velho representa o negro no cativeiro. Existem muitas diferenças na maneira como a religião é praticada nos diversos templos e terreiros de umbanda e nas diversas regiões do Brasil.


JUDAÍSMO
Com os colonizadores portugueses vieram cristãos novos, judeus convertidos ao cristianismo, batizados contra a vontade para fugir da Inquisição. Possivelmente, o primeiro que pisou solo brasileiro foi Gaspar de Lemos, intérprete de Pedro Álvares Cabral, em 1500. Outro cristão novo, Fernando de Noronha, que descobriu a ilha com seu nome, chegou ao Brasil em 1503. 

Embora em 1567 a imigração de conversos tenha sido proibida, muitos cristãos novos continuavam a chegar clandestinamente, fugindo da Inquisição Portuguesa, que inclusive chegou a fixar um escritório em Recife para julgar cristãos novos que ainda mantivessem ritos judaicos. 

As invasões holandesas trouxeram cerca de 1000 judeus e breves períodos de liberalização da religião, tendo em 1630 sido fundadas 2 sinagogas em Recife pelo rabino Issac Aboab da Fonseca, mas com a reconquista pelos portugueses os judeus assumidos foram obrigados a deixar o país.

A opressão aos convertidos só se encerrou em 1773, quando o Marquês de Pombal aboliu a distinção entre cristãos novos e velhos cristãos, mas a situação melhorou na verdade quando a família real veio para o Brasil, pois o tratado de comércio com os ingleses exigia que não se fizesse nenhum tipo de perseguição a estrangeiros por questões de consciência. 

Em 1812, o primeiro grupo de judeus Sefaradim (ou sefarditas) se estabeleceu na Amazônia, e, em 1828, foi fundada a sinagoga Shaar ha-Shamayim (Portal do Céu). A partir de 1850, vários grupos de judeus chegaram ao Brasil e se espalharam por todo o território, sendo que no início do século XX começaram a chegar grupos de judeus Ashkenazim (ou asquenazitas) provenientes da Europa e que, por familiaridade lingüística e cultural, se dirigiram em maior número para a região Sul do país.

Nas décadas de 30 e 40, uma vigorosa corrente de imigrantes fugidos da perseguição nazista chegou ao Brasil, e no ano de 1966 foi fundada a primeira Yeshivah brasileira, um tipo de seminário destinado à formação de rabinos. 

Estima-se, atualmente, em cerca de 250.000 o número de judeus no Brasil, concentrados em São Paulo, Rio de Janeiro, Belém, Recife, Salvador e Rio Grande do Sul.


ISLAMISMO
Hoje, no Brasil, há cerca de 1 milhão de muçulmanos, distribuídos principalmente em são Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Curitiba, Rio Grande do Sul e Foz do Iguaçu. Existem no território nacional cerca de 100 mesquitas, 5 na cidade de São Paulo, sendo que a principal delas, a Mesquita Brasil, foi a primeira a ser construída no Brasil, em 1929. 

A grande maioria da população muçulmana do Brasil descende de imigrantes Libaneses, Sírios, Palestinos e de outros países árabes, mas houve na história brasileira uma população islâmica particularmente ativa, que não deixou descendentes, mas criou um capítulo à parte na história do país: "A Revolta dos Malês".


Fonte: 

http://www.brazilsite.com.br/

www.uol.com.br