domingo, 9 de agosto de 2015

SOCIOLOGIA DA RELIGIÃO

SOCIOLOGIA 

3° Ano - Turmas A e B (Ensino Médio)
IBITURUNA TOP (Pré-Vestibular)

SOCIOLOGIA DA RELIGIÃO

Independentemente do tipo de comunicação, os símbolos têm outras modalidades de influência sobre a vida social, principalmente porque servem para concretizar, tornar visuais e palpáveis realidades abstratas, mentais ou morais, da sociedade.

O simbolismo religioso tem como fim ligar o homem a uma ordem supranatural ou sobrenatural. Mas pode sustentar-se que o simbolismo religioso não deixa de ser profundamente social. O simbolismo religioso alimenta-se do contexto social, que exprime realidades sociais, que tem alcance e consequências sociais. Assim, serve para distinguir os fiéis dos não fiéis, o clero dos fiéis, os lugares sagrados dos lugares profanos, os objetos puros dos impuros, etc.

Configura desse modo a própria textura da sociedade, para construir hierarquias. Seja pelo vestuário, por ritos, sacramentos, sinais invisíveis, a religião é rica em símbolos que dividem para melhor reunir (Rocher, 1989).

A própria vida religiosa é quase, universalmente, uma prática social, em que a solidariedade mística tem um papel central, detendo grande diversidade de símbolos para se exteriorizar e desenvolver. Por exemplo, a constituição de comunidades humanas geograficamente identificáveis que são ao mesmo tempo comunidades espirituais; as cerimônias que apelam à participação dos assistentes, como as oferendas, comunhões físicas; outras cerimônias como os ritos de iniciação, as cerimônias do casamento, os ritos fúnebres, etc.

Se a religião é dotada de símbolos diversos, é porque faz referência a um universo invisível, inacessível diretamente, devendo portanto seguir a vida simbólica para manterem o homem em contacto com esse universo. Ora, a sociedade apresenta as mesmas características: transcende cada pessoa, requer a solidariedade de comunidades vastas, complexas ou mesmo dificilmente perceptíveis, obriga a relação entre grupos, coletividade e massas, etc. A sociedade e a sua complexa organização, não poderiam existir e perpetuar-se, tal como a religião, sem o contributo multiforme do simbolismo, tanto pela participação ou identificação que ele favorece como pela comunicação de que é instrumento (Rocher, 1989).

Pode-se dizer, então, que os símbolos servem para ligar os autores sociais entre si, por intermédio dos diversos meios de comunicação que põem ao seu serviço; servem igualmente para ligar os modelos aos valores, de que são a expressão mais concreta e mais diretamente observável; por último, os símbolos recriam incessantemente a participação e a identificação das pessoas e dos grupos às coletividade e estabelecem constantemente as solidariedades necessárias à vida social. Por intermédio dos símbolos, o universo ideal de valores passa para a realidade, torna-se, simultaneamente, visibilidade e crença social.

MAX WEBER E A RELIGIÃO
Weber concentrou a sua atenção nas religiões ditas mundiais, aquelas que atraíram um grande número de crentes e que afetaram, em grande medida, o curso global da história. Teve em atenção à relação entre a religião e as mudanças sociais, acreditava que os movimentos inspirados na religião podiam produzir grandes transformações sociais, dando o exemplo do Protestantismo.

Para Weber, as concepções religiosas eram cruciais e originárias das sociedades humanas, pois o homem, como tal, sempre esteve à procura de sentido e de significado para a sua existência; não simplesmente de ajustamento emocional, mas de segurança cognitiva ao enfrentar problemas de sofrimento e morte (Ó Dea, 1969). Procura-se na religião signos de transcendência e de esperança. Assim, Weber estava preocupado em destacar a integração racional dos sistemas religiosos mundiais e não apenas o calvinista (objeto especial dos seus estudos), como resposta aos problemas básicos da condição humana: “contingência, impotência e escassez”.

Weber mostra que as religiões, ao criar respostas a tais problemas – respostas que se tornam parte da cultura estabelecida e das estruturas institucionais de uma sociedade –, influem de maneira mais íntima nas atitudes práticas dos homens com relação às várias atividades da vida diária (Ó Dea, 1969). Com isto, Weber considerava que, ao problema humano do sentido e significação existencial, a religião, de maneira eficaz, oferecia uma resposta final. Por conseguinte, como já afirmamos, ela torna-se, pela forma institucional que assume, um fato causal na determinação da ação. No caso específico do protestantismo, a sua força é vista como indispensável (mas não a única) para o surgimento do fenômeno da modernidade ocidental, com seus valores inerentes de individualismo, liberdade, democracia, progresso, entre outros.

Portanto, segundo a teoria de Weber, religião é uma das fontes causadoras de mudanças sociais. Para ele, o processo de racionalização religiosa ou de “desencantamento do mundo” culminou no calvinismo do século XVII e em muitos outros movimentos, chamados por ele de “seitas”. Desse momento em diante, procurou-se assegurar a salvação (temporal e eterna) não por meio de ritos, ou por uma fuga mística do mundo ou por uma ascética transcendente, mas acreditando-se no mundo pelo trabalho, pela profissão, pela inserção.

Portanto, segundo Weber, o capitalismo é definido pela existência de empresas cujo objetivo é produzir o maior lucro possível e cujo meio é a organização racional do trabalho e da produção. É a união do desejo de lucro e da disciplina racional que constitui historicamente o traço singular do capitalismo ocidental. Weber quis demonstrar que a conduta dos homens nas diversas sociedades só pode ser compreendida dentro do quadro da concepção geral que esses homens têm da existência.

Os dogmas religiosos e sua interpretação são partes integrantes dessa visão do mundo; é preciso entendê-los para compreender a conduta dos indivíduos e dos grupos, nomeadamente o seu comportamento econômico. Por outro lado, Weber quis provar que as concepções religiosas são, efetivamente, um determinante da conduta econômica e, em consequência, uma das causas das transformações econômicas das sociedades (Aron, 1999). Dessa forma, o capitalismo estaria motivado e animado por uma visão de mundo específica de um tipo de protestantismo que na sua ação social favoreceu a formação do regime capitalista.


A PERSPECTIVA DE ÉMILE DURKHEIM
Durkheim é um autor que estudou a religião em sociedades pequenas, considerando a religião como uma “coisa social” (Ó Dea, 1969).

Para o autor, na questão religiosa há uma preocupação básica que é a diferença entre sagrado e profano. Durkheim é bem explícito ao afirmar que: “o sagrado e o profano foram sempre e por toda a parte concebidos pelo espírito humano como gêneros separados, como dois mundos entre os quais nada há em comum (…) uma vez que a noção de sagrado é no pensamento dos homens, sempre e por toda a parte separada da noção do profano (…) mas o aspecto característico do fenômeno religioso é o fato de que ele pressupõe uma divisão e bipartida do universo conhecido e conhecível em dois gêneros que compreendem tudo o que existe, mas que se excluem radicalmente. As coisas sagradas são aquelas que os interditos protegem e isolam; as coisas profanas, aquelas às quais esses interditos se aplicam e que devem permanecer a distancia das primeiras.” Ou seja, para Durkheim, há uma natural superioridade do sagrado em relação ao profano (Durkheim, 1990).

É possível constatar que a participação na ordem sagrada, como o caso dos rituais ou cerimônias, dão um prestígio social especial, ilustrando uma das funções sociais da religião, que pode ser definida como um sistema unificado de crenças e de práticas relativas às coisas sagradas. Estas unificam o povo numa comunidade moral (igreja), um compartilhar coletivo de crenças, que por sua vez, é essencial ao desenvolvimento da religião. Dessa forma, o ritual pode ser considerado um mecanismo para reforçar a integração social. Durkheim conclui que a função substancial da religião é a criação, o reforço e manutenção da solidariedade social. Enquanto persistir a sociedade, persistirá a religião (Timasheff, 1971).

O CONCEITO DE RELIGIÃO EM KARL MARX
Para Karl Marx religião é alienação. É uma forma de iludir a mente do homem, mostrando-lhe as venturas celestes para encobrir a miséria e a opressão, que é a realidade humana.

O conceito de religião em Marx é a alienação. Esta alienação deve ser esclarecida “a partir da situação histórico-social concreta.” Para Marx a alienação não é o fundamento da religião, mas o resultado. E esta alienação esta na condição social e econômica das classes menos favorecidas que são exploradas pelas classes dominantes, ricas. Marx acredita que se essas barreiras de classes sociais e econômicas forem destruídas, automaticamente a religião também o será. Pois para ele a religião é subproduto de classe. Para Marx “são as estruturas econômicas que geram a falsa consciência, que é a religião.”

Marx diz que a “religião apenas oferece a libertação espiritual do homem, a libertação imaginária e ilusória.” É desta maneira que a religião age como “calmante” como o “ópio do povo”. Segundo ele a “religião hipnotiza os homens com a falsa superação da miséria e assim destrói sua força de revolta”.

Segundo Marx, na alienação religiosa, “o homem projeta para fora de si, de maneira vã e inútil, seu ser essencial e perde-se na ilusão de um mundo transcendente. Para ele a religião nada mais é que a projeção do ser do homem num mundo ilusório. Insiste que a religião nasce da convivência social e política perturbada dos homens.”

Por isso, segundo Marx, para libertar o proletariado e a humanidade da miséria, é preciso destruir o mundo que gera a religião. Marx conclui que “sendo a religião o reflexo espiritual da miséria real do homem numa sociedade opressora, a superação da religião não se dará só pela critica intelectual. A luta contra a religião tem seu aroma espiritual. É a imagem falsa do mundo. A critica do céu torna-se a critica da terra. Para eliminar a alienação religiosa é preciso eliminar todas as condições de miséria que a originam.” Ao transformar a infra-estruturara socioeconômica e política, o homem não precisará nem da religião e nem de Deus.

Fonte: http://sociologiareligiao.blogspot.com.br/