domingo, 28 de junho de 2015

SOCIOLOGIA / ATUALIDADES: MÍDIA - OS 50 ANOS DA TV GLOBO

SOCIOLOGIA / ATUALIDADES:

3° ano - Turmas A e B (Ensino Médio)
2° ano - Turmas A e B (Ensino Médio)
IBITURUNA TOP (Pré-Vestibular)

MÍDIA: OS 50 ANOS DA TV GLOBO


Comunicação: Rede Globo, sinônimo de televisão no Brasil?

No Brasil, a televisão ainda se mantém como o meio mais presente no dia a dia dos brasileiros. Aqui, a mídia televisiva é o meio de comunicação que tem maior repercussão e alcance entre a população. Apesar de recentes dados sobre queda na audiência, uma pesquisa realizada pela Secom (Secretaria de Comunicação visual da Presidência da República), em 2010, apontou que 94,2% da população brasileira utiliza a televisão como fonte principal de informação e entretenimento.

Trajetória e cultura de massa: Era Getúlio Vargas. Durante os anos 1930 o rádio foi o mais importante veículo de integração nacional e o Estado começou a se preocupar com uma gestação de identidade nacional. No início dos anos 1950, o jornalista Roberto Marinho, então dono de um jornal e uma rádio, percebeu que a TV surgia como o novo advento de comunicação de massa e decidiu apostar no setor.

Em 1957, o presidente Juscelino Kubitschek (1902-1976) aprovou a concessão pública de um canal para a Rede Globo, que seria inaugurado em 1965. Os primeiros anos foram difíceis para o canal que amargava baixas audiências, mas no final da década, com as mudanças na programação e produção, o canal começou a ganhar terreno e a ter receitas com publicidade. Logo ela se tornaria o principal veículo para os anunciantes.

Identidade e integração nacional: Durante a ditadura militar (1964-1985), a TV superou o poder de comunicação do rádio e apoiou o regime para evitar problemas políticos. O apoio editorial à ditadura foi confirmado em um editorial do jornal O Globo em 31 de agosto de 2013, após as manifestações de junho do mesmo ano. "Já há muitos anos, em discussões internas, as Organizações Globo reconhecem que, à luz da História, esse apoio foi um erro", diz o texto.

Enquanto isso, o governo militar expandia seu projeto de integração nacional, buscando unir o país com megaprojetos como a estrada Transamazônica e a instalação de um sistema nacional de torres de televisão. Em 1965, estreia a primeira telenovela da Globo “Ilusões Perdidas”. A partir de 1969, a emissora começa a transmissão via satélite, um marco tecnológico para a época. A inovação chega a todo o país e permite que brasileiros assistam programas ao vivo, como os jogos de futebol.

No mesmo ano estreia o “Jornal Nacional”, que influenciaria a vida política brasileira. Primeiro, por integrar todo o país sendo o primeiro jornal transmitido para todo o território nacional. Segundo, com uma ampla audiência, torna-se o principal veículo de informação da vida política do país.

Quando a programação da Globo passou a ser nacional, muitos brasileiros começaram a ter referências em comum. O alcance da emissora ajudou a formar a cultura de massa no Brasil, com a população compartilhando costumes, gostos, preferências, bordões e comportamentos vistos nos programas e, principalmente, nas novelas da emissora. De alguma forma, todo o país estava conectado por um canal, todos os dias, nos mesmos horários.

Inovações: Outra inovação trazida pela emissora, cujo formato foi muito influenciado pela TV norte-americana, foram os anúncios publicitários. Logo no início, as inserções comerciais eram feitas ao longo do dia nos intervalos dos programas. Ou seja, o formato que hoje se vê em todos os canais brasileiros.

A dramaturgia foi outro elemento de destaque na trajetória da Rede Globo. O brasileiro já escutava novelas pelas rádios e a emissora foi pioneira em transportar o gênero para a TV. A empresa fortaleceu a indústria criativa do país e também criou o Projac, maior conjunto de estúdios televisivos das Américas, inaugurado em 1995.

Combinando seu alcance nacional e uma capacidade técnica e tecnológica avançada e relação às outras redes, a emissora ajudou a construir, através de suas novelas, uma identidade brasileira que era transmitida dentro e, mais tarde, fora do Brasil, passando a ditar tendências de comportamento, moda e outros.

Polêmicas: Desde a sua fundação, a Rede Globo tem um longo histórico de protagonismo, mas também acumula controvérsias na forma como fez negócios e relatou (ou omitiu) fatos em seus telejornais. Entre as polêmicas, temos o caso da fundação da emissora, feita em sociedade com uma empresa norte-americana, a Time-Life, o que era proibido pela Constituição; o suposto apoio ao regime militar e a influência em eleições presidenciais, como ocorreu em 1989, na edição jornalística do debate entre os candidatos Fernando Collor de Mello e Lula, que culminou na vitória do primeiro.

Críticos de comunicação sempre apontaram o excesso de poder que a Globo teria para influenciar a opinião pública. O jornalista Roberto Marinho chegou a ser considerado um dos homens mais poderosos do país e era amigo de presidentes, como Tancredo Neves (1910-1985), que chegou a consultar o empresário para nomear o ministro das Comunicações. O indicado de Marinho foi Antonio Carlos Magalhães (1927-2007). Após a morte de Tancredo, José Sarney assumiu o cargo e manteve a indicação de ACM.

Outra acusação é de que o Grupo Globo apoiava a ditadura militar. O jornal “O Globo”, por exemplo, chegou a fazer um editorial apoiando o golpe que depôs o governo do presidente João Goulart. E na época da campanha das Diretas Já, em 1984 e 1985, o canal fez uma cobertura limitada das manifestações no país porque temia que uma cobertura ampla acirrasse o clima político.

A manipulação da informação para omitir as jornadas das Diretas Já incluía cobrir um comício em São Paulo (SP) no dia 25 de janeiro de 1984 e apresentá-lo como se ele fosse parte do aniversário da cidade. Este ano, o canal reconheceu publicamente esses erros.

Movimentos sociais como o coletivo Intervozes criticam a concentração econômica em um único canal e consideram a Rede Globo como o símbolo de um monopólio no setor. Mais recentemente, a emissora foi citada num caso de sonegação fiscal. O conglomerado de comunicação é suspeito de ter sonegado o Imposto de Renda ao usar um paraíso fiscal para comprar os direitos de transmissão da Copa do Mundo FIFA de 2002. No entanto, o processo desapareceu da Receita Federal. Em 2013 uma funcionária do órgão foi condenada pelo sumiço do documento.

No mesmo ano, a emissora confirmou ter pagado uma multa de R$ 274 milhões à Receita Federal, em 2006. Em nota, a assessoria da emissora declarou que "todos os procedimentos de aquisição de direitos de transmissão da Copa do Mundo de 2002 pela TV Globo deram-se de acordo com as legislações aplicáveis, segundo nosso entendimento. Houve entendimento diferente por parte do Fisco. Este entendimento é passível de discussão, como permite a lei, mas a empresa acabou optando pelo pagamento".

O poder da TV: Como meio de comunicação, o teórico Jesús Martín-Barbero escreve que "a televisão terminou por se constituir ator decisivo das mudanças políticas, protagonista das novas maneiras de fazer política". Nesse sentido, televisão e poder se misturam. 

Para o filósofo Norberto Bobbio, o poder -- "a capacidade de um sujeito influir, condicionar e determinar o comportamento de outro individuo"--, é a finalidade última da política e ele se constrói através do poder econômico, político e ideológico. Este último é exercido com o uso da palavra e da transmissão de símbolos, ideias e visão de mundo, ou seja, através dos meios de comunicação e da indústria cultural.

No caso da TV, o papel mais importante que ela cumpre como mídia decorre da possibilidade de construir a realidade por meio da representação que faz nos seus telejornais, da própria política e dos políticos, e nos programas de entretenimento e telenovelas, da realidade e dia a dia do país. Não à toa, esse poder da mídia gerou a expressão "quarto poder", criada no final do século 19.

No Brasil, embora siga líder de audiência e ainda enfrente protestos contra a sua programação e o viés jornalístico, a emissora tem pela frente o desafio de se adaptar a novas tecnologias, como a TV digital, e plataformas de conteúdo, e acima de disso, se antecipar para repetir o feito no passado: ser a TV do futuro. 

segunda-feira, 8 de junho de 2015

SOCIOLOGIA / ATUALIDADES: ESQUERDA E DIREITA

SOCIOLOGIA / ATUALIDADES

3° Ano - Turmas A e B (Ensino Médio)
IBITURUNA TOP (Pré-Vestibular)

POLÍTICA: 
O QUE É SER ESQUERDA, DIREITA, LIBERAL E CONSERVADOR?

Nas eleições presidenciais e estaduais de 2014, o Brasil assistiu a uma onda de discursos agressivos, especialmente nas redes sociais, que se dividiam em dois lados: os de esquerda e os de direita, associadas pela maioria aos partidos PT e PSDB, respectivamente.

Definir um posicionamento político apenas pelo viés partidário pode ser uma armadilha repleta de estereótipos, já que essa divisão binária não reflete a complexidade e contradições da sociedade. O fato é que não existe um consenso quanto a uma definição comum e única de esquerda e direita. Existem “várias esquerdas e direitas”. Isso porque esses conceitos são associados a uma ampla gama de pensamentos políticos. 

Origem dos termos: As ideologias “esquerda” e “direita” foram criadas durante as assembleias francesas do século 18. Nessa época, a burguesia procurava, com o apoio da população mais pobre, diminuir os poderes da nobreza e do clero. Era a primeira fase da Revolução Francesa (1789-1799). 

Com a Assembleia Nacional Constituinte montada para criar a nova Constituição, as camadas mais ricas não gostaram da participação das mais pobres, e preferiram não se misturar, sentando separadas, do lado direito. Por isso, o lado esquerdo foi associado à luta pelos direitos dos trabalhadores, e o direito ao conservadorismo e à elite. Dentro dessa visão, ser de esquerda presumiria lutar pelos direitos dos trabalhadores e da população mais pobre, a promoção do bem estar coletivo e da participação popular dos movimentos sociais e minorias. Já a direita representaria uma visão mais conservadora, ligada a um comportamento tradicional, que busca manter o poder da elite e promover o bem estar individual. 

Para o filósofo político Noberto Bobbio , embora os dois lados realizem reformas, uma diferença seria que a esquerda busca promover a justiça social enquanto a direita trabalha pela liberdade individual. 

Após a queda do Muro de Berlim (1989): Com o fim da polarização EUA x URSS, um novo cenário político se abriu. Por isso, hoje, as palavras ‘esquerda’ e ‘direita’ parecem não dar conta da diversidade política do século 21. Isso não quer dizer que a divisão não faça sentido, apenas que ‘esquerda’ e ‘direita’ não são palavras que designam conteúdos fixados de uma vez para sempre. Podem designar diversos conteúdos conforme os tempos e situações.

"Esquerda e direita indicam programas contrapostos com relação a diversos problemas cuja solução pertence habitualmente à ação política, contrastes não só de ideias, mas também de interesses e de valorações a respeito da direção a ser seguida pela sociedade, contrastes que existem em toda a sociedade e que não vejo como possam simplesmente desaparecer. Pode-se naturalmente replicar que os contrastes existem, mas não são mais do tempo em que nasceu a distinção", escreve Bobbio no livro "Direita e Esquerda - Razões e Significados de uma Distinção Política".

No Brasil, essa divisão se fortaleceu no período da Ditadura Militar, onde quem apoiou o golpe dos militares era considerado da direita, e quem defendia o regime socialista, de esquerda. 

Hoje: Com o tempo, outras divisões apareceram dentro de cada uma dessas ideologias. Os partidos de direita abrangem conservadores, democratas-cristãos, liberais e nacionalistas, e ainda o nazismo e fascismo na chamada extrema direita. Na esquerda, temos os social-democratas, progressistas, socialistas democráticos e ambientalistas. Na extrema-esquerda temos movimentos simultaneamente igualitários e autoritários.

Há ainda posição de "centro". Esse pensamento consegue defender o capitalismo sem deixar de se preocupar com o lado social. Em teoria, a política de centro prega mais tolerância e equilíbrio na sociedade. No entanto, ela pode estar mais alinhada com a política de esquerda ou de direita. A origem desse termo vem da Roma Antiga, que o descreve na frase: "In mediun itos" (a virtude está no meio). A política de centro também pode ser chamada de "terceira via", que idealmente se apresenta não como uma forma de compromisso entre esquerda e direita, mas como uma superação simultânea de uma e de outra.

Essas classificações estariam divididas no que podemos chamar de uma “régua” ideológica:
EXTREMA-ESQUERDA | ESQUERDA | CENTRO-ESQUERDA 
| CENTRO
| CENTRO-DIREITA | DIREITA | EXTREMA-DIREITA
Para os brasileiros a diferença entre as ideologias não parece tão clara. Em 2014, durante as eleições, a agência Hello Research fez um levantamento em 70 cidades das cinco regiões do Brasil perguntando como os brasileiros se identificavam ideologicamente. Dos 1000 entrevistados, 41% não souberam dizer se eram ideologicamente de direita, esquerda ou centro.

A porcentagem dos que se declaram de direita e esquerda foi a mesma: 9%. Em seguida vem centro-direita (4%), centro-esquerda e extrema-esquerda, ambas com 3%, e extrema-direita (2%). Quando a pergunta foi sobre a tendência ideológica de sete partidos (DEM, PT, PSDB, PSB, PMDB, PV, PDT, Psol, PSTU), mais de 50% não souberam responder.

Em determinados momentos da história, ambas as ideologias assumiram posturas radicais e, nessa posição, tiveram efeitos e atitudes muito parecidas, como a interferência direta do Estado na vida da população, uso de violência e censura para contra opositores e a manutenção de um mesmo governo ou liderança no poder. 

Ao longo do século 20, parte do pensamento de esquerda foi associada a bases ideológicas como: marxismo, socialismo, anarquismo, desenvolvimentismo e nacionalismo anti-imperialista (que se opõe ao imperialismo). 

O mesmo período viu florescer Estados de ideologias totalitárias como: nazismo (1933-1945), fascismo (1922-1943), franquismo (1939-1975) e salazarismo (1926-1974), que muitas vezes se apropriaram de discursos da esquerda e da direita. 

Visão sobre a economia: Os de esquerda pregam uma economia mais justa e solidária, com maior distribuição de renda. Os de direita seriam associados ao liberalismo, doutrina que na economia pode indicar os que procuram manter a livre iniciativa de mercado e os direitos à propriedade particular. Algumas interpretações defendem a total não intervenção do governo na economia, a redução de impostos sobre empresas, a extinção da regulamentação governamental, entre outros. Em regimes não-democráticos, a direita é associada a um controle total do Estado. 

O termo neoliberalismo surgiu a partir dos anos 1980, associados aos governos de Ronald Reagan e Margareth Thatcher, que devido à crise econômica do petróleo, privatizaram muitas empresas públicas e cortaram gastos sociais para atingir um equilíbrio fiscal. Era o fim do chamado Estado de Bem-Estar Social e o começo do Estado Mínimo, com gastos enxutos. 

O liberalismo não significa necessariamente conservadorismo moral. Na raiz, o adjetivo liberal é associado à pessoa que tem ideias e uma atitude aberta ou tolerante, que pode incluir a defensa de liberdades civis e direitos humanos. Já o conservador seria aquele com um pensamento tradicional. Na política, o conservadorismo busca manter o sistema político existente, que seria oposto ao progressismo. 

Direita e esquerda também têm a ver com questões morais: Avanços na legislação em direitos civis e temas como aborto, casamento gay e legalização das drogas são vistas como bandeiras da esquerda. A direita assume a defesa da família tradicional. Nos Estados Unidos, muitos eleitores se identificam com a chamada direita cristã, que defendem a interferência da religião no Estado.

No entanto, vale destacar que hoje muitos membros de partidos tidos como centro-direita defendem tais bandeiras da esquerda, exceto nos partidos de extrema-direita (como podemos observar na Europa), que são associados ao patriotismo, com discurso forte contra a imigração (xenofobia). 

Fonte: http://vestibular.uol.com.br/resumo-das-disciplinas/atualidades/politica-o-que-e-ser-esquerda-direita-liberal-e-conservador.htm